Inteligência e Esperteza

A inteligência! É uma questão de química orgânica, nada mais. Não somos mais responsáveis por sermos inteligentes do que por sermos estúpidos.

A subtileza ainda não é inteligência. Às vezes os tolos e os loucos também são extraordinariamente subtis.

Os trabalhos escolares são provas para o carácter, não para a inteligência. Quer se trate de ortografia, de poesia ou de cálculo, está sempre em causa aprender a querer.

A inteligência é quase inútil para quem não tem mais nada.

O grande escritor não precisa ser nem muito inteligente nem muito culto. A inteligência e a cultura são contudo indispensáveis nos escritores menores.

Uma inteligência vulgar é como um mau cão de caça, que depressa encontra a pista de um pensamento e depressa a volta a perder; uma inteligência invulgar é como um cão de fila, que segue firme e resolutamente a pista até atingir o que é vida.

A verdade pára na inteligência; a beleza chega até ao coração.

É verdade que, por vezes, os militares, exagerando da impotência relativa da inteligência, descuram servir-se dela.

Ninguém desenvolverá alguma vez as faculdades da sua inteligência, se, pelo menos, não intercalar alguns momentos de solidão na sua vida.

O coração tem as suas prisões que a inteligência não abre.

A fé é a verdade da inteligência.

Eficiência é a inteligência preguiçosa.

Ela passava por inteligente. Mas o que fazer da inteligência, como servir-se dela?

Muitas vezes a inteligência é incómoda como uma lamparina no quarto.

A inteligência é o maior filtro: a sua função, mais que compreender, é a de não compreender demasiado.

A riqueza estraga a inteligência, assim como uma refeição muito pesada cobre de sono até o olho mais vivaz.

A inteligência é o olhar da alma.

Tudo o que é verdadeiramente sábio é simples e claro.

Jamais se justifica a ira num sábio.

O desejo é capaz de cegar, até um sábio.