Limpar a Casa
Alguns dias nunca chegarão, por isso a felicidade não pode ser adiada, e a casa não deve ser construída somente com cédulas, mas sim com a atenção e a presença de quem amamos.
Em um negócio, a madeira que constrói a sua casa é a mesma que confecciona o seu caixão. Se não souber tocar escolherá a segunda opção.
TELHADO DA VIDA
A casa nos abriga das intempéries do tempo bem como faz um abraço terno nos soluços que a vida causa mas, é a união e o amor
que conseguem florir e nos manter firmes e seguros dentro dela.
O planeta terra é a nossa casa, o nosso país é um dos cômodos dessa casa e a nossa cidade é um móvel desse cômodo.
E a felicidade entrou lá em casa e disse que não ia mais embora. A tristeza, na janela, ficou olhando tudo o que se passava. Tinha dias que a tristeza batia na porta, pulava a janela, tomava um café enquanto a felicidade saía. Mas a felicidade logo expulsava ela. Um dia chegaram em um acordo, dividiram os dias e as tarefas e pararam de brigar. Depois disso, meu sorriso não saia mais do rosto, porque mesmo sabendo que a tristeza estava lá, a felicidade não me deixava sozinha.
DÁDIVA
Ser mãe e dona de casa...
Conselheira e sofredora
chorar, enxugar as lagrimas
mulher rendeira ou redentora.
Do sertão ou do agreste
da cidade ou pervertida
parceira do cabra da peste
mulher é símbolo da vida.
Mulher é dádiva divina
mãe do único redentor
por Deus, foi escolhida
pára sofrer a sua dor.
Antes que a vida se acabe
não tem ferias nem descanso
se a turbulência te invade
seu chorar ainda é manso.
Antonio Montes
Casa de vidro.
Poderia ser assim, um inicio ao inverso pra trazer você pra mim, sofrer primeiro, amar depois, aprender agora e viver tranquilo.
Somos como uma casa de vidro, de paredes transparentes que parecem deixar quem olha nos tocar, um leve toque torna nos faz estremecer e até trincar.
Bom seria ensinar o imperfeito que suas cicatrizes eu vou curar, masagear a alma com minhas lágrimas e tocar o coração com meu sorriso.
Invertendo o tempo, trazendo ao topo do mundo o meu sentimento, até chegar a adolescencia onde as paixões não doem tanto.
Moça bonita...
Busque em casa de Dona Filó
Um verso simples, que tenha gosto
Sabor de caminho estreito e reto
Travessa que atravessa o rio claro
Caminho de caminhante sem rumo certo
Ou de certo só tem o rumo
Que deseja nele encontrar
Um pedaço de história ou um nascer de favo
Não me traga em sua volta nada triste
Não me conte coisas que não seja mais
Que boas novas ou que venha em silêncio
Um silêncio falante de tudo o que vistes
Moça bonita
Vá assim mesmo, de sandálias
Saia de chita e cabelos ao vento
Caminhe tricotando sonhos audazes
Ouça mais, sem nada dizer
Dona Filó lhe contará prosas
Histórias de curupira, até de boi tatá
Falará de estrelas, rosas e sonhos
Se quando sair, notares que ronda, insano
Ao acaso um vento frio, vindo do norte
Volte logo, apresse seu passo
Pois é ali que toda brisa morre!
Invadiu-me a casa, o pensamento, a vida e lá fez sua morada...Invadiu-me o quarto, o canto, minhas cores e transbordou tudo.Invadiu-me o tom, o tato, o dorso, a pele, virou-me o mundo ao contrário. Invadiu-me sem hora e nem lugar, entrou pela janela, tomou-me de assalto. Deitou-se no meu destino, riu-se do meu espanto... Foi assim sem tempo, num segundo de desatenção
Que desembarcaste em mim paixão.
Que o sol invada seu coração e a casa em que o coração que tua amas habita. E que as cores do seu sentimento mais bonito façam do anoitecer uma tela branca a ser colorida pelo que te fez suspirar ao perceber que ela te sorriu de volta.
Até vampiro tem código de ética, só entra numa casa se for convidado. O que fazer quando invadem nosso messenger sem pedir?
COMIDA FRIA
Lá em casa, habitualmente, não cozinhamos aos sábados. Saí para buscar o almoço com a nossa fornecedora atual, Dona Maria, que nos últimos anos abriu o portão de sua casa e começou a entregar aos finais de semana uma deliciosa feijoada, nas versões tradicional e “light”. Sorridente, falante e cortês, Dona Maria atende a todos com o seu gorro e avental branquinhos, e faz questão de dizer que tudo ali é feito com qualidade, asseio e carinho. Motivada pelo pedido de alguns clientes, estruturou a sua garagem e agora mantém meia dúzia de mesas plásticas, forradas com um tecido rendado, quatro cadeiras em cada e um freezer cheio de cervejas e refrigerantes para que os clientes possam se deliciar com a iguaria ali mesmo, caso prefiram.
