Nao Importa o que eu Diga

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Está fazendo um dia lindo de outono. A praia estava cheia de um vento bom, de uma liberdade. E eu estava só. E naqueles momentos não precisava de ninguém. Preciso aprender a não precisar de ninguém. É difícil, porque preciso repartir com alguém o que sinto. O mar estava calmo. Eu também. Mas à espreita, em suspeita. Como se essa calma não pudesse durar. Algo está sempre por acontecer. O imprevisto me fascina.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Ao correr da máquina.

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Alta Tensão

eu gosto dos venenos mais lentos
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar.

Bruna Lombardi
O perigo do dragão. Rio de Janeiro: Editora Record. 1984

Quando eu vi você tive uma idéia brilhante. Foi como se eu olhasse de dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante.

Paulo Leminski

Nota: Trecho de poema de Paulo Leminski

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar. Hoje eu sei que isso tem nome: Auto-estima.

Kim e Alison McMillen

Nota: Trecho adaptado do livro "Quando me amei de verdade", de Kim e Alison McMillen. Link

Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.

Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim.

Fernanda Mello

Nota: Trecho de pensamento de Fernanda Mello, que costuma ser erroneamente atribuído a Clarice Lispector.

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Se o mundo fosse um trem; se a vida fosse uma passagem, se Deus existisse e eu me encontrasse com Ele, eu devolveria o bilhete.

Eu acordo toda manhã. Abro os olhos e penso: lá vamos nós de novo.

De Tanto Amor

Ah! Eu vim aqui amor só para me despedir
E as últimas palavras desse nosso amor, você vai ter que ouvir
Me perdi de tanto amor, ah, eu enlouqueci
Ninguém podia amar assim e eu amei
E devo confessar, aí foi que eu errei
Vou te olhar mais uma vez, na hora de dizer adeus
Vou chorar mais uma vez quando olhar nos olhos seus, nos olhos seus
A saudade vai chegar e por favor meu bem
Me deixe pelo menos só te ver passar
Eu nada vou dizer perdoa se eu chorar.

Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...

Álvaro de Campos
PESSOA, F. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática. 1944 (imp. 1993). p. 49

E como um anjo caído,
Eu fiz questão de esquecer,
Que mentir para si mesmo é sempre a pior mentira.
Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo.

Eu sou o antes, eu sou o quase, eu sou o nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

- Quando eu uso uma palavra - disse Humpty Dumpty num tom escarninho - ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique ... nem mais nem menos.
- A questão - ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
- A questão - replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso.

Alice no país das maravilhas Lewis Carroll
CARROLL, L., Alice no País das Maravilhas, 1865

Eu quero beijos intermináveis, carinho na nuca, abraço aconchegante, sorrisos sem porquês, eu te amo inesperado, beijos na testa, mãos dadas, dedos entrelaçados, corpos colados, suspiros sem perceber… Eu quero apenas um amor para ser feliz, sorrir de verdade com um motivo.

Eu me orgulho de todas as minhas lembranças ingênuas, mas tenho consciência de que foi a minha fragilidade cansada que me transformou numa pessoa irônica.

Na verdade eu nem sei explicar direito o efeito, só sei que eu viajava bastante nas músicas e nos pensamentos...

Eu nunca me esqueço de um rosto, mas, no seu caso, ficarei feliz em abrir uma exceção.

Alguém me perguntou se eu conhecia você. Um milhão de memórias passaram pela minha mente e eu sussurrei: não mais...

Aí teve aquela cena também, de quando eu fui te dar tchau.
(…) E você olhou e me perguntou: "Não to esquecendo nada?" E eu quis gritar: "Tá, tá esquecendo de mim."
E você depois perguntou: "Não tem nada meu aí?" E eu quis gritar: "Tem, tem eu. Eu sempre fui sua."