Livro
Orgulho de ti
Não posso sentir pena de ti
Nem por um segundo
Por tudo que passou
Por tudo que viveu
Nem um ser poder sentir pena de si
Quando o que se tem de si
É uma imensa força e gana de vencer
O que tenho por você
É um imenso orgulho de lhe conhecer.
Força
Eu sei que é tarde
Sei que você está cansada
Sei também o quanto é forte
E mesmo os fortes
Em algum momento
Não quer está sozinho
É preciso aceita
Que isso não é sinal de fraqueza
E sim juntar forças
Porque já não estará
Lutando sozinha.
Falta
Podem falta palavras
Pode falta sentido
Pode falta silencio
Pode falta lembrança
Podem falta rações
Pode falta o ar
Só não pode falta você.
Se você deseja ajudar seu amigo, faça-o de maneira que não traga sobre si os fardos de seu amigo.
Precisa encontrar um trabalho que faça seu coração bater mais forte, e não um que deixe seu peito apertado.
O dia de meu nascimento, o dia de hoje e os dias que ainda virão... Qualquer que seja o dia, ele é precioso.
Podemos escravizar o corpo pela força bruta,
mas nuna o espírito.
Existem escravos que são mais livres
que seus senhores.
Não coloques a felicidade nas ilusões do mundo
mas nas verdades espirituais do universo.
Elas te levarão ao estado de felicidade interior
que nada poderá destruir.
Não temas, não temas, audaz covarde! A vida pode parecer uma tragédia de perto, mas de longe é uma comédia.
RECONHECERÁS
Choras em contratempos da vida familiar.
Pensa, porém, nos outros que sofrem sem amigos.
Recorda os mutilados que precisam de apoio.
Medita nos doentes que vagueiam sem teto.
Socorre aos que agonizam nas estradas da noite...
E reconhecerás quanto já és feliz.
PENSA E NOTA
Em tempo algum, não digas que não podes ser útil.
Faze de cada dia um poema de fé.
Podes ser a esperança dos que jazem na angústia.
Uma frase de luz ergue os irmãos caídos.
Terás, quanto quiserdes, a prece que abençoa.
Para espalhar o bem, basta o apoio de Deus.
As impressões digitais
Eu nasci e cresci debaixo das estrelas do Cruzeiro do Sul.
Aonde quer que eu vá, elas me perseguem. Debaixo do Cruzeiro do Sul, cruz de fulgores, vou vivendo as estações de meu destino.
Não tenho nenhum deus. Se tivesse, pediria a ele que não me deixe chegar à morte: ainda não. Falta muito o que andar. Existem luas para as quais ainda não lati e sóis nos quais ainda não me incendiei. Ainda não mergulhei em todos os mares deste mundo, que dizem que são sete, nem em todos os rios do Paraíso, que dizem que são quatro.
Em Montevidéu, existe um menino que explica:
— Eu não quero morrer nunca, porque quero brincar sempre.
p. 267
Quando eu já não estiver, o vento estará, continuará estando.
(O ar e o vento, p. 269)
A ventania
Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contra-vento, e sou o vento que bate em minha cara.
p. 270
