Nao sou uma Pessoa que Espera a Elogiar

O progresso do homem não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas perguntas não têm significado.

A felicidade não é uma estação onde chegamos, mas uma maneira de viajar.

Um livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que ficou distante da janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem.

Uma alma que se sabe amada, mas que por sua vez não ama, denuncia o seu fundo: vem à superfície o que nela há de mais baixo.

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

O problema de resistir a uma tentação é que você pode não ter uma segunda oportunidade.

O que viveu mais não é aquele que viveu até uma idade avançada, mas aquele que mais sentiu na vida.

Não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa.

O ser refutável não é o menor dos encantos de uma teoria.

Dois homens não podem passar meia hora juntos sem que um conquiste uma evidente superioridade em relação ao outro.

O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.

Não se aproxime de uma cabra pela frente, de um cavalo por trás ou de um idiota por qualquer dos lados.

Decididamente não compreendo por que é mais glorioso bombardear de projéteis uma cidade do que assassinar alguém a machadadas.

Um ancião é uma grande árvore que, já não tendo nem frutos nem folhas, ainda está presa à terra.

Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular.

Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.

Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só.

O egoísmo não é amor por nós próprios, mas uma desvairada paixão por nós próprios.

Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste Carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas.

Sacrifício não significa nem amputação nem penitência. (...) Ele é uma oferta de nós próprios ao Ser a que recorremos.