Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
"Muito amor"
Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. Ă mais feliz gostar, amar Ă© pra quem pode. Mas vocĂȘ ou a vida ou sei lĂĄ. Insiste. E entĂŁo chega enorme. E sĂł me resta rir que nem quando vejo um bebĂȘ muito pequeno e lindo. VocĂȘ ri. Vai fazer o quĂȘ? Ă o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se vocĂȘ gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor. E entĂŁo fico querendo nĂŁo trair a beleza. Com vocĂȘ sinto a fidelidade de ser tranquila. Um pacto de paz com o mundo. Pra nĂŁo me afastar de vocĂȘ quando estou longe. E Ă© impossĂvel entĂŁo que os martelos do apartamento de cima sejam realmente martelos. E Ă© impossĂvel que as chatices do dia sejam realmente sem solução. E os outros caras, aviso, olha, Ă© amor. Ă amor. Ainda que eu quisesse, nĂŁo consigo mais nem um centĂmetro pra vocĂȘ. Desculpa. O amor Ă© terrivelmente fiel. Porque ele ocupa coisas nossas que nem existem nos sentidos conhecidos. Ă como tomar ĂĄgua morna depois de ter engolido um filtro inteiro de ĂĄgua geladinha. NinguĂ©m nem pensa nisso. Muito amor. De um jeito que era mesmo o que eu achava que existia. E Ă© orgĂąnico dentro da gente ainda que vendo de fora nĂŁo pareça caber. O corpo dĂĄ um jeito. Minha casca reclama mas incha. Tudo faz drama dentro de mim, ainda que nada seja realmente de surpresa. Sentir isso era o casaco de frio que sempre carreguei no carro. Cansado, abandonado, amassado, sujo, velho. Mas, de repente, tudo isso desistente tem serventia e a vida te abraça. O guarda-chuva do porta-malas. A bolsa falsa do assalto que minha mĂŁe mandava eu ter embaixo do banco do passageiro. Sentir isso sĂŁo os trocos que vocĂȘ guarda pra emergĂȘncia. Amar grande Ă© gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que nĂŁo se tem. Amar grande Ă© ter vertigem no chĂŁo mas sentir um chamado pra voar. Amar grande Ă© essa fome enjoada ou esse enjĂŽo faminto. Ă o soco do bem na barriga. Ă mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. Ă o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu nĂŁo aguentar a vida. Ă o açĂșcar que carrego junto. Ă tudo que pode sair do controle. Ă meu corpo caindo. E as almofadas de vĂĄrias cores pra me dizer que pode dar certo. Ă o desespero aconchegante.
Minha vida, minha paz, Ă© vocĂȘ e mais ninguĂ©m. No amor a gente acredita, esse Ă© o amor que eu sempre quis. Faz o nosso mundo tĂŁo perfeito, esse amor que nos faz feliz.
Eu quero encontrar alguém
que ao ver que meu amor caiu e se quebrou
nĂŁo o jogue fora,
mas que, com carinho,
junte os pedacinhos
e me ajude a consertar.
NĂŁo tem poesia nem palavra difĂcil e nem construção sofisticada. O amor Ă© simples como sorrir numa droga de fila. E nĂŁo se sentir mais sozinho e nem esperando e nem desesperado e nem morrendo e nem com tanto medo.
Quero comer bolo de noiva,
puro açĂșcar, puro amor carnal
disfarçado de coraçÔes e sininhos:
um branco, outro cor-de-rosa,
um branco, outro cor-de-rosa.
Que bom amor... Um amor assim contagiante! à tão gostoso, é alto astral! O nosso amor é grande, ele nunca tem preço, cada vez fica melhor!
Certos graus de amor sĂł sĂŁo perceptĂveis a partir da impossibilidade de se exercerem ou da ameaça de nĂŁo poderem jamais vir Ă tona.
O amor me fere é debaixo do braço, de um vão entre as costelas, atinge o meu coração é por esta via inclinada
Nota: Trecho de poema presente no livro "Bagagem", de Adélia Prado. Link
Preciso ser livre - nĂŁo aguento a escravidĂŁo do amor grande, o amor nĂŁo me prende tanto.
Se nĂŁo amas a pessoa certa, nĂŁo estĂĄs no caminho errado; apenas o seu amor ainda nĂŁo foi encontrado.
SĂł quem passa pelo gelo da dor chega ao incĂȘndio do amor.
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu meus cartÔes de visita
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minha dieta
O amor comeu todos os meu livros de poesia
O amor comeu meu Estado, minha cidade
O amor comeu minha paz, minha guerra, meu dia e minha noite
Meu inverno, meu verĂŁo
Comeu meu silencio, minha dor de cabeça
O meu medo da morte
