Mensagens de Morte de um Irmão
Economizou tanta vida que veio a óbito! A vida tornou-se pesada demais para que ele pudesse carregar.
Quando alguém que a gente ama vai embora, não é só ela que morre, nós também morremos aos poucos mergulhados na saudade.
E continuo a me perguntar se viver não é apenas um castigo semelhante ao suplício de Tântalo. Uma espécie de copo vazio que nos deixa sempre com sede.
É só mesmo com o tempo que a gente aprende que, às vezes, o que nos mata é o que nos faz voltar a viver.
Depois do susto, da dor, das lágrimas. Depois do ritual fúnebre, da missa de sétimo dia e do período de luto, esqueça o passado onde ele está, deixe de visitá-lo, de levar flores. Depois que se transforma em passado é impossível devolver-lhe a vida. Pare de reavivá-lo. Isso atrasa o seu crescimento, tanto como pessoa, quanto o espiritual.
Engana-se quem pensa que nascemos uma única vez. Todos os dias temos a difícil tarefa de dar vida a uma parte nossa que o tempo matou.
Um dia a gente descobre que somos obrigados a viver sem as pessoas que fizeram parte atuante do cenário da nossa felicidade, dos momentos mais bonitos, das memórias mais queridas, das risadas mais sinceras.
Um dia a gente descobre que viver sem essas pessoas não é opção, é uma exigência da vida e que ela não é nem um pouco complacente conosco. Nesse dia, descobrimos também, que mais que viver sem elas, somos obrigados a ser felizes sem elas. E isso acontece não porque nos tornamos insensíveis ou porque somos especialistas na arte de lapidar egoísmo, muito pelo contrário, isso acontece porque descobrimos que o melhor lugar para guardar a memória dessas pessoas tão especiais é um coração feliz, com todas as janelas abertas para o infinito.
Ouro dos tolos
Quem pensa que a vida é gratuíta está redondamente enganado. Ao longo de toda ela carregamos sobre as costas o peso dos iludidos, a sina dos miseráveis, a angústia dos malditos e a ilusão cega dos nécios. Vez ou outra brilha a nossa frente pequenas fagulhas de vida, mas como pirilampos velozes rapidamente se dispersam. E a caminhada continua sobre o solo do delírio, essa terra amaldiçoada, minada de sofrimento até que completamente exauridos, perdidos em nossos desertos, recebemos o golpe final "o tiro de misericórdia". Antes, porém das pálpebras cerrarem-se, abre-se o grande portal e os tolos finalmente descobrem que o tempo todo carregaram a morte com a ilusão de que era a vida.
Ele adentrou o domínio dos mortos, atravessou o Hades, dissipou a escuridão, subjugou as profundezas do inferno e triunfou sobre a morte.
Agora entendi o porquê de a vida ter se tornado um peso para mim, e em como participar de uma vida que não quero viver. Eu morri aos 16, e quando ressuscitei aos 19, as únicas boas novas que encontrei foram palavras ardilosas, proclamando-me nada mais que culpa. Mas eu já tinha morrido aos 9, quando quem me mantinha neste mundo se fora. Quando meu propósito se esvaeceu e quando minha alma se fragmentou que, em uma ação desesperada, segurou meu cadáver, com medo de perder o que lhe protegia.
Agora arrasto as correntes gélidas desse pesar, com o único objetivo de redenção à vida: alimento vermes com minha carne. Ora, que alma boba e tola. Seria o mesmo que uma árvore dar um machado a um lenhador e, após sua decadência, abraçá-lo, dando-lhe conforto e dizendo-lhe que não foi sua culpa — mas que, ainda assim, ele queimaria a lenha para suas próprias vontades.
Sou instável, em busca de uma redenção confusa e incerta, e muito provavelmente inalcançável. Busco um futuro não palpável, pois o presente já não se torna um presente para minha alma.
O Dia de Finados nos lembra que a única forma de nos tornarmos eternos é nos mantermos vivos nas lembranças e nos corações das pessoas que nos amaram e junto conosco construíram eternidades.
Morrer não é ir embora dessa vida, morrer é não ficar no coração dos que amamos depois que a nossa vida física termina nessa Terra.
É estranho, pensar que se eu morrer hoje, amanhã estarei recebendo palavras que se tivessem sido ditas enquanto eu estava viva, teria mudado meu dia, mas que só foram ditas porque eu não posso mais ler e nem ouvir.
Em uma nuvem inocente de tédio Tânatos espalha-se pelo ar, sufocando devagarinho, torturando antes de matar.
Não morre aquele que deixou no coração de alguém lembranças bonitas para lembrar, o conforto da presença personificada de saudade e o consolo da certeza de que foi sem nos deixar.
Algumas pessoas nunca morrem, apenas mudam: de matéria, de casa e identidade e passam a morar dentro da gente com o nome de saudade.
Já se perguntaram sobre o significado da existência? Eu já, inclusive muitas vezes. Anos de reflexão para simplesmente perceber que o existir em si, é o próprio inexistir, pois tudo que se aprende um dia, vc esquecerá, seja pelo Alzheimer ou pela morte orgânica do seu cérebro. Somos insignificantes seres de vivência efêmera perante a idade e o próprio existir do Cosmos.
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