Galhos
Se buscar bem terás achado
Não os galhos (ressequidos) do cerrado
Não o chão (cascalhado) do cerrado
Mas a diversidade (inexplicável) do cerrado.
(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)
NO MEU PINHEIRO (soneto)
Os verdes galhos do meu pinheiro
Ornei com cada nome dum amigo
Assim, num cordão de luz eu digo:
- És presente, presente por inteiro
Não importa a distância, está comigo
Na lembrança, no afeto companheiro
No estar fraterno e, muito verdadeiro
Aqui no peito em morada, eu testigo
Noutros ramos, saudades, num cheiro
Das ausências - o céu hoje o seu abrigo
"In memorian", - cada momento faceiro
Minha árvore de Natal, o amor bendigo
Com fé, gratidão, ao coração certeiro...
A ti amigo, que na amizade é querido!
(Pra cada amigo, um abraço neste cancioneiro...)
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Dezembro, 19, 2016
PASSARINHO
O passarinho, pelo céu, passa
Entre galhos, voo, mansinho
Desliza toda a sua graça
És livre no seu livre caminho
Na secura do cerrado, reaça
Entre tortos galhos, seu ninho
Num canto de encanto, bocaça
Aveludando a aridez num alinho
Lá, cá, acolá, na frente, na regaça
Em bando, passarinho, sozinho
És leve, garrido, como a cassