Leve como Passaro

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Convém ter uma religião e não crer nos padres, assim como convém fazer um regime e não crer nos médicos.

É preciso ensinar aos homens como se não ensinasse realmente, / propondo-lhes coisas que não sabem como se as tivessem apenas esquecido.

Alexander Pope
The Works of Alexander Pope

Os vícios entram na composição da virtude assim como os venenos entram na composição dos remédios. A prudência mistura-os e atenua-os, e deles se serve utilmente conta os males da vida.

A sociedade é como o ar: necessário para respirar, mas insuficiente para dele se viver.

Oh! Se os ricos fossem tão ricos como os pobres imaginam.

Os grandes erros são muitas vezes feitos, como as cordas, de uma quantidade de fios.

Questionar quem deve ser o patrão, é como discutir quem deve ser o saxofonista num quarteto: evidentemente, quem o sabe tocar.

Morremos como mortais que somos, e vivemos como se fôramos imortais.

Falta muito para que a inocência tenha tanta proteção como o crime.

O trabalho é desejável, primeiro e antes de tudo como um preventivo contra o aborrecimento, pois o aborrecimento que um homem sente ao executar um trabalho necessário embora monótono, não se compara ao que sente quando nada tem que fazer.

Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana.

A lógica, como o uísque, perde seu efeito benéfico quando tomada em quantidades exageradas.

As nossas escolas ensinam a moral feudal corrompida pelo comércio e oferecem como modelo de homens ilustres e que tiveram sucesso o militar conquistador, o barão ladrão e o explorador.

Quem dos outros ri, deve recear que, como vingança, também se riam de si.

Ninguém ama tanto a vida como o homem que está a envelhecer.

Trocar um sofrimento por outro é, muitas vezes, tão grande alívio como sentir o fim do sofrimento.

Como que levada
pela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo.

As lágrimas dos velhos são tão terríveis como as das crianças são naturais.

Cada um deixa a vida como se tivesse acabado de começá-la.

As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
ANDRADE, E., Antologia Breve, 1972