Nao Gosto do que Vejo

O homem honrado não morre nunca.

O direito não é nada além do mínimo ético.

Há enganos tão bem elaborados que seria estupidez não ser enganado por eles.

Não é forte quem derruba os outros; forte é quem domina a sua ira.

Não há progresso se este não surgir através das dúvidas.

Um crítico é alguém que conhece a estrada mas não sabe conduzir.

As mulheres bonitas não sabem envelhecer, os artistas não sabem sair de cena quando é tempo: ambos estão errados.

Não é verdade que o sofrimento enobreça o espírito; por vezes a felicidade fá-lo, e o sofrimento a maior parte das vezes torna os homens mesquinhos e vingativos.

A maioria das mulheres quase não têm princípios: conduzem-se pelo coração e, quanto aos seus costumes, dependem daqueles a quem amam.

O homem não é só o inato mas também o adquirido.

Não morre aquele que pela virtude perece.

A vasta noite
não é agora outra coisa
se não fragrância.

Não posso acreditar que Deus nos colocou nessa terra para sermos ordinários.

A razão, sem a memória, não teria materiais com que exercer a sua atividade.

Não falar para o seu século é falar com surdos.

Se ofenderes o teu vizinho, é melhor não o fazeres pela metade.

Não existe defeito que, com o tempo, numa sociedade corrupta, não se torne um mérito, nem vício que a convenção não consiga elevar à virtude.

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

O exagero é sempre a exageração de algo que não o é.

Não há livro tão mau que não tenha algo de bom.