Hoje a Felicidade Bate em minha Porta
Plantei uma flor que não pode florescer
Construí na minha mente
Terra fértil pra plantio
Impossível suportar a tempestade dentro do meu peito
A água e os ventos
Tudo destroem
Já está difícil segurar as raízes
Absorver o que é bom
Eu estou com medo
No jardim já tudo se desfez
O dia escurece a cada segundo
E com mais força
Tudo se repete
Vamos conseguir superar?
Essa catástrofe é natural
O sol tímido logo vai aparecer
Queimando as memórias remanescentes
E tudo
Olhe como sou
Traços do meu rosto
Manchas em minha pele
Cicatrizes em meu corpo
Minha forma fora do padrão
Meu sorriso estático
Olhos semi cerrados
Eufemismo, suponho
Naufrágio em Mim
Minha cama vira barco
quando a noite se estende
como um oceano sem margens,
e minhas lágrimas desenham
rotas incertas na pele
de um horizonte que nunca chega.
No grande vazio
onde o silêncio ecoa,
não sei para onde navegar.
Sou marinheiro de olhos fechados,
tateando as ondas com mãos vazias,
e a bússola que carrego
não aponta o caminho
para lugar algum.
Sinto fome,
uma ânsia que não cabe
no peito salgado de mágoas.
Dê-me de comer,
mas que seja algo
além desse vazio repetido,
além desse sal que corta a boca
e engasga meu grito mudo.
E quando tudo se perde
no mar que me afoga,
ele é meu único refúgio,
porto improvisado
nas águas turvas do medo.
Sua voz é como farol
que rompe a escuridão,
e eu, à deriva,
me deixo ser salvo
pela calma que ele traz,
pela promessa de terra firme
onde meu corpo cansado
possa, enfim, descansar.
Então, quando o calor de sua mão
toca minha pele fria,
a tempestade se dissolve
como névoa ao amanhecer.
A luz que ele lança sobre mim
é cais onde meus olhos secos
desaguam esperanças.
E no balanço desse barco incerto,
encontro o ritmo da paz
que tanto busquei
nos ventos que me arrastaram.
Naquele porto improvisado,
eu sou embarcação que cansa,
ancorando meus medos no peito
de quem não teme minhas águas.
Ele, farol e cais,
é o norte que escolhi seguir,
a promessa de que, mesmo à deriva,
há um destino além da tormenta,
um abraço onde o barco repousa
e meu naufrágio se desfaz.
O Encontro no Ônibus
Estava eu, mais uma vez, indo para a casa de minha avó. Para tanto, preciso pegar dois ônibus ou ir a pé até o ponto do segundo. Com muita cautela, vou. Passo atenciosamente de rua em rua, esquivando-me das esquinas como quem evita lembranças indesejadas.
Decido ir a pé. Chego ao segundo ponto um pouco cansado, o corpo denunciando a caminhada, e logo vejo meu ônibus se aproximar. Entro, pago e me assento. Como em qualquer outro dia, encaro a janela como uma tela em branco, onde os cenários passam rápido demais para serem compreendidos. Imagino tudo, porém nada de importância.
Um bairro se passou quando sinto um toque no braço, leve como o roçar de um galho ao vento. Vinha de alguém que se assentava do meu lado direito. Penso que foi apenas um esbarro casual e volto ao meu devaneio, mas novamente sinto. Dessa vez, decido me virar e entender o que estava acontecendo.
Era uma senhora, pequena e franzina, de mãos trêmulas e olhar perdido. Tentava, com delicadeza, chamar minha atenção. Algo havia de diferente em seu olhar — um brilho úmido que parecia conter todo o peso do mundo. O marejar de seus olhos já me inundava, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela segurou minha mão com firmeza, como quem busca âncora na tempestade.
Sem dizer uma palavra, ela apenas suspirou fundo, como se aquele gesto contivesse anos de histórias acumuladas. Seus dedos enrugados e frágeis envolviam minha mão como se segurassem um último pedaço de esperança. Por um instante, o mundo se reduziu àquele toque, e o barulho do ônibus se tornou um murmúrio distante.
Aos poucos, seus lábios se abriram, e num sussurro quase inaudível, ela disse:
— Você se parece com meu filho...
Houve um silêncio denso, como se o universo contivesse o fôlego. Não sabia o que responder, e talvez ela nem esperasse uma resposta. Apenas segurava minha mão, fixando o olhar num ponto indefinido do corredor.
— Ele partiu faz tanto tempo... — murmurou, com a voz quebrada pela saudade.
Um nó se formou na minha garganta. Respirei fundo, sentindo o peso daquele instante. Então, num gesto instintivo, apertei a mão dela com carinho e disse:
— Eu estou aqui... Pode me contar sobre ele, se quiser.
Ela pareceu surpresa, como se aquela simples oferta fosse um presente inesperado. Seus olhos marejados se voltaram para mim, e um sorriso tímido despontou, como um raio de sol por entre nuvens carregadas.
— Ele tinha esse jeito quieto... sempre olhava pela janela, pensativo. Gostava de imaginar histórias. E quando eu estava triste, ele só segurava minha mão, como você está fazendo agora.
