Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Ainda existem almas para as quais o amor Ă© o contato de duas poesias, a fusĂŁo de dois devaneios.

Olha: nĂŁo posso mais! Ando tĂŁo cheio

Deste amor, que minh’alma se consome

De te exaltar aos olhos do universo...



Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:

E, fatigado de calar teu nome,

Quase o revelo no final de um verso.

Mas nĂŁo hĂĄ paixĂŁo sofrida em dor e amor a que nĂŁo se siga uma aleluia.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A gente nunca perde por ser puro, por ser ingĂȘnuo, por querer dar amor. Quem perde Ă© o outro que nĂŁo soube receber.

O Amor

O Amor Ă© semelhante ao homem que semeia um arado.

Após ter munido o solo de todos os cuidados, ele lança sua semente e espera que ali cresça uma vegetação vistosa que lhe ofereça bons frutos.

Quando isto ocorre, aquele semeador é feliz e redobra seus cuidados com o solo e lança mais e mais sementes neste, pois sua dedicação é correspondida.

Mas se de outro modo no solo não cresce boa vegetação e por isso o semeador não obtém bons frutos, este pode até tentar corrigir o que porventura ele tenha feito de errado, dando até uma atenção ainda mais especial ao solo.

E se ainda assim o solo não se fertiliza e seus cuidados com ele não geram uma boa colheita, o semeador entristece, abandona o solo e sai a procura de outras terras onde possa semear na esperança de dias melhores...

Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor.

O amor de um pelo outro é como uma extensa sombra que se beija, sem qualquer esperança de realidade.

AnaĂŻs Nin
NIN, A., A Casa do Incesto, AssĂ­rio e Alvim, 1993

Quero um amor sossegado. AlguĂ©m para me abraçar, assistir um filme, jogar baralho, viajar, conversar, contar o dia, fazer cafunĂ©, dar apoio, confortar. Quero troca, carinho, respeito, cumplicidade. O amor Ă© uma amizade sem inveja. É um sonho com realidade. É uma realidade sem photoshop. O amor Ă© um abraço apertado, um olhar que se encontra, um silĂȘncio que nĂŁo incomoda, um barulho de onda, um gosto bom. NĂŁo tem serenata, mas tem bilhetinho dentro da bolsa. E rotina, cansaço, discussĂŁo, divergĂȘncias de opiniĂŁo. Mas, acima de tudo, tem paciĂȘncia. E vontade.

O que conta não são as teorias que se tem na mente, mas o amor que se tem no coração.

Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina...

Meu amor, disciplina Ă© liberdade.

Se sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor.

O amor permanece, o homem Ă© que muda. P.C.

Se nĂŁo amas a pessoa certa, nĂŁo estĂĄs no caminho errado; apenas o seu amor ainda nĂŁo foi encontrado.

"Muito amor"

Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar Ă© pra quem pode. Mas vocĂȘ ou a vida ou sei lĂĄ. Insiste. E entĂŁo chega enorme. E sĂł me resta rir que nem quando vejo um bebĂȘ muito pequeno e lindo. VocĂȘ ri. Vai fazer o quĂȘ? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se vocĂȘ gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor. E entĂŁo fico querendo nĂŁo trair a beleza. Com vocĂȘ sinto a fidelidade de ser tranquila. Um pacto de paz com o mundo. Pra nĂŁo me afastar de vocĂȘ quando estou longe. E Ă© impossĂ­vel entĂŁo que os martelos do apartamento de cima sejam realmente martelos. E Ă© impossĂ­vel que as chatices do dia sejam realmente sem solução. E os outros caras, aviso, olha, Ă© amor. É amor. Ainda que eu quisesse, nĂŁo consigo mais nem um centĂ­metro pra vocĂȘ. Desculpa. O amor Ă© terrivelmente fiel. Porque ele ocupa coisas nossas que nem existem nos sentidos conhecidos. É como tomar ĂĄgua morna depois de ter engolido um filtro inteiro de ĂĄgua geladinha. NinguĂ©m nem pensa nisso. Muito amor. De um jeito que era mesmo o que eu achava que existia. E Ă© orgĂąnico dentro da gente ainda que vendo de fora nĂŁo pareça caber. O corpo dĂĄ um jeito. Minha casca reclama mas incha. Tudo faz drama dentro de mim, ainda que nada seja realmente de surpresa. Sentir isso era o casaco de frio que sempre carreguei no carro. Cansado, abandonado, amassado, sujo, velho. Mas, de repente, tudo isso desistente tem serventia e a vida te abraça. O guarda-chuva do porta-malas. A bolsa falsa do assalto que minha mĂŁe mandava eu ter embaixo do banco do passageiro. Sentir isso sĂŁo os trocos que vocĂȘ guarda pra emergĂȘncia. Amar grande Ă© gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que nĂŁo se tem. Amar grande Ă© ter vertigem no chĂŁo mas sentir um chamado pra voar. Amar grande Ă© essa fome enjoada ou esse enjĂŽo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu nĂŁo aguentar a vida. É o açĂșcar que carrego junto. É tudo que pode sair do controle. É meu corpo caindo. E as almofadas de vĂĄrias cores pra me dizer que pode dar certo. É o desespero aconchegante.

NĂŁo alimentem o Ăłdio, tem muita gente por aĂ­ com fome de amor.

Minha vida, minha paz, Ă© vocĂȘ e mais ninguĂ©m. No amor a gente acredita, esse Ă© o amor que eu sempre quis. Faz o nosso mundo tĂŁo perfeito, esse amor que nos faz feliz.

Ninguém é maduro quando se trata de amor.

Amor possĂ­vel Ă© para os tolos.
Todos sabem que os melhores sĂŁo os amores impossĂ­veis!

Não tem poesia nem palavra difícil e nem construção sofisticada. O amor é simples como sorrir numa droga de fila. E não se sentir mais sozinho e nem esperando e nem desesperado e nem morrendo e nem com tanto medo.