Morar
"Estar junto é entrega e compreensão.
Ser amigo e confidente.
Saber como cobrar.
Saber quando ceder.
Saber se doar.
Estar junto é dividir a alma.
Estar junto para dividir uma pilha de louça para lavar, depois de um dia terrível de trabalho.
Cantar um karaokê com detergente, tornar o trabalho divertido.
Estar junto é tomar banho junto, empurrar daqui, "espera aí", "me ajuda aqui". Transformar o chuveiro em uma cachoeira.
Passar a mão no corpo, ouvir onde dói...
Falar do que sente medo.
Onde somos criança.
O que nos deixa frágil.
Estar junto é poder chorar sem parar.
E ser ouvido. E cuidado. Mas é também rir.
E achar graça em alguma coisa, quando o outro está para baixo.
Estar junto é fazer contabilidade de frustrações, e saber quando não colocar na conta do outro, nisso, somos aprendizes...
Morar junto é demorar para levantar.
Estar juntos não precisa de uma casa, e sim de um espaço, uma mantinha, sofá e um balde de pipoca, em família, assistir Homem Aranha e Patrulha Canina pela décima vez.
Estar junto, de verdade, leva tempo... O tempo todo.
Quando estamos "juntos", você vai ver meu cabelo crescer, ou cair, e eu vou ver você cortar a franja.
Quando estamos juntos, viramos adultos aos pouquinhos, dando um adeus doído ao adolescente que éramos.
Quando estamos juntos, mudamos juntos.
E o outro vira um outro diferente com os anos.
E nós vamos aprendendo a amar aquela nova pessoa, todo dia."
@versos_em_movimento
Sofre menos o que entende que o passado é um lugar que podemos visitar de vez em quando, mas que não podemos morar.
"Porque parar de sorrir se Jesus Cristo me deu a salvação, e se tenho a convicção de que futuramente serei promovido e andarei em ruas de ouro?"
Anderson Silva
Maior Abandonado
Ele, agora crescido, caminha pelas ruas da vida com uma sensação estranha de vazio. As ruas, como ele, são lugares onde tudo se perde, a começar pela inocência. Quando era pequeno, falavam do "menor abandonado", aquele que, por falta de cuidados e afeto, era deixado à margem da vida. Mas, e o maior? O maior abandonado? Pensando na canção Maior Abandonado, de Cazuza, ele se vê refletido em suas palavras.
Este adulto, invisível em sua dor, carrega o peso da ausência e do silêncio. Não há mais mãos estendidas com a frequência de outrora para aquele que, supostamente, aprendeu a caminhar sozinho. O mundo acredita que ele já esteja forte, que o coração, endurecido pelo tempo, saiba resistir aos ventos gélidos da solidão. Mas quem cuida de quem já não sabe pedir? Quem estende os braços àquele que, por costume, esconde as lágrimas sob sorrisos apagados? Ele caminha, solitário, nas ruas largas, onde ninguém se enxerga. Tal como na canção, busca restos e fragmentos de ilusões. E o que passou, talvez, só ele saiba.
O maior abandonado não grita por socorro. Não em voz alta. Ele anseia por mentiras sinceras, por gestos que, mesmo que breves, o façam esquecer a solidão. Sentado à mesa dos encontros, ele ri das piadas, compartilha olhares, mas, quando as luzes se apagam, sente o eco de uma ausência profunda. Não há mais braços que o envolvam com o calor de antes. Não há olhos que vejam além das máscaras que ele se habituou a usar. E, por vezes, aceita a presença de um corpo, com ou sem amor, apenas para não ficar só. Como migalhas dormidas do pão de outrora. Sua alma clama em silêncio, mas o mundo parece ocupado demais para ouvir.
E assim, ele segue sua caminhada solitária. Pergunta-se, sem respostas, quando foi que deixou de ser digno de cuidado. Em que instante a vida lhe impôs o fardo de carregar sozinho dores que nunca cederam ao tempo? Ele percorre os próprios desertos e, a cada passo, seus ecos se apagam, deixando apenas o silêncio como companhia.
Talvez, no entanto, o maior abandonado não seja ignorado pelos outros. Talvez tenha sido ele quem, ao crescer, aprendeu a se esconder. Talvez a maior solidão não seja a imposta pelo mundo, mas a que ele mesmo construiu, ao deixar de acreditar que também merece colo, afeto e mãos estendidas. E talvez, no fundo, ele reze para que o sagrado o proteja de si mesmo — desse vazio que, por medo ou acomodação, continua a alimentar.
Leonardo R. Pessoa
Sou casado,
sem sim sim da igreja
nem eu deixo do estado.
Somos um casal em seus lares
compartilhando todos os ares
de serem eternos namorados.
" No Lar da intolerância, moram também a falta de amor, o desrespeito, a violência e a perseguição."
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