Liberdade Borboleta Fernando Pessoa
Tenha fé, acreditando no poder da metamorfose. Observe como a borboleta, que agora voa livre com belas asas coloridas, um dia foi uma simples lagarta, limitada, mas que alcançou a liberdade de voar.
Iza lira
Uma borboleta
Como as outras
Voltou a ser lagarta
Para salvar sua amada
Ontem era uma borboleta
Hoje é uma lagarta
Ao voltar no tempo
Matou sua amada
Talvez o mais simples
seja o mais belo
como o bater de asas
de uma borboleta
em um dia ensolarado.
Como uma borboleta, a minha metamorfose ainda não está completa. Sigo caindo em tropeços, arrancando curativos e enganando o meu corpo dos processos que ainda irei passar. Árduos processos, mas tão importantes para cada instante de minha transformação. O passado calejado de dor, acrescenta em minhas futuras histórias uma coroa de vitória. Despejando o que é mau, controlando o caos e criando algo bonito em tudo isso. Acho que é dessa forma que quero ser lembrada. São pequenos fragmentos de minha transformação.
Ao contemplar-te, vejo em ti minha borboleta branca de seda, capaz de provocar tempestade se preciso.
Teu olhar é o espelho das águas que me sorriem em um céu sereno; é um portal de iluminação que me transporta através do tempo e do espaço, além do comum e do ordinário.
Teus cabelos são radiantes como os raios solares, que trazem luz e mudam ao cotidiano.
És tanto a raiz que busco quanto o voo que desejo alçar.
Intuo que dentro de ti reside o livro que ansiava, um caminho a ser percorrido que me ensinará sobre a vida, a vibração do entardecer e o encontro do profundo com a simplicidade.
Ele é de fácil compreensão para quem existe para absorvê-lo, mas enigmático o suficiente para instigar a curiosidade daqueles que o folheiam.
É como um prato perfeito, com aparência apetitosa, cores vibrantes e sabores exuberantes que explodem na boca - uma experiência única e inesquecível.
Você me faz sentir como uma borboleta que saiu do casulo. É o fogo que aquece meu corpo, a chama da minha cama.
Uma das poucas certezas que tenho na vida é que o mundo é um casulo e que nós somos todos borboletas em diferentes estágios de transformação. A metamorfose é a nossa essência, a mudança é a nossa lei. Se pretende mudar, mude porque a situação requer, porque a vida pede, porque você sente que chegou a hora. Algumas pessoas vão gostar de você exatamente por você ser quem é, enquanto outras pelo mesmo motivo não vão gostar, então, mude, mude sempre, nas mude por você, pra você e não para agradar quem quer que seja.
Nenhuma borboleta nasceu voando, antes de voar ela teve que aprender a rastejar, a escalar. Instintivamente ela sabia que não é com o vôo que se aprende a voar.
Não é da noite para o dia que a lagarta se transforma em borboleta. As mudanças são demoradas, às vezes, doloridas, mas sempre libertadoras. É indestrutível a sensação de paz que uma mudança esperada traz.
Nem sempre ela foi leve assim, soberana, em pleno vôo. Como toda borboleta, em um tempo anterior ao casulo, teve a sua fase de lagarta.