Nao Consigo te Odiar

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CRIANÇA RESTANTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Que a criança restante do tempo que passa
não empate o caminho da maturidade;
permaneça no sonho, mas não na pirraça
e não perca o princípio da sinceridade...

A criança que resta queira bem a idade,
sem querer construir uma eterna trapaça,
distorcer os conceitos de felicidade
como quem ri de tudo, porque tudo é graça...

Seja mesmo feliz, a criança que resta,
considere de fato que viver é festa,
mas que a música pode reciclar seu tom...

Terá sempre seu canto a criança restante;
somos vinho que vai do suave ao rascante
com a mesma missão de ser um vinho bom...

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SOCIEDADE - NOVELA - SOCIEDADE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Cheguei à conclusão de que não posso exigir que a arte pare no tempo, sob pena de se tornar fútil; superficial; sem qualquer compromisso com as realidades contemporâneas. A dramaturgia, por exemplo, quando não se propõe a exibir histórias de épocas passadas ou de cunho estritamente religioso, tende a se tornar alienada, fora de propósito e contexto, caso exceda nos véus. A menos que haja intenção dos autores, por questões de humor, fantasia ou romance atemporal.

Como não dá para enfiar computadores, smartphones, armas nucleares e comportamentos ultramodernos em histórias de séculos, quiçá milênios passados, também não dá para fazer o oposto nas histórias de nosso tempo. Afinal, a arte existe em razão da sociedade; não a sociedade em razão da arte.

Excetuando os casos de fanatismo artístico, em que a falta de compromisso com crianças, adolescentes e outros vulneráveis interfere perniciosamente no processo natural e gradativo de formação ou assimilação, não acho nada imoral. Nem contradidático. Nem escandaloso. Na arte, no entretenimento nem na lida interpessoal e consensual. É só uma questão de achar ou não por bem consumir, e de querer ou não, de forma explícita, inequívoca e decidida, interagir com o outro. Tudo com discernimento próprio; não de acordo com regras, prismas ou imposições de que ou quem quer que seja.

É claro que havemos de repudiar qualquer manifestação artística e de outras naturezas, se houver clara imposição ou incitação ao ódio; ao preconceito; à exclusão; ao crime. Mas confesso que o que tenho visto é que a mídia, em especial a dramaturgia na maioria das vezes tem feito, com ou sem eficiência e sucesso, é exatamente pregar a compreensão, a tolerância, o respeito e os novos olhares sobre as diferenças cada vez mais evidentes. Com vícios, distorções e falhas, mas cabe às famílias aplicar seus filtros, propor as devidas reflexões, assessorar seus vulneráveis para o entendimento viável do que assiste. Ou proibir a audiência, pelo reconhecimento da incapacidade de assessorar.

O que nenhuma pessoa, família, grei, organização ou grupo tem o direito de fazer é decidir o que os outros podem ou não podem, com base nas suas proibições internas, por moralismo; fanatismo; ideologia; crença; imposição de cultura ou tradição.

Que se denuncie o que fere a lei; o que é crime ou contravenção. Mas ninguém se julgue apto a reger a sociedade; a exigir que todos vivam dentro de seus moldes ou virem suas ovelhas compulsórias. Voltando à dramaturgia, chegamos ao tempo em que, por falso moralismo e ditadura de fé, como se já não bastassem os preconceitos religioso, de gênero e até racial, temos que conviver com o preconceito a depender dos programas que apreciamos, a emissora de rádio ou televisão que preferimos, o jornal que lemos, os sites que acessamos e até as músicas de nossa expressa preferência.

Na contramão do que muito cidadão tem feito, se um dia me acudisse a ideia de mover um processo judicial de natureza pública, baseado em influências de comportamentos, eu preferiria processar a sociedade, da qual faço parte, pelas más influências que ela, sim, tem levado às telenovelas. Repito que a arte existe em razão da sociedade; não a sociedade em razão da arte.

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GRANDE ATOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não
existe
a
tua
ção
que
substi
tua
a
tua
a
tua
ção.

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QUEM ME AME

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Já não quero seu eco
me devolvendo a seco
o que me soa infame...
Não quero mais alguém
que me ame também...
desejo quem me ame.

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RIMARIA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A ondinha na poça
não é maré;
calango não é filhote
de jacaré.
Sanguessuga também gosta,
mas não é bicho de pé,
nem é porque sou pobre
que sou ralé.
O cheiro do tênis sujo
não é sempre chulé;
jamais confunda um adeus
com um até;
um pirulito comprido
com picolé.
O café da manhã
às vezes não tem café,
e não é sempre que o antes
tem que ser pré
ou a pessoa inocente
ser mané.
Muita música baiana
não é axé;
às vezes retroceder
não é marcha a ré;
existe muito carinho
sem cafuné.
Poema nem sempre rima
se o autor não quer,
não confunda qualquer um
com um qualquer,
pois tanta coisa parece
mas não é.
Às vezes fica difícil
pra quem bate o pé;
acreditar de teimoso
não é fé.

