Jorge Luis Borges

Para a tarefa do artista, a cegueira não é totalmente negativa, já que pode ser um instrumento.

Longe um trinado.
O rouxinol não sabe
que te consola.

Nunca releio o que escrevo. Prefiro viver em função do futuro.

São poucos os políticos que sabem fazer política. Mas, quando um intelectual tenta entrar nesse meio, então é o fim do mundo.

A poesia é algo tão íntimo que não pode ser definida.

A morte usa-me incessantemente.

A história universal é a de um só homem.

No deserto
acontece a aurora.
Alguém o sabe.

A vida é pobre demais para não ser também imortal.

Sob o alpendre
o espelho copia
somente a lua.

A imagem que um homem só pode conceber é a de que não toca ninguém.

A UM GATO

Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua a solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende à morosa
Carícia da minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que ora é olvido.
Aceitaste o amor desta mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho.

No passado cometi o maior pecado que um homem pode cometer: não fui feliz.

Acho que o escritor deve escrever para a alegria do leitor.

O livro é uma das possibilidades de felicidade de que dispomos.

Se algo insiste em não estar bom pra você, não insista mais. Pegue seu boné e “on the road”. Sempre haverá outras pessoas, outros lugares, outros trabalhos, outras paixões que parecerão pra vida toda, outros projetos… Melhores, piores ou simplesmente diferentes daqueles aos quais você se acostumou.

Qualquer destino, por mais longo e complicado que seja, vale apenas por um único momento: aquele em que o homem compreende de uma vez por todas quem é.

O que é o céu se não um suborno, e o que é o inferno se não uma ameaça?

Enquanto dura o remorso, dura a culpa.

Obscuramente
livros, lâminas, chaves
seguem minha sorte.