Machado e Juca Luiz Antonio Aguiar
Poeta é um ser distinto
com sentimento diverso,
que escreve com a alma
dando vida a cada verso.
Vive inspirado pela luz
que transcende o universo.
Escreve sobre o amor
e também sobre as paixões.
Explora os sentimentos
que despertam os corações
e suas lágrimas são poesias
cheias de intensas emoções.
Há os que gostam do que escrevo, a quem devo gratidão; outros pela mesma razão, parece que ainda lhes devo imposto de opinião.
Deram ao povo um lugar com liberdade, sem vazas, sem um céu para sonhar, e de tanto rastejar o povo perdeu as asas.
No teatro da política, a sensibilidade dos espectadores é sempre um contrapeso para a insensibilidade dos que actuam.
Era noite... Pedi sossego! Pedi para ficar invisível para as almas mal intencionadas. Quase ninguém me via!
Quem parte sem me deixar, por uma qualquer razão, vai para outro lugar, mas não deixa de morar dentro do meu coração.
A especialidade de muitos seres humanos é encobrir as segundas-intenções, como quem encobre a nudez com roupas transparentes.
Os poetas nascem para maçar as estrelas e não as pessoas. E os astrónomos tentam ver como isso é possível.
Hoje sou uma criança,
embebida de esperança,
neste nosso paraíso...
Vejo as ruas coloridas,
por pessoas divertidas,
com amor e um sorriso...
Vejo até os passarinhos,
entretidos nos seus ninhos,
a fazerem criação...
E os borregos no rebanho,
sem acharem nada estranho,
junto às prendas que lhes dão...
Vejo alegria a rodos,
numa festa para todos,
diversão a toda a hora...
Como os bandos de perdizes,
onde todos são felizes
e ninguém fica de fora...
Na criança que há em mim,
vejo este dia assim,
entre achados e perdidos...
Perguntando ao pensamento:
como será cada rebento,
quando forem mais crescidos?
Sentiu alegria no primeiro dia de escola,
entrou no portão com as grades abertas,
correu destemido atrás de uma bola
cheia de um ar de aversões encobertas...
As outras crianças olharam-lhe a cor,
olharam-lhe os pais com a tal rejeição
que entorna por dia oceanos de dor
e o fez encostar sozinho ao portão...
Sentiu-se confuso, procurou os defeitos
que tinha no corpo, nos pais e na pele,
não viu mal algum a não ser preconceitos
criados por muitos e ali para ele...
E a pura alegria desfez-se em tristeza,
ouviu impropérios com a alma oprimida,
sentiu no momento abalar-lhe a beleza,
que em tantas crianças marcou uma vida.
Mesmo quando nada nos parece ajudar, lembremo-nos sempre que a nossa confiança, a nossa determinação e a nossa persistência, são as nossas melhores conselheiras. Se partirmos uma pedra à centésima martelada, as noventa e nove marteladas anteriores são tão importantes como aquela que partiu a pedra. Deus sabe disso, e normalmente conversamos com cada uma dessas marteladas da mesma forma que conversamos com Deus.
Há quem conserve as amizades em sal, quem as conserve em gelo, e quem as conserve tão quentes, tão quentes, que evaporam.
Quero viver num mundo onde os humanos sejam apenas humanos, sem rótulos e sem estrelas invisíveis. Quero que todos possam ser felizes nas igrejas, nas bibliotecas, nos espaços públicos e nas escolas. Quero que ninguém seja obrigado a balir, que ninguém seja perseguido por pensar de forma diferente, e que ninguém se sinta preso estando em liberdade. Quero viver num mundo sem inveja, sem preconceitos, sem hipocrisia, sem excomungados e sem escorraçados.
Cá estou eu mais uma vez, gente moderna,
embrenhado nas planícies, estou perdido;
quem me ajuda a encontrar uma lanterna,
para o campo iluminar o meu sentido...
Vós que sois lá da cidade e sabem tudo,
tragam tudo para alguém que não tem nada,
mas não venham com pézinhos de veludo
para a terra que não foi sequer lavrada...
Sinto a terra num repouso absoluto,
sem um braço de trabalho, em campo aberto,
que me diga, em alta voz, o que não escuto,
nestas verdes pradarias do deserto...
Não desandem todos juntos, o campo espera
pela luz que vós trazeis, e, entrementes,
tragam água para o campo (é primavera)
e mil braços de trabalho com as sementes.