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JOGO DA VERDADE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Ser quem sou custa caro; dou meu jeito
para não pendurar as minhas contas;
não expor um defeito em mil parcelas
nem dever o favor de algum afeto...
Quem não quer, não me queira mesmo assim,
nesta minha versão mal acabada;
neste copo de gim entregue ao léu;
nas camadas do quanto me disponho...
Seja lá como for, só sou quem sou,
numa justa e seleta pronta entrega
que não pede fiado para ser...
Pago à vista, me dano mundo afora,
pois viver é meu jogo da verdade;
meu agora não deixo pra depois...

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VERSO PRETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

O que busco é não ter esta busca sem fim,
pra poder descansar, como tantos têm medo;
pode ser que me perca bem dentro de mim,
numa sombra sem sombra de qualquer enredo...

Busco mesmo é não ter - que ter - que ter segredo;
tantos nãos até quando só diria sim,
como fuga da sombra que me aponta o dedo;
feito pedra de aposta cravada no rim...

Minha vida sem rima de fazer soneto
já se perde nas noites do meu verso preto
e me chama pro vácuo, feito mãe saudosa...

Quero a noite sem lua, de quem não quer nada,
sem demônio nem anjo; sem ogro nem fada;
ser imune aos espinhos; abrir mão da rosa...

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CULINÁRIA AFETIVA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A felicidade
não tem verdade
nem receita padrão.
Cada um tempera,
cozinha, frita,
grelha ou assa
do seu jeito
inteiramente seu,
sua massa
de ser feliz.

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SABOR DE SABER

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Educar não precisa ser solene
feito missas rezadas em latim,
fim do mundo esperado em contrição
por cordeiros em filas indianas...
Estudar é pra vida; não pra morte;
para um mundo melhor; não pra batalhas;
pra ter norte, não pra ter labirinto;
pra vencer desafios; não pessoas...
Uma escola não tem que ser um templo,
um exemplo não tem que ser severo
nem o mundo precisa ser cruel...
Pode ser meio circo, meio pão,
ilusão que seduz a realidade
de quem sabe achar sabor no saber...

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PEDIDO AOS MEUS VERSOS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Se os meus poemas puderem,
não tiverem compromisso
com alguns plagiadores;
algumas cartas de amor;
um editor satisfeito
sem ter direito a pagar...
Ou se não for triste caso
de já cansados de si,
de mim, do meu coração
e da minha compulsão
de compô-los toda hora,
pularem fora das pautas...
Não custa nada os meus versos,
os meus poemas de tudo,
perversos, de amor, de vida,
sinceros, sonsos e tristes,
alegres, duros, sensíveis,
fazerem este favor...
Se os meus poemas puderem,
quiserem, lhes der vontade,
já peço desde o momento,
que me abandonem à sorte
segundos depois da morte,
mas vão ao sepultamento...

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PAIXÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Meu coração bate forte;
paixão é mesmo atrevida;
mas não reclamo da sorte,
pois apanhar é da vida.

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AFETOS PRÓPRIOS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Para crer ou não em alguém, com vistas a também gostar ou não, acumule critérios inteiramente seus. Observações essencialmente suas, ainda que depois de alertado por pessoas idôneas e queridas, cujos alertas por si só não são suficientes.
Critérios alheios não lhe pertencem. Observações - e até vivências - dos outros podem estar eivadas de uma parcialidade compreensivelmente humana, que há de comprometer o bom senso, a lucidez e a justiça.
Não escolha em quem apostar - ou investir -, fundamentado em afetos de afetos pessoais. Isso tem todas as possibilidades de ser injusto, preconceituoso e cruel.

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MISSÃO EM MIM

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não tem abracadabra pro meu ostracismo,
quando surge a saudade que persisto em ter,
porque cismo em cavar o meu poço mais fundo;
ir mais fundo e perder o caminho de volta...
Falta chave pra porta que fecho por dentro,
se me calo pra tudo que acontece à margem,
pois a minha viagem no centro do eu
não tem pressa do mundo que abandono aqui...
Quem me quer pra me amar ou abater de vez,
desta vez arme o bote ligeiro e seguro
e me cobre com juros por lhe dar trabalho...
Pode ser que na próxima missão em mim
eu me cale no fim do começo de tudo;
fique lá na saudade que não sei de quê...