Senti meu coração pulsar mais forte. Eu não era apenas eu — naquele instante, eu era um fragmento de memória viva. Ela continuou falando, e a cada palavra seu rosto se iluminava, como se a lembrança trouxesse o calor de um reencontro.
— Ele dizia que as nuvens eram mapas de terras mágicas — disse ela, sorrindo leve.
— Sempre acreditava que, se prestássemos atenção, descobriríamos um caminho que só os sonhadores enxergam.
Sorri também, e sem perceber, comecei a compartilhar minhas próprias memórias de viagens e pensamentos perdidos olhando pela janela. Ela escutava atenta, como quem encontra companhia na dor e na saudade.
Quando o ônibus freou bruscamente, ela soltou minha mão com delicadeza, como se devolvesse à realidade o que fora apenas um breve consolo. Antes de descer, olhou para mim com um sorriso pequeno, mas sincero, carregado de um agradecimento mudo.
— Obrigada... Você me fez lembrar que o amor não morre... Só se transforma em saudade.
Olhei para ela e, com um sorriso sincero, respondi:
— Talvez ele ainda segure sua mão... de algum jeito, através de quem traz um pouco dele no olhar.
Ela desviou o olhar por um momento, tentando conter as lágrimas. Mas quando voltou a me encarar, havia uma serenidade nova ali, como se minhas palavras tivessem encontrado um canto acolhedor dentro dela.
Fiquei observando-a partir, pequena e delicada, desaparecendo na multidão. O ônibus seguiu viagem, mas aquela sensação permaneceu em mim — uma mistura de melancolia e gratidão por ter sido, ainda que por poucos minutos, um porto seguro para alguém que precisava ancorar suas lembranças.
No caminho até a casa de minha avó, pensei sobre a força que existe em simplesmente estar ali para alguém. Às vezes, somos chamados a ser companhia em meio ao tumulto da cidade, como se a vida nos empurrasse para encontros que não esperávamos, mas que, de alguma forma, precisávamos viver.
E ali, entre a dor e o alívio, aprendi que às vezes somos porto, outras vezes somos naufrágio — e, no intervalo entre os dois, a vida nos permite tocar o coração de um desconhecido, deixando nele um pouco de calma, e levando conosco a certeza de que a humanidade sobrevive nos detalhes.
Sorrir é um gesto que me ajuda à cativar o carinho das pessoas que estão à minha volta ..
O nosso coração transborda de alegria...
Quando o nosso interior é exterior estão de harmonia plena do verdadeiro amor que estamos transmitindo...
Grandes portas se abrem para gente...
Bora espalhar amor...
Dias Fátima
Eu e minha amiga Nina
E lá estávamos nós, pedalando nossas bicicletas, deixando os cabelos dançarem ao sabor do vento. A estrada à nossa frente, a vida passando rápido, mas nossos olhares se cruzavam, e cada sorriso seu era como uma centelha que me impulsionava a ir mais longe. Meu coração batia forte, ansioso por descobrir algo novo, algo que só o desconhecido poderia nos oferecer.
Nina, com seu jeito único, misturava meiguice com uma pitada de loucura. Como não se encantar por ela? A menina das histórias mais fascinantes, dos momentos mais inesperados. Cada palavra que ela pronunciava era como uma página de um livro que eu nunca quisesse terminar.
Chegamos à beira da barragem, e seus olhos brilhavam como estrelas refletidas na água. Era como se o sol inteiro estivesse contido neles, iluminando tudo ao redor. Naquele momento, o mundo parecia se resumir à maravilha que era vê-la admirar a paisagem. Era a pureza de uma criança, a profundidade de uma mulher e a doçura de uma menina, tudo em um único olhar.
MINHA ESTRELA!
(Autoria: Otávio Abadio Bernardes)
Você é minha estrela!
Você, minha “estrelinha”!
Seja de noite... seja de dia...
Tenho certeza: contarei sempre com você
nos percalços da vida...
de noite ou de dia,
minha estrelinha eu quero
pra ser meu refrigério!
Você nunca apaga...
Você nunca desliga...
nem em pensamento!
Por mais que queira
Nem através do vento!
Não, aquela estrela
“pintada” e cantada
no Rádio, na Televisão...
Nada disso!
Você é minha “estrelinha”...
diferente, “mística”... só pra mim!
Uma “coisinha” deliciosa...
encantadora... que surgiu
de maneira muito amada
na minha vida, por acaso,
parecendo uma fada!
Você, minha “estrelinha”,
Tanto de noite, como de dia...
Justamente a paz que eu queria!!
Otávio Abadio Bernardes
"Muitas vezes, a minha... a sua... a nossa saudade agradece aqueles momentos
que você nos proporciona de volta!..."
Otávio ABernardes
Goiânia, 04 de abril de 2025.
Sempre que tenho um tempinho
eu venho aqui te ver.
Porque, não esqueço de você
minha encantadora amizade...
meu amado Bem-Querer!
Colha o dia
Colha a vida
Colha gentilezas
Viva com mais alegria
Porque meu irmão,
Minha irmã...
A vida é um sopro.