Morre Passaro
Choramos pelo sangue de um pássaro, mas não pelo sangue de um peixe. Bem-aventurados os que têm voz.
(Motoko Kusanagi)
A arte é um pássaro a voar pela imensidão sem fim, tendo como motivação única o simples e natural ato de voar.
Até o ultimo arrepio...
Prisioneira que sou
Do teu amor...
Um pássaro sem voo... Sem partida...
Como num sonho entre brumas...
Procuro por ti... Em algum lugar
No firmamento... Entre céus...
Talvez...
Onde perdi também a alma e a paixão...
Já me reinventei dentro de todas as viagens...
Por entre mares... Por sobre as ondas
Sem chegar nem partir... Sempre no mesmo lugar
A te procurar... Até o ultimo arrepio...
Mas apenas um olhar pra trás onde
Somente um vazio e as palavras que versam
Quais gritos de amor... Nas rimas do meu poema...
A tua ausência e nada mais...!
Com pretexto de se distrair o egoísta engaiola o pássaro para o canto ser ouvido só para ele, enquanto o altruísta ouvindo o canto de socorro, entende que não é o pássaro que tá preso e sim a consciência daquele que o prende.
Noção da morte
... Me extasia aquela dor ferina nina,
cansado em tempestades pássaro,
revoado de meus longínquos braços,
que bracejam injusto embargo...
... Sou um leão formoso e estrebuchado,
sou um vilão carente e incoerente,
entre os dentes da mortiça menina,
me apanha junto as esmolas vasto...
... Se me amas lhe permitirei um colo,
se não me amas lhe afagarei calado,
vens ternura, vens futuro confuso,
tempo nos calas eu em vós vagueava...
Assentada sobre a rocha alta e aquecida, aguardando mais um pássaro pintar essa tela. Ouvimos a corredeira, tocamos a água do leito. Sentimos o calor na pele. Queremos voar para refrescar a alma. Queremos a liberdade de ascender. O vento parece forte, mas não suporta nossa bagagem pesada. Aqui de cima pensamos como deveria ser, como deveríamos ser. E concluímos estar fora de alcance. A corredeira balança os galhos, contorna a rocha, nutre o limo, compõe a tela. Mas ainda esperamos o pássaro pintá-la. Está mais calor que antes. O Sol queima a pele. Os olhos recolhem-se ainda mais. A tela está menor. Mas com dificuldade, ainda aguardamos o pássaro passar, ditando como deveríamos ser. Está queimando, está ardendo, e com os olhos fechados, sentindo o vento bater sem refrescar a pele, me pergunto como seria se soubéssemos que desmoronaríamos. Lancei-me. “Como pensávamos que poderíamos voar, agora mergulhamos”. E o fazemos com tudo que somos.
A coragem de ser livre.
Eu Quero
Quero ser como um pássaro livre pelo céu,
Voar alto e tocar o infinito.
Quero sentir o frescor da brisa da manhã
Acariciando o meu rosto.
Quero ser como um peixe,
Desbravar as profundezas do mar,
Descobrir segredos submersos
E dançar com as ondas.
Quero ser como um leão selvagem,
Forte e destemido,
Capaz de enfrentar os desafios
E proteger o que é meu.
Quero ser como uma pérola,
Bela, rara e preciosa,
Refletindo valor e autenticidade.
Quero ser a primavera,
Colorida de flores e perfumes,
Espalhando beleza e vida por onde passar.
Quero ser como o outono,
Generoso com seus frutos,
Alimentando todos os corações que chegam.
Quero ser como o verão,
Quente e vibrante,
Aquecendo as almas com meu calor.
Quero ser como o inverno,
Com suas gotas de chuva,
Tocando suavemente quem precisa de consolo.
Quero ser um coração apaixonado,
Capaz de guardar amores imensos
E sentimentos infinitos.
Como o nosso coração é uma caixa de sonhos,
Basta acreditar para tudo se realizar.
“Liberdade
Na aurora clara, o pássaro canta,
Seu peito vibra, a alma encanta.
Mas na gaiola, o som se esvai,
Um grito mudo que o vento não vai.
As asas pedem o céu azul,
O voo livre, o horizonte ao sul.