Estacionei o meu carro numa rua perpendicular. Peguei a minha filha pela mão, tranquei e acionei o alarme e fui me aproximando da casa de Dona Maria. Do lado do seu portão principal, estava estacionado um carro muito bonito, com cabine dupla, cor prata e recém lavado, denotando o capricho do dono. Em um piscar de olhos, vi um rapaz de boné baixo (acho que para esconder parte do rosto) ao lado do carro, na porta do passageiro. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, o rapaz retirou a camiseta branca, enrolou em algo (que depois fui descobrir que era uma pedra bem grande) e bateu com toda a força dos seus braços finos no vidro da porta do passageiro, fazendo cacos de vidro voarem para toda lado. Mais rápido que o The Flash, meteu a mão dentro do veículo violado, retirou algo e saiu correndo. O “algo” era uma bolsa feminina, da cor vermelho escuro. O alarme do carro bonito começou a gritar alto, chamando a atenção do dono que estava no interior da casa de Dona Maria, aguardando o almoço.
O senhor careca, proprietário do veículo, também demorou alguns segundos para entender o que havia acontecido. Já com as mãos na cabeça em desespero, ouviu o meu grito abafado. Eu apontava e sacudia a mão desocupada na direção onde o rapaz decidiu correr… Mas foi em vão. A nossa capacidade cerebral de entender a cena, agir, gritar, fazer qualquer coisa útil foi infinitamente mais vagarosa do que as pernas compridas do rapaz tomando a direção já calculada.
Na sequência, uma pequena senhora de cabelos alaranjados também apareceu e descobri que era a dona da bolsa roubada, esposa do calvo senhor. A mesma, chorosa e assustada, afirmava repetidamente que não havia dinheiro ou nada que um meliante pudesse aproveitar lá dentro, somente seus documentos, cartões, maquiagens, remédios e pertences pessoais.
Tentando concluir a minha missão ali, apesar do susto e da injeção de adrenalina, entrei na casa de Dona Maria (que nessa hora voltava da rua após procurar ajuda policial com o casal) e meu coração estremeceu diante da cena que vi. Em uma das mesas com forro rendado colocadas à disposição dos clientes, duas porções completas e caprichadas (e ainda nem tocadas) da deliciosa feijoada da Dona Maria. Aquele momento íntimo e sagrado da dupla havia sido interrompido pelo grito do alarme, e acredito que os dois, naquela mistura de emoções e sobressalto, haviam perdido o apetite.
Nessa hora, minha filha, sacudindo levemente o meu braço, pediu explicações:
– Mamãe, aquele era um ladrão?
– Sim, meu amor, era.
– Por que ele quebrou o vidro do carro do moço?
– Para pegar dinheiro, meu bem. Ele não tem trabalho e não tem dinheiro para comer. Por isso faz isso com as pessoas – Expliquei de um jeito que ela pudesse entender, sem entrar em detalhes sobre o que eu realmente pensava a respeito do destino do dinheiro (não) roubado. E ela continuou:
– Uai mãezinha, mas se ele estava com fome não era mais fácil ele pedir um prato de feijoada para Dona Maria? Ela é tão carinhosa e boazinha e faz um montão bem grande de comida…
Dizendo isso, ela pegou a sua bolsinha rosa e começou a retirar suas moedas:
– Mamãe, essas moedas aqui pagam uma feijoada?
Sem entender, respondi:
– Não meu amor, não é suficiente. Mas para quê você quer comprar outra porção? Uma só dá pra gente, mamãe já pediu e pagou.
– Eu quero comprar comida para dar para aquele rapaz. Vamos encontrá-lo. Daí ninguém fica triste. A senhorinha do cabelo engraçado não precisa chorar por causa da bolsa dela, nem o moço careca precisa ficar triste com o carro quebrado. E o rapaz não precisará mais fazer coisas ruins com outras pessoas.
Ajoelhei, abracei a minha filhinha, beijei a testinha inocente dela e nada mais consegui dizer.
Peguei a embalagem térmica com uma porção da deliciosa iguaria, busquei para mim a mãozinha miúda e fomos caminhando devagar, atravessando a rua, em silêncio.
Antes de sair dali ainda pude observar novamente a mesa posta para o casal. Corações aflitos e comida fria.
A casa das memórias
(Victor Bhering Drummond)
A velha casa ainda estava lá.
Preservando memórias, mistérios
E provocando medos.
Eram só retratos na parede
Pinturas e rabiscos na alma
Incapazes de fazer mal a nenhuma
Criatura sequer.
Abri a porta, senti o cheiro das coisas guardadas.
Sentei no sofá; voltei nos anos
E encontrei a festa do dia do batizado
Sendo celebrada novamente
Nas sala do meu coração.
(Outono no Sul - Registros de uma Casa Velha, 2017)
Deus não envio seu filho ao mundo para você ter um carro ou uma casa própria. Mas para você ser salvo pela sua graça. Quer casa ou carro? Então trabalhe e compre.
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