Intervalo

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Não há cura para o nascimento e para a morte, a não ser usufruir o intervalo.

George Santayana
Soliloquies in England (1922).

É uma infelicidade ser tão breve o intervalo que medeia entre o tempo em que se é jovem demais e o tempo em que se é velho demais.

O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades.

COMEÇO A CONHECER ME

Não existo.

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

Álvaro de Campos
PESSOA, F. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática. 1944 (imp. 1993). p. 124

Eu sou o intervalo entre o meu querer e o que a vontade dos outros fez de mim.

Fernando Pessoa

Nota: Adaptação de trecho do poema "Começo a conhecer-me" de Álvaro de Campos

Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim.

Álvaro de Campos

Nota: Adaptação de trecho do poema "Começo a conhecer-me" de Álvaro de Campos

O intervalo de tempo entre a juventude e a velhice é mais breve do que se imagina. Quem não tem prazer de penetrar no mundo dos idosos não é digno da sua juventude...

Desejo que encontre maneiras para se fazer feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita pra dormir, porque a verdade é que a gente não sabe se tem outro dia. Que quanto mais passar a sua alma a limpo, mais descubra, mais desnude, mais partilhe, com medo cada vez menor, a beleza que desde sempre você é.

Paciência: O intervalo entre a semente e a flor.

A arte é o elo sagrado entre o real e o imaginário, e nesse intervalo povoado de magia, é que são gestados os mais belos cenários que encantam a humanidade.

Você nasce sem pedir e morre sem querer. Aproveite o intervalo!

"Amor que é amor não para, não tem intervalo, atropela."

INTERVALO

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca -
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.

Arrependimento é o intervalo entre dois pecados.

Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada...
E, no meio do intervalo entre a vida e a morte,
brigamos por aquilo que não trouxemos e não levaremos ....

A vida é o intervalo entre o tempo & a morte.

Deixar que as coisas morram e abram espaço para o novo. Aceitar o intervalo da travessia, em que as coisas não têm mais a forma antiga nem ainda a forma nova. O tempo da crisálida: nem mais lagarta nem vôo ainda. Respeitar a cadência natural das gestações.

Nascemos iguais, morremos iguais. Aproveite o intervalo!

Mas saiba que dói quando a loucura passa. O intervalo da loucura é a verdadeira tortura. A lucidez é uma jaula.

Carla Madeira
A natureza da mordida. Belo Horizonte: Quixote, 2018.

"Desejo que encontre maneiras para se fazer feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita pra dormir. Que se sinta livre e louco o bastante pra deixar a sua essência florir."