Cada grade é uma lágrima presa,
Rouba-lhe o sol, a natureza.
Liberdade é vida, é voar além,
Sentir o vento, o mundo também.
Que as gaiolas se abram, deixem partir,
Pois o pássaro nasceu para existir.”
O pássaro e o amor
Debruçada na janela, como fazia todos os dias, a moça apreciava o pássaro que ia bebericar água com açúcar, cuidadosamente trocada todos os dias, com a intenção de que ele retornasse.
Às vezes pensando em fazer o melhor e seguindo apenas a intuição, pessoas acabam prejudicando, pois o pássaro necessita de alimentação balanceada, não de açúcar refinado ao qual não está adaptado.
Se extasiava com a visão dele batendo as asas quase parado no ar, realmente era muito lindo de se ver.
Depois de vários dias ela achou que já se conheciam e que ele ia ali por amizade ou mesmo amor.
Ela sabia que pássaros reconhecem e identificam pelas roupas que vestem, pessoas perigosas ou inofensivas, assim usava sempre a mesma para que ele não se assustasse e deixasse de vir alegrá-la com aquele espetáculo.
Para tanto comprou roupas iguais uma para cada dia da semana.
Falava com ele, sabia que não há diferença entre o canto de alguns pássaros e a fala humana.
Muitas vezes pousava bem próximo ao seu braço no parapeito da janela. Parecia haver uma admiração mútua.
Um dia ficou triste, chorou ao pensar que ele poderia não aparecer mais.
Resolveu então colocar a bebida favorita do pássaro dentro de uma armadilha e num gesto de extrema crueldade o aprisionou, pensou que desta forma o teria para sempre.
Alimentado só com água açucarada começou a mudar seus hábitos, passou a ficar parado no fundo da gaiola com aparência enfraquecida, entristecida.
A moça resolveu então soltá-lo. Voou com certa dificuldade e nunca mais voltou.
Resumo: Não prenda ou sufoque quem você ama, pois seu amor pode reaprender a voar e nunca mais voltar.
aferi
É com você que eu quero passar meu domingo
Ver a família, visitar nossos amigos
Sou um pássaro que canta na tua janela
E faço a primavera na manhã do teu sorriso
DA DESIMPORTÂNCIA DO SER
Eu vi um voo sem pássaro!
Partiu de uma ramagem inexistente
E não podia pousar.
Era um voo inocente,
Que se adentrou pelo mar.
Mas o lixo marinho impedia o descanso.
No lixo da terra, não caberia,
Pois havia muita gente,
Comendo do lixo da vida.
Eu vi um escravo sem senhor,
Extraindo o ferro da terra,
Para fazer seus grilhões!
Esmurrava pensamentos,
Atacava filosofias,
Suplicava por sofrimentos!
Senti o perfume de flores ausentes,
O vento da calmaria,
E o sol sem raiar o dia.
Eu vi um futuro sem mundo!
Foram tantos os erros dessa gente,
Que Deus se sentiu impotente.
Sérgio Antunes de Freitas
Fevereiro de 2022
O CANTO DO POETA
Enquanto canta o ávido pássaro espanta
A tristeza triste de estar na inglória gaiola
Se se debate e se machuca e se esfola
Ainda ferido ensaia o cortejo e canta
O “dono” se esmera em encantos e planta
No rosto uma imagem de alegria pachola
Relembra os tempos de infância na escola
Enquanto contempla a morte e se encanta
No fundo da terrível cela inviolável e santa
Ruge ou canta ou geme ou chora e se consola
Um canto malcontente e pálido se levanta
E como em último e gélido suspiro se agiganta
Observa o rosto do insensível homem e se desola
Um sentimento terrível de que nada adianta.
Avanildo Moreira (Poesia Reflexiva)
Pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: É hora de embriagar-se!
Nota: Trecho do poema Embriagai-vos! (ou Enivrez-vous, no título original).
...MaisNenhum pássaro do mundo,
Onde quer que nasça
Ergue voo sem antes
Laborar sua carcaça
Inda que não seja hoje
Amanhã é o dia da graça.
Versos do meu irmão
Samuel Dantas @soulsirius