Sábio

O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.

O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.

Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.

O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute.

O homem erudito é um descobridor de fatos que já existem - mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir.

O sábio envergonha-se dos seus defeitos, mas não se envergonha de os corrigir.

O sábio não se senta para lamentar-se, mas se põe alegremente em sua tarefa de consertar o dano feito.

Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho.

O sábio procura a ausência de dor, e não o prazer.

A mulher mais idiota pode dominar um sábio. Mas é preciso uma mulher extremamente sábia para dominar um idiota.

O verdadeiro sábio é aquele que assim se dispõe que os acontecimentos exteriores o alterem minimamente. Para isso precisa couraçar-se cercando-se de realidades mais próximas de si do que os fatos, e através das quais os fatos, alterados para de acordo com elas, lhe chegam.

O coração do sábio, tal como o espelho, deve a tudo refletir, sem todavia macular-se.

Ninguém chegou a ser sábio por acaso.

Quem vive sem loucura não é tão sábio como pensa.

O sábio pode descobrir o mundo sem transpor a sua porta. Vê sem olhar, realiza sem agir.

O sábio não se exibe e vejam como é notado. Renuncia a si mesmo e jamais é esquecido.

O sábio como astrônomo. - Enquanto sentires as estrelas como algo "acima de ti" não possuis ainda o olhar do homem que sabe.

Quem conhece os outros é sábio. Quem conhece a si mesmo é iluminado.

Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha. O caçador de leões não tem aventura para além do terceiro leão. Para o meu cozinheiro monótono uma cena de bofetadas na rua tem sempre qualquer coisa de apocalipse modesto. Quem nunca saiu de Lisboa viaja no infinito no carro até Benfica, e, se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte. O viajante que percorreu toda a terra não encontra de cinco mil milhas em diante novidade, porque encontra só coisas novas; outra vez a novidade, a velhice do eterno novo, mas o conceito abstracto de novidade ficou no mar com a segunda delas.

O próprio sábio cora das suas palavras, quando elas surpreendem as suas ações.