Meu Amigo Homem eu te Adoro
Eis o homem sentado à mesa  
Diante da folha branca.  
Um longo, longo caminho,  
Da vida para a palavra.  
Decantação, purificação  
Para chegar ao pássaro.  
O homem que está à mesa  
Atravessou muitos desertos  
Virou do avesso a certeza  
Naufragou nos mares do sul.  
Entre ditongo e ditongo  
Para chegar ao pássaro  
Tu próprio terás de ser  
Cada vez mais substantivo.  
Irás de sílaba em sílaba  
Ferido por sete espadas  
Diante da folha branca  
Serás fome e serás sede  
Como o homem que está à mesa,  
O homem tão despojado  
Que a si mesmo se transforma  
No pássaro que busca a forma.  
Este é tempo do homem  
perdido na multidão  
Como ser desintegrado  
Na folha branca da cidade.  
Tempo do homem sentado  
À mesa da solidão.  
Há palavras como asas,  
outras mais como raízes  
O pássaro voa por dentro  
Do homem sentado à mesa.  
Vai de fonema em fonema  
Sobre as cordas dos sentidos.  
Se vires o homem que passa  
Como se fosse no ar  
Já sabes: é o homem que está  
Diante da folha branca.  
Às vezes levanta vôo  
Para outro espaço, outro azul  
E deixa dentro das sílabas  
Um rastro como de sul.  
Quando recordas,  
Quando a tristeza  
toca demais as cordas do coração  
Quando um ritmo começa  
Dentro das palavras,  
Um sapateado inconfundível  
(Malagueña, malagueña!)  
E a folha branca é uma Espanha  
Para cantar, para dançar  
Para morrer entre sol e sombra  
Às cinco em sangue...  
Então verás chegar  
O homem sentado à mesa  
Às cinco en sombra de la tarde  
Malagueña, Malagueña!  
Diante da folha branca  
Como por terras de Espanha.  
Nos descampados deste tempo  
Nos aeroportos auto-estradas  
Nos anúncios sob as pontes  
Talvez no marco geodésico  
No fumo do lixo ardendo  
No cheiro do alcatrão  
Nos dejectos de lata e plástico  
Nos jornais amarrotados  
Nas barracas sobre a encosta  
Na estrutura de betão  
Sobre o gasóleo e a tristeza  
Sobre a grande poluição  
Onde nem folha ou erva cresce  
Seco, duro, estéril tempo  
Diante da folha branca  
Da solidão suburbana  
Onde a multidão se perde  
Entre tristeza e tristeza  
Às vezes um coração:  
Talvez um pássaro verde  
Ou talvez só a canção  
Do homem sentado à mesa  
O homem que está à mesa  
Tem qualquer coisa que escapa  
Qualquer coisa que o faz ser  
Ausente quando presente  
Às vezes como de mar  
Às vezes como de sul  
Um certo modo de olhar  
Como atravessando as coisas  
Um certo jeito de quem  
Está sempre para partir.  
O homem sentado à mesa  
Não está sentado: caminha  
Navega por sobre os mares  
Ou por dentro de si mesmo.  
Vem de longe para longe  
Do passado para agora  
De agora para amanhã  
Está no avesso da hora!  
Solta o pássaro, não pára,  
Tem outro espaço, outro azul  
Às vezes como de mar  
Às vezes como de azul  
E não se tem a certeza se está do lado de cá  
Ou se está do outro lado, deste lado onde não está.  
Mesmo se sentado à mesa  
Não é possível detê-lo  
O homem que tem um pássaro  
É sempre um homem que passa.  
Tem qualquer coisa que nem se sabe  
O quê nem de quem  
É talvez um mais além  
Algo que sobe e que voa  
Entre o Aqui e o Ali  
Algo que não se perdoa  
Ao homem quando ele tem  
Um pássaro dentro de si...  
Há um tocador a tocar  
As harpas de cada sílaba  
Diante da folha branca  
Tudo é guitarra e surpresa.  
Escutai o pássaro e o canto  
Do homem sentado à mesa!
O homem, carnívoro, também é coveiro. A nossa existência é feita de morte. Tal é a lei terrífica. Somos sepulcro.
O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água, bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria mais nobre do porque quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso.
"No começo do Gênese está escrito que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os animais. é claro, o Gênese foi escrito por um homem, e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus desejasse realmente que o homem reinasse sobre as outras criaturas. é mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou da vaca e do cavalo."
Pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói.
O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz o seu saber.
Todo homem safado um dia se torna um homem de verdade 
para a mulher que ganhar seu coração.
Mas um homem covarde é sempre um homem covarde.
"Só pelo fato de pertencer a uma multidão, o homem desce vários graus na escala da civilização. Isolado seria talvez um indivíduo culto; em multidão é um ser instintivo, por consequência, um bárbaro. Possui a espontaneidade, a violência, a ferocidade e também o entusiasmo e o heroísmo dos seres primitivos e a eles se assemelha ainda pela facilidade com que se deixa impressionar pelas palavras e pelas imagens e se deixa arrastar a atos contrários aos seus interesses mais elementares (...) Para o indivíduo em multidão a noção de impossibilidade desaparece. perdida a sua personalidade consciente, obedece a todas as sugestões de um operador. "
O homem não deve poder ver a sua própria cara. Isso é o que há de mais terrível. A Natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim como de não poder fitar os seus próprios olhos. Só na água dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura, mesmo, que tinha de tomar, era simbólica. Tinha de se curvar, de se baixar para cometer a ignomínia de se ver.
O criador do espelho envenenou a alma humana.
"De nada serve ao homem queixar-se dos tempos em que vive. A única coisa boa que pode fazer é tentar melhorá-los."
Ser é ser além do humano. Ser homem não dá certo, ser homem tem sido um constrangimento. O desconhecido nos aguarda, mas sinto que esse desconhecido é uma totalização e será a verdadeira humanização pela qual ansiamos. Estou falando da morte? não, da vida. Não é um estado de felicidade, é um estado de contato. 
Ah, não penses que tudo isso me nauseia, acho inclusive tão chato que me torna impaciente. É que se parece com o paraíso, onde nem sequer posso imaginar o que eu faria, pois só posso me imaginar pensando e sentindo, dois atributos de se ser, e não consigo me imaginar apenas sendo, e prescindindo do resto. Apenas ser – isso me daria uma falta enorme do que fazer.
O mesmo homem que provoca risos e empatia é o mesmo homem totalmente indiferente a uma outra pessoa. Se não reflete a respeito, é que se sente melhor do que a esposa e foi consumida pela armadilha de disputar espaço com ela, em vez de garantir sua própria liberdade. Nada mais machista do que duas mulheres brigando em segredo por um homem, enquanto ele assiste ao espetáculo bisonho por pura vaidade. É o que acontece, a ponto de se desculpar: azar é o dela, sorte a minha. Azar das duas.
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