Narrativa de Amor
Amigo faz-me lembrar da narrativa bíblica do Cristo ressurreto se encontrando com Pedro, depois deste tê-lo negado três vezes. A pergunta no encontro foi: Pedro, você me ama? Perceba, não houve um pingo de acusação ou rancor. Talvez curas e confissões (leia a passagem na íntegra!).
Em muitas traduções do grego o termo amor não está como Agapē (amor divino), mas como Philēo (amor de amigo). Neste caso específico, e apenas a partir destes originais, digo, Jesus não queria saber se Pedro o amava como Deus, e sim como um amigo. O Cristo místico deseja que tenhamos uma relação de amigo com ele. Que lembremo-nos uns dos outros também no mais alto grau da transparente amizade. Isso excede todo o entendimento.
Um dos nossos grandes e importantes desafios na narrativa da vida é discernir o momento de colocar a vírgula ou o ponto final em personagens e situações da nossa história.
Deixar uma pessoa por quem ainda temos admiração sem a fraqueza de ter que diminuí-la com narrativas enviesadas apenas para proteger a vaidade de nosso ego é uma das lições mais duras que um homem pode aprender nesta vida.
Sem ti perco minha narrativa, até as cores perdem a vivacidade... .
Meu ponto de equilíbrio começa nas notas de masculinidade que tua barba exala..
Eu sinto teu cheiro a quilômetros de distância, e mesmo de olhos fechados eu saberia quem tu és somente ao tocar tua pele..
O meu fascínio vem da sensação de que te pertenço, nunca me senti de ninguém, nunca quis ser de alguém como quero ser tua...
O tempo passa rápido na sua cruel eternidade chamada rotina, nas minhas concepções de saudade a ardência que sinto é a certeza do sentimento mais genuíno...
Quando digo da maneira mais mascarada que te amo, é porque quero gritar aos quatro cantos da terra que é você quem me faz a mulher mais feliz do mundo, não faz sentindo guardar nada dentro de mim, e então quero explodir!
Quando não digo que te amo, é porque tá doendo esse amor, tá doendo a saudade ou estou morrendo do veneno mais perigoso.
Quando não sinto saudade é porque que te sinto perto, te sinto meu... Por algum motivo eu estou consolada, e já não dói tanto assim...
Mas quando ela bate
Haa, saudade !
Ela me espanca
Me devasta
Me afasta de mim
Por querer estar perto de ti.
E minhas crônicas sem tantas delongas se fazem o fim...
Moisés e o Limite da Autoria: Entre a Lei Divina e a Lei Humana.
A narrativa mosaica, envolta em reverência e mistério, é um dos pilares da tradição religiosa do Ocidente. Contudo, o capítulo final do Deuteronômio (34), ao descrever a morte e o sepultamento de Moisés, levanta uma questão lógica e incontornável: como poderia o próprio Moisés ter narrado o seu falecimento e o destino do seu corpo, se a morte é a fronteira que separa a ação do homem no mundo dos vivos?
A impossibilidade física e racional dessa autoria direta conduz à compreensão de que a redação final do Pentateuco não pertenceu exclusivamente a Moisés. Tal conclusão, amparada tanto pela crítica textual quanto pela observação teológica, não diminui a grandeza de sua missão, mas a humaniza e a esclarece sob nova luz. A tradição judaica já reconhecia, desde tempos remotos, que Josué, sucessor de Moisés, teria completado o relato, talvez inspirado por revelações espirituais ou pelo dever histórico de perpetuar o testemunho do libertador hebreu.
O Espiritismo, ao abordar essa questão, não nega a autoridade moral de Moisés, mas distingue com discernimento doutrinário o que pertence à lei divina e o que pertence à lei humana. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questão 621, afirma que “a lei de Deus está escrita na consciência”, mostrando que a essência divina da moral transcende os códigos e as letras, sendo anterior a qualquer mandamento esculpido em pedra.
Moisés, portanto, foi o instrumento de revelação parcial dessa lei eterna, adequando-a a um povo rude, recém-liberto da escravidão e carente de disciplina. Por isso, muitas leis humanas de caráter punitivo, tribal ou cerimonial foram atribuídas a Deus como forma de impor autoridade e conter a desordem. Assim, as prescrições severas de sua época, que regulavam desde a alimentação até as punições corporais, não expressavam a pureza da lei divina, mas uma necessidade pedagógica, conforme o grau de entendimento daquele povo primitivo.
No Espiritismo, compreende-se que a Lei Divina é imutável, enquanto a lei humana é transitória e adaptável às condições morais de cada tempo. Moisés foi o legislador que, sob a inspiração superior, trouxe a humanidade da barbárie para a justiça. Jesus, séculos depois, veio transformar a justiça em amor.
Assim, quando se lê o Deuteronômio 34 e se percebe que Moisés não poderia descrever sua própria morte, não se atenta apenas a um detalhe textual, mas a um símbolo espiritual: a obra do homem termina no deserto, mas a obra de Deus continua na Terra Prometida.
Moisés cumpriu a parte que lhe cabia a da lei e da disciplina. Coube a outros, inspirados, registrar a sua partida e preparar o caminho para o advento da revelação mais pura: a do Cristo.
“A lei mosaica era apropriada ao tempo e ao grau de adiantamento dos homens a quem era destinada.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 2 — Allan Kardec)
Assim, a impossibilidade de Moisés narrar sua própria morte não é uma falha do texto sagrado, mas um indício da ação coletiva da Providência, que se manifesta por instrumentos sucessivos, até que a humanidade compreenda plenamente que a lei divina não se escreve apenas em livros, mas no íntimo da alma imortal.
Narrativa Inspirada no Conto Sufi.
Fragmentos do Infinito.
Conta um antigo conto da tradição sufi, atribuído a diversas escolas do Oriente Médio, que a Verdade em sua pureza integral desceu à Terra e os homens não puderam contemplá-la em sua totalidade. Para que não se perdesse por completo, Deus partiu a Verdade como se fosse um espelho, e lançou seus estilhaços ao mundo.
Desde então, cada ser humano carrega em si um pequeno fragmento desse espelho divino, refletindo uma porção da Verdade, mas jamais o seu todo. Aqueles que tentam impor seu pedaço como sendo a totalidade do espelho, sem reconhecer os fragmentos que os outros portam, caem na ilusão do orgulho e da cegueira espiritual.
É estranho começar a falar de mim em uma narrativa em que eu sou o centro, mas que quase não apareço. Ficarei encostada, no canto, cruzando os dedos para que as palavras escorreguem mais devagar, que possam aparecer somente em seu tempo certo. Evitar pequenas fugas de idéias é prioridade, não se pode adiantar o fim, assim como não se pode adiantar a morte. Opa! Viu aí? Já falei demais…
Comentário do Evangelho
Lucas e Mateus, começando seus evangelhos com a narrativa do nascimento de Jesus na cidade de Belém, vinculada à memória de Davi, têm a intenção de atribuir a Jesus uma origem davídica. Nos evangelhos de Marcos e de João não há referências ao nascimento em Belém. Lucas destaca as condições de despojamento e pobreza neste nascimento. Enquanto Mateus narra a visita dos magos do oriente trazendo ricos presentes, Lucas narra a visita dos humildes pastores em vigília dos rebanhos de seus patrões. Lucas é o evangelista dos pobres amados por Deus. Em um mundo marcado pelas injustiças dos poderosos, o povo oprimido vislumbra a libertação e a vida plena
Tramas e mais tramas dentro de uma narrativa é um baita enchimento de linguiça. É o que eu via em novelas e series. É legal enrolar e manter o leitor. Mas lê ou ver tanta embromação é uma chatice. Depois de ter aprendido tanto sobre narrativa.
Acredito no poder curativo e iluminador da narrativa, e acho que há algo a ser procurado ao olhar para o mal, tentando entendê-lo, imaginando se talvez sejamos todos um pouco responsáveis. Algo humano deveria ser estranho para nós? Essa pergunta é aterradora e bonita.
NARRATIVA DE UM BOÊMIO
A noite, com seu sorriso cintilante de estrelas, me recebeu dizendo:
- Achegue-se!... Sente-se!... Toque e cante até o sol raiar...!
"Acho q no fundo a gente gosta das pessoas, mas acho q gosta também da narrativa da gente q aparece quando a gente vivencia as relações."
Parece que saímos de um predomínio da narrativa linear para uma caleidoscópica, aleatória, sem compromisso com inicio, meio e fim.
Romance: narrativa de uma história que não aconteceu, poderia ter acontecido, não acontecerá e que, se for bem contada, será interpretada como mais acontecida do que muito acontecimento.
O livro da vida é uma narrativa complexa, repleta de capítulos inesperados, trajetórias sinuosas e reviravoltas emocionantes. Às vezes, sentimos que estamos perdidos em meio a uma trama confusa, sem saber qual será o desfecho dessa história. Mas confie, Deus jamais nos abandonará, e sempre estará pronto para escrever um final repleto de esperança, redenção e amor. Basta confiarmos Nele e permitirmos que Ele seja o autor da nossa vida, guiando-nos para o desfecho mais belo que podemos imaginar.
- Edna Andrade
A narrativa muda, as histórias mudam, mas a ignorância persiste enquanto não houver reflexão e consciência própria.
"Ao patologizar o indivíduo, o sistema cria uma narrativa que o autoprotege: o defeito está na pessoa, não na estrutura."
A memória não guarda fatos, mas cicatrizes; cada lembrança é uma ferida reorganizada em narrativa, e quanto mais a repetimos, mais nos afastamos da verdade e mais nos aproximamos do mito íntimo que nos sustenta.