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VERDADES OPOSTAS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

De repente não sei despir meus olhos
dos teus olhos, teu riso, tua estampa,
tudo acampa no bosque da saudade
que brotou em meus campos afetivos...
Tua voz acompanha meu silêncio
e me faz esquecer os sons externos,
meus eternos motivos de sonhar
se renderam à tua novidade...
Não há pressa em saber se já te amo,
pode ser um sussurro de carência
ou daquelas paixões de meninice...
Mas a minha verdade não é tua;
minha lua não cabe no teu mar;
o que sinto é só meu, de mais ninguém...

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TRANSFORMADOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Ser feliz não me livra de certas tristezas;
não há como viver sem que a dor nos provoque;
nossa luz tem seus curtos e seus apagões,
energia dá choque por ser energia...
Encontrei equilíbrio no transformador
instalado em minh´alma desde que não sei;
meus espinhos têm flor como a flor tem espinhos;
essa lei dá seu tom em qualquer caminhada...
Apagar é da vida e terei minha hora,
mas agora não penso em desligar meus sonhos;
não me deixo cortar nem reclamo do preço...
Reativo as tomadas de querer seguir
e replugo esperanças toda vez que o mundo
faz um raio cair sobre minhas certezas...

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A NAVE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Minha mala está feita, não sei quando vou,
mas a lida está leve; sem tanto a fazer,
só me dar ao prazer de sentir essa brisa
de além-mar, além-chão, além sonhos daqui...
Já deixei de querer o que a vida requer,
desejar o que o mundo promete aos meus olhos,
quero ver a passagem da estrela cadente
que anuncia e desenha o caminho a seguir...
Deixo a mala em seu canto e desfruto das horas;
o que tenho a fazer é deixar que se faça
e tomar uma taça de bebida extra...
Minha nave projeta sinais evidentes;
minhas unhas e os dentes desgarram do chão;
não há pressa nem praça, mas estou aqui...

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PLÁGIO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Hoje olho meu rosto e fico bem;
meu espelho não diz pra tomar jeito;
tenho vícios, defeitos e manias,
mas nos moldes de minha humanidade...
Sobretudo, já sei me perdoar;
sei pedir o perdão que não detenho,
revoar, conhecer o meu deserto
e colher uma flor entre as escarpas...
Aprendi a me ver em mais alguém;
a.medir os meus erros ou deslizes,
evitar as reprises que magoam...
Quem me dera chegar a tal estágio,
sou apenas um plágio do que sonho,
me componho, me forjo, tento ser...

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EVOLUÇÃO TARDIA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Preciso nascer de novo. Não literária, mas literalmente. Quanto mais desbravo meu passado, mais descubro afetos reprimidos, frustrados ou que nem deixei nascer. Abortei-os com o destempero, a revolta cega e ácida contra o mundo, muitas vezes a injustiça, o complexo e a frieza naqueles tempos que o mais remoto futuro não há de recompor, para me regenerar. Foram muitos os erros. Atropelos demais, para que uma simples borracha ideológica tenha o poder de apagar.
Por menos pior que me revele agora, sei que o estigma é poderoso. Aprendi a amar quando já semeara o desamor. Fiquei mais humano, quando se convencionara minha natureza robótica. Mais mole, quando a fama de minha dureza não tem volta; está calcificada. Ficará para sempre o tiranossauro, nas lembranças de quem me vivenciou naqueles anos. No momento em que me torno mais gente, virei um conto. Consagrei-me uma lenda que sempre assustará.
Minha evolução chegou tardia. Meus reparos não têm tempo de compensar o que se foi, como nos fins de novela em que tudo se resolve num simples passe de mágica. Sem nenhuma reconstrução do passado. Quero nascer de novo, literalmente, para ter uma chance de me reformar. Continuar a ser quem sou, mas com melhorias; muitas melhorias. Fantasiar-me de outro ser para driblar o estigma e não gerar temores ancestrais. Memórias genéticas... imemoriais.

Inserida por demetriosena

SÚPLICA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não se deixe levar para longe de nós;
tenho medo de mim sem a sua presença,
sua voz, o sorriso, a sentença de amor
para qual me recuso a pedir habeas corpus...
Nem se deixe pousar no crescente cansaço,
na tristonha iminência do meu comodismo,
no recinto assombroso que se deixa estar
por estar convencido das malhas do fim...
Ponho minha esperança na possível grama
do seu campo de sonhos para seguir junto;
ser assunto plausível de suas questões...
Tenha planos comigo, mesmo que restantes,
nas estantes de arquivos que o tempo conserva
e jamais admite que pra nunca mais...

Inserida por demetriosena

SABEDOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sei
que
sei
bem
menos
do
que
não
sei
que
não
sei.

Inserida por demetriosena

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