Liberdade pra Mim e pouco

Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.

Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança.

Carta Extraviada 3

Não é da minha natureza esperar que me deem liberdade,
não espero pelo pouco que há de essencial na vida.
Sendo liberdade uma delas, eu mesmo me concedo.
Ser livre não me ensinou a amar direito, se por direito entende-se
este amor preestabelecido, mas me ensinou as sutilezas do sentimento, que, afinal, é o que caracteriza e o torna pessoal e irreproduzível.
Te amo muito, até quando não percebo.
O amor que sinto pode parecer estranho, e é por isso que o reconheço como amor, pois não há amor universal: não, caríssima.
Não há um amor internacional, assim como são proclamados os
cidadãos do mundo. Cada cidadão, um coração, e em cada um deles,
códigos delicados. Se não é este amor que queres, não queres amor, queres romance, este, sim, divulgadíssimo.
Te amo muito, e não sinto medo.
Bela e cega, busca em mim o que poderias encontrar em qualquer canto, em todo corpo, homens e mulheres ao alcance de teus lábios e dedos, romance: conhecido o enredo, é fácil desempenhá-lo.
E se casam os românticos, e fazem filhos e fazem cedo.
O amor que sinto poderia gerar casamento, pequenos acertos, distribuição de tarefas, mas eu gosto tanto, inteiro, que não quero me ocupar de outra coisa que não seja de você, de mim, do nosso segredo.
Te amo muito, e pouco penso.
Esta carta não chegará, como não chegarão ao seu entendimento estas
palavras risíveis, estes conceitos que aos outros soariam como desculpa de aventureiro ou até mesmo plágio, já que não há originalidade na ideia, muito difundida, porém bastante censurada.
Serei eu o romântico, o ingênuo?
Serei o que quiseres em teu pensamento, tampouco me entendo,
mas sinto-me livre para dizer: te amo muito, sem rendimento, aceso,
amor sem formato, altura ou peso, amor sem conceito, aceitação,
impassível de julgamento, aberto, incorreto, amor que nem sabe se é este o nome direito, amor, mas que seja amor.
Te amo muito, e subscrevo-me.

Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos.

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.

Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.

Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos.

Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.

Quem pensa pouco, erra muito.

Quem tem bastante no seu interior, pouco precisa de fora.

Não há arauto mais perfeito da alegria do que o silêncio. Eu sentir-me-ia muito pouco feliz se me fosse possível dizer a que ponto o sou.

Para a nossa avareza, o muito é pouco; para a nossa necessidade, o pouco é muito.

Para nos mantermos bem é necessário comer pouco e trabalhar muito.

Muito pouco ama, quem com palavras pode expressar quanto muito ama.

O que é mais difícil não é escrever muito; é dizer tudo, escrevendo pouco.

O homem deseja tantas coisas, e no entanto precisa de tão pouco.

Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco.

Contento-me com pouco, mas desejo muito.