Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Todos os sentimentos podem conduzir ao amor e Ă paixĂŁo. Todos: o Ăłdio, a compaixĂŁo, a indiferença, a veneração, a amizade, o medo e atĂ© mesmo o desprezo. Sim, todos os sentimentos... exceto um: a gratidĂŁo. A gratidĂŁo Ă© uma dĂvida: todo o homem paga as suas dĂvidas... mas o amor nĂŁo Ă© dinheiro.
O amor revela as qualidades sublimes e ocultas do que ama, - o que nele hĂĄ de raro, de excepcional: nesse aspecto facilmente engana quanto ao que nele hĂĄ de habitual.
NĂŁo hĂĄ disfarce que possa esconder por muito tempo o amor quando este existe, nem simulĂĄ-lo quando este nĂŁo existe.
Ser mãe é assumir de Deus o dom da criação, da doação e do amor incondicional. Ser mãe é encarnar a divindade na Terra.
Um amor mais forte que tudo, mais obstinado que tudo, mais duradouro que tudo, Ă© somente o amor de mĂŁe.
à errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não serå criada em anos, ou mesmo em geraçÔes.
Na sua primeira paixĂŁo, a mulher ama o seu amante; em todas as outras, do que ela gosta Ă© do amor.
CrĂŽnica de um amor anunciado
Toda pessoa apaixonada Ă© um publicitĂĄrio em potencial. NĂŁo anuncia cigarros, hidratantes ou mĂĄquinas de lavar, mas anuncia seu amor, como se vivĂȘ-lo em segredo diminuĂsse sua intensidade.
O hĂĄbito começa na escola. O caderno abarrotado de regras gramaticais, fĂłrmulas matemĂĄticas e liçÔes de geografia, e lĂĄ, na Ășltima pĂĄgina, centenas de coraçÔes desenhados com caneta vermelha. Parece aula de ciĂȘncias, mas Ă© introdução Ă publicidade. Em breve se estarĂĄ desenhando coraçÔes em ĂĄrvores, escrevendo atrĂĄs da porta do banheiro e grafitando a parede do corredor: Suzana ama JoĂŁo.
A partir de uma certa idade, a veia publicitĂĄria vai tornando-se mais discreta. JĂĄ nĂŁo anunciamos nossa paixĂŁo em muros e bancos de jardim. Dispensa-se a mĂdia de massa e parte-se para o telemarketing. Contamos por telefone mesmo, para um pĂșblico selecionado, as Ășltimas notĂcias da nossa vida afetiva. Mas alguns nĂŁo resistem em seguir propagando com alarde o seu amor. Colocam anĂșncios de verdade no jornal, geralmente nos classificados: Kika, te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo, nĂŁo me deixe por essa loira de farmĂĄcia. Joana, foi bom pra vocĂȘ tambĂ©m?
O grau måximo de profissionalismo é atingido quando o apaixonado manda colocar sua mensagem num outdoor em frente a casa da pessoa amada. O recado é para ela, mas a cidade inteira fica sabendo que alguém estå tentando recuperar seu amor. Em grau menor de assiduidade, hå casos em que apaixonados mandam despejar de um helicóptero pétalas de rosas no endereço do namorado, ou gastam uma fortuna para que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu. A criatividade dos amantes é infinita.
O amor Ă© uma coisa Ăntima, mas todos nĂłs temos a necessidade de tornĂĄ-lo pĂșblico. Ă a nossa vitĂłria contra a solidĂŁo. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus tĂtulos com buzinaços, foguetĂłrio e cantorias, queremos tambĂ©m alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguĂ©m que faz nosso coração bater mais forte. Ă por isso que, mesmo nĂŁo sendo adepta do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silĂȘncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado.
A amizade da mulher para com o homem Ă© um beco sem saĂda, para o qual a empurrou o engano no amor.
