Nao Tente Adivinhar o que

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Falar com você de novo, faz meu coração perceber que eu não superei o que eu achava que tinha superado.

Convém ao homem não lançar anzol com isca ao mar
se ele não estiver disposto a pescar.

Beber faz mal, por que você não para?
- Meu avô viveu 92 anos.
- Bebendo?
- Não, sem se intrometer na vida dos outros.

Suponho que este tipo de sensibilidade, uma que não só se comove como por assim dizer pensa sem ser com a cabeça, suponho que seja um dom.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Sensibilidade inteligente.

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"Eu ja disse, mas vou repetir:
Não se represa um rio,
Não se engana a natureza,
Faça a represa o que quiser,
Pois o rio cedo ou tarde vai arranjar um jeito de rasgar a terra,
Abrir um caminho,
E voltar a correr em seu leito de origem"

Tu não tens poder sobre o tempo que vive, nem sobre a hora de tua morte. Tu só tens poder sobre o que tu podes viver exatamente agora.

Não seu escravo de ninguém, ninguém é senhor de meus domínios.

Tudo deve ser apresentado da maneira mais simples possível, porém não mais simples do que isso.

Um Homem não é grande pelo que empreende, mas pelo o que executa.

Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca (...)

Eu ainda não sei controlar meu ódio mas já sei que meu ódio é um amor irrealizado, meu ódio, é uma vida ainda nunca vivida. Pois vivi tudo – menos a vida. E é isso o que não perdoo em mim, e como não suporto não me perdoar, então não perdoo aos outros. A este ponto cheguei: como não consegui a vida, quero matá-la. A minha cólera – que é ela senão reivindicação? – a minha cólera, eu sei, eu tenho que saber neste minuto raro de escolha, a minha cólera é o reverso de meu amor; se eu quiser escolher finalmente me entregar sem orgulho à doçura do mundo, então chamarei minha ira de amor.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Uma ira.

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Não dá para viver sem um truque. Eu me declarei morto. É uma sensação tranquila essa da gente se saber morto. Clandestino morto. Insuspeitado morto. Na tripulação do mundo já não me sinto comprometido com nada, mas continuo como testemunha do espetáculo. Não mais como cúmplice e nem vítima. Este é o meu truque.

Não é nenhuma novidade que dinheiro, viagens, status, beleza e outras coisinhas mundanas são sonhos de consumo de muita gente, mas não dão sentido à vida de ninguém. A única coisa que justifica nossa existência são as relações que a gente constrói. Só os afetos é que compensam a gente percorrer uma vida inteira sem saber de onde viemos e para onde vamos. Diante da pergunta enigmática - por que estamos aqui? - só nos consola uma resposta: para dar e receber abraços, apoio, cumplicidade, para nos reconhecermos um no outro, para repartir nossas angústias, sonhos, delírios. Para amar, resumindo.”

Não procuro a perfeição em ninguém, nem em mim.

Quero beber. Quero esquecer a vida. A vida é uma invenção hedionda não sei de quem. Parte-se o pescoço a viver. A vida é uma armação prestes a vir abaixo.

Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligente dependia da instabilidade dos outros.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Miopia regressiva.

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Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse.

Clarice Lispector
Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.

Nota: Trecho do conto Perdoando Deus.

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Não se preocupe comigo. Eu sou muito feliz.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta escrita a Tania Kaufmann, em 1 de setembro de 1945.

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Não basta falar de mim. Tem que inventar ainda.

Confesso a vocês que não vi o tempo correr. Por mais longa que nos pareça, a existência na Terra é uma experiência muito curta. A única coisa que espero depois da minha desencarnação é a possibilidade de poder continuar trabalhando.