Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

A maior solidĂŁo Ă© a do ser que nĂŁo ama. A maior solidĂŁo Ă© a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidĂŁo Ă© a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que nĂŁo dĂĄ a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitĂĄrio Ă© o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lĂąmpada triste, cujo reflexo entristece tambĂ©m tudo em torno. Ele Ă© a angĂșstia do mundo que o reflete. Ele Ă© o que se recusa Ă s verdadeiras fontes de emoção, as que sĂŁo o patrimĂŽnio de todos, e, encerrado em seu duro privilĂ©gio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinicius de Moraes
Para viver um grande amor. SĂŁo Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Nota: Trecho do texto Da solidĂŁo.

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HĂĄ mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas!

Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma årvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estÎmago e os intestinos.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto O bĂșfalo.

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Existe gente que precisa da ausĂȘncia para querer a presença. O ser humano nĂŁo Ă© absoluto. Ele titubeia, tem dĂșvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama.

Arnaldo Jabor

Nota: Trecho do texto "Relacionamentos" com autoria atribuĂ­da a Arnaldo Jabor.

Se for para esquentar, que seja o sol;
Se for para enganar, que seja o estĂŽmago;
Se for para chorar, que seja de alegria;
Se for para mentir, que seja a idade;
Se for para roubar,que se roube um beijo;
Se for para perder,que seja o medo;
Se for para cair,que seja na gandaia;
Se existir guerra, que seja de travesseiros;
Se existir fome,que seja de amor;
Se for para ser feliz, que seja o tempo todo!!

Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como podia ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.

Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.

(...)
NĂŁo sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. NĂŁo existe morte para o que nunca nasceu.

(...)
Sinto falta da perdição involuntĂĄria que era congelar na sua presença tĂŁo insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais Ăłbvia do que todas as minhas crenças. Eu nĂŁo mandava no que sentia por vocĂȘ, eu nĂŁo aceitava, nĂŁo queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e nĂŁo por minha causa. E isso era lindo. VocĂȘ era lindo.

Sinto falta da perdição involuntĂĄria que era congelar na sua presença tĂŁo insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais Ăłbvia do que todas as minhas crenças. Eu nĂŁo mandava no que sentia por vocĂȘ, eu nĂŁo aceitava, nĂŁo queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e nĂŁo por minha causa. E isso era lindo. VocĂȘ era lindo.

Simplesmente isso. VocĂȘ, uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para agĂŒentar o silĂȘncio, sem alma para agĂŒentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo parasse. VocĂȘ, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsĂĄvel por todas as minhas manhĂŁs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza.

(...) sinto falta de quando a imensa distĂąncia ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que vocĂȘ me via tanto, que preferia fazer que nĂŁo via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogĂąncia, de nĂŁo dar conta, de nĂŁo ter nem amor, nem vida, nem saco, nem mĂșsculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter.

Prometi nĂŁo tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de lamber suas coxas, a pele lisa, o joelho, a nuca, o umbigo, a virilha, as sujeiras. Sinto falta do mistĂ©rio que era amar a Ășltima pessoa do mundo que eu amaria.

Tati Bernardi

Nota: Trechos da crÎnica "Periférico" publicada em 30/09/2006 no site BlÎnicas

O teu riso

Tira-me o pĂŁo, se quiseres,
tira-me o ar, mas nĂŁo
me tires o teu riso.

NĂŁo me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a ĂĄgua que de sĂșbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta Ă© dura e regresso
com os olhos cansados
Ă s vezes por ver
que a terra nĂŁo muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de sĂșbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
serĂĄ para as minhas mĂŁos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pĂĄtria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vĂŁo,
quando voltam meus passos,
nega-me o pĂŁo, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque entĂŁo morreria.

Pablo Neruda
Poemas de amor de Pablo Neruda

NĂŁo tente adivinhar o que as pessoas pensam a seu respeito.
Faça a sua parte, se doe sem medo.
O que importa mesmo Ă© o que vocĂȘ Ă©.
Mesmo que outras pessoas nĂŁo se importem.
Atitudes simples podem melhorar sua vida.
NĂŁo julgue para nĂŁo ser julgado.
Um covarde Ă© incapaz de demonstrar amor
- isso é privilégio dos corajosos.

Mahatma Gandhi

Nota: Apenas a Ășltima frase Ă© de autoria do autor.

Quero tudo novo de novo. Quero nĂŁo sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais.
Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçå-los mais. Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem. Quero me olhar mais. Cortar mais os cabelos. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais.
Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente e só o necessário para trás. Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais.

Desconhecido

Nota: Muitas vezes atribuĂ­do, de forma errĂŽnea, a Fernando Pessoa.

Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... Ă© tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua...

Mario Quintana
Espelho mĂĄgico. Porto Alegre: Ed. Globo. 2005

Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu nĂŁo falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia

Clarice Lispector
A paixĂŁo segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Poema 20

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite estĂĄ estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lĂĄ ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como nĂŁo ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que nĂŁo a tenho. Sentir que jĂĄ a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lĂĄ que o meu amor nĂŁo pudesse guardĂĄ-la.
A noite estĂĄ estrelada e ela nĂŁo estĂĄ comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma nĂŁo se contenta com havĂȘ-la perdido.
Como para chegĂĄ-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não estå comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas ĂĄrvores.
NĂłs dois, os de entĂŁo, jĂĄ nĂŁo somos os mesmos.
JĂĄ nĂŁo a amo, Ă© verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. SerĂĄ de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
JĂĄ nĂŁo a amo, Ă© verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma nĂŁo se contenta por havĂȘ-la perdido.
Embora seja a Ășltima dor que ela me causa,
e estes sejam os Ășltimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda
Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1999.

Nota: Tradução de Fernando Assis Pacheco

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24 Toques para Ser Mais Feliz

01 - Seja ético.
A vitória que vale a pena é a que aumenta sua dignidade e reafirma valores profundos. Pisar nos outros para subir desperta o desejo de vingança.

02 - Estude sempre e muito.
A glĂłria pertence Ă queles que tĂȘm um trabalho especial para oferecer.

03 - Acredite sempre no amor.
NĂŁo fomos feitos para a solidĂŁo. Se vocĂȘ estĂĄ sofrendo por amor, estĂĄ com a pessoa errada ou amando de uma forma ruim para vocĂȘ. Caso tenha se separado,curta a dor, mas se abra para outro amor.

04 - Seja grato(a) a quem participa de suas conquistas.
O verdadeiro campeĂŁo sabe que as vitĂłrias sĂŁo alimentadas pelo trabalho em equipe. Agradecer Ă© a melhor maneira de deixar os outros motivados.

05 - Eleve suas expectativas.
Pessoas com sonhos grandes obtĂȘm energia para crescer. Os perdedores dizem: "isso nĂŁo Ă© para nĂłs". Os vencedores pensam em como realizar seu objetivo.

06 - Curta muito a sua companhia.
Casamento dĂĄ certo para quem nĂŁo Ă© dependente.

07 - Tenha metas claras.
A História da Humanidade é cheia de vidas desperdiçadas: amores que não geram relaçÔes enriquecedoras, talentos que não levam carreiras o sucesso, etc. Ter objetivos evita desperdícios de tempo, energia e dinheiro.

08 - Cuide bem do seu corpo.
Alimentação, sono e exercício são fundamentais para uma vida saudåvel. Seu corpo é seu templo. Gostar da gente deixa as portas abertas para os outros gostarem também.

09 - Declare o seu amor.
Cada vez mais devemos exercer o nosso direito de buscar o que queremos (sobretudo no amor). Mas atenção: elegùncia e bom senso são fundamentais.

10 - Amplie os seus relacionamentos profissionais.
Os amigos sĂŁo a melhor referĂȘncia em crises e a melhor fonte de oportunidades na expansĂŁo. Ter bons contatos Ă© essencial em momentos decisivos.

11 - Seja simples.
Retire da sua vida tudo o que lhe då trabalho e preocupação desnecessårios.

12 - NĂŁo imite o modelo masculino do sucesso.
Os homens fizeram sucesso a custa de solidĂŁo e da restrição aos sentimentos. O preço tem sido alto: infartos e suicĂ­dios. Sem dĂșvida, temos mais a aprender com as mulheres do que elas conosco. Preserve a sensibilidade feminina - Ă© mais natural e mais criativa.

13 - Tenha um orientador.
Viver sem Ă© decidir na neblina, sabendo que o resultado sĂł serĂĄ conhecido, quando pouco resta a fazer. Procure alguĂ©m de confiança, de preferĂȘncia mais experiente e mais bem sucedido, para lhe orientar nas decisĂ”es, caso precise.

14 - Jogue fora o vício da preocupação.
Viver tenso e estressado estĂĄ virando moda. Parece que ser competente e estar de bem com a vida sĂŁo coisas incompatĂ­veis. Bobagem... Defina suas metas, conquiste-as e deixe as neuras para quem gosta delas.

15 - O amor Ă© um jogo cooperativo.
Se vocĂȘs estĂŁo juntos Ă© para jogar no mesmo time.

16 - Tenha amigos vencedores.
Aproxime-se de pessoas com alegria de viver.

17 - Diga adeus a quem nĂŁo o(a) merece.
Alimentar relacionamentos, que sĂł trazem sofrimento Ă© masoquismo, Ă© atrapalhar sua vida. NĂŁo gaste vela com mau defunto. Se vocĂȘ estiver com um marido/mulher que nĂŁo esteja compartilhando, empreste, venda, alugue, doe... e deixe o espaço livre para um novo amor.

18 - Resolva!
A mulher/homem do milĂȘnio vai limpar de sua vida as situaçÔes e os problemas desnecessĂĄrios.

19 - Aceite o ritmo do amor.
Assim como ninguém vai empolgadíssimo todos os dias para o trabalho, ninguém estå sempre no auge da paixão. Cobrar de si e do outro viver nas nuvens é o começo de muita frustração.

20 - Celebre as vitĂłrias.
Compartilhe o sucesso, mesmo as pequenas conquistas, com pessoas queridas. Grite, chore, encha-se de energia para os desafios seguintes.

21 - Perdoe!
Se vocĂȘ quer continuar com uma pessoa, enterre o passado para viver feliz. Todo mundo erra, a gente tambĂ©m.

22 - Arrisque!
O amor nĂŁo Ă© para covardes. Quem fica a noite em casa sozinho, sĂł terĂĄ que decidir que pizza pedir. E o Ășnico risco serĂĄ o de engordar.

23 - Tenha uma vida espiritual.
Conversar com Deus é o måximo, especialmente para agradecer. Reze antes de dormir. Faz bem ao sono e a alma. Oração e meditação são fontes de inspiração.

24 - Muita paz, harmonia e Amor... sempre!

NĂŁo te quero senĂŁo porque te quero,
e de querer-te a nĂŁo querer-te chego,
e de esperar-te quando nĂŁo te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te sĂł porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
Ă© nĂŁo te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirĂĄ a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,

Nesta histĂłria sĂł eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.

Pablo Neruda
Cem sonetos de amor

Nota: Soneto LXVI

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Que medo alegre, o de te esperar.

Clarice Lispector
Borelli, Olga. Clarice Lispector: esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
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TIRE-O DA CABEÇA

VocĂȘ estava apaixonado por alguĂ©m e levou um fora. Acontece mais do que acidente de aviĂŁo, desastre com romeiros e incĂȘndio na floresta. CoraçÔes partidos Ă© o grande drama nacional. O que fazer? Ainda nĂŁo lançaram um manual de auto-ajuda que consiga eliminar nossa fossa, e dos amigos sĂł podemos esperar uma frase, repetida Ă  exaustĂŁo: tire esse cara da cabeça. Parece fĂĄcil. Mas alguĂ©m aĂ­ me diga: como Ă© que se tira alguĂ©m de um lugar tĂŁo cheio de mistĂ©rios?

Gostar de alguĂ©m Ă© função do coração, mas esquecer, nĂŁo. É tarefa da nossa cabecinha, que aliĂĄs Ă© nossa em termos: tem alguma coisa lĂĄ dentro que age por conta prĂłpria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto: nĂŁo gosto mais dele, nĂŁo quero mais saber daquele prepotente, desapareça, um, dois e jĂĄ!

Parece que funcionou. VocĂȘ sai na rua para testar. Sim, vocĂȘ conseguiu: olhou vitrines, comeu um sorvete e folheou duas revistas sem derramar uma Ășnica lĂĄgrima. AtĂ© que começa a tocar uma mĂșsica no rĂĄdio e desanda a maionese. VocĂȘ nĂŁo tirou coisa alguma da cabeça, ele ainda estĂĄ lĂĄ, cantando baixinho pra vocĂȘ.

TĂĄticas. NĂŁo ficar em casa relendo cartas e revendo fotos. Descole uma festa e produza-se para matar. VocĂȘ bem que tenta, mas nada sai como o planejado. Os casais que se beijam ao seu lado sĂŁo como socos no estĂŽmago. VocĂȘ se sente uma retardada na pista de dança. Um carinha puxa papo com vocĂȘ e tudo o que ele diz Ă© comparado com o que o seu ex diria, com o que o seu ex faria. Chamem o EccoSalva.

Livros. Um Ăłtimo hĂĄbito, mas em vez de abstrair, vocĂȘ acha que tudo o que o escritor escreve Ă© para vocĂȘ em particular, tudo tem semelhança com o que vocĂȘ estĂĄ vivendo, mesmo que vocĂȘ esteja lendo sobre a erupção do VesĂșvio que soterrou PompĂ©ia.

Viajar. Quem vai na bagagem? Ele. VocĂȘ fica olhando a paisagem pela janela do ĂŽnibus e sĂł no que pensa Ă© onde ele estarĂĄ agora, sem notar que ele estĂĄ ali mesmo, preso na sua mente.

Livrar-se de uma lembrança Ă© um processo lento, impossĂ­vel de programar. NinguĂ©m consegue tirar alguĂ©m da cabeça na hora que quer, e Ă s vezes a Ășnica solução Ă© inverter o jogo: em vez de tentar nĂŁo pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e vocĂȘ, de tĂŁo acostumada com ela, acaba por esquecĂȘ-la. Com fĂłrceps Ă© que a criatura nĂŁo sai.

Martha Medeiros
CrÎnica "Tire-o da cabeça", 1998.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas GĂȘmeas, a 4 de setembro de 1998.

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Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu.

Procure me amar quando menos mereço, pois é quando mais preciso.

Provérbio sueco

Nota: A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuĂ­da a Mario Quintana.

Enquanto nĂŁo atravessarmos a dor de nossa prĂłpria solidĂŁo, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, Ă© necessĂĄrio ser um.

Fernando Teixeira de Andrade

Nota: A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuĂ­da a Fernando Pessoa.

Amanheci em cĂłlera. NĂŁo, nĂŁo, o mundo nĂŁo me agrada. A maioria das pessoas estĂŁo mortas e nĂŁo sabem, ou estĂŁo vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nĂłs quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dĂĄ remorso. E nĂŁo mentir Ă© um dom que o mundo nĂŁo merece.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crĂŽnica Dies irae.

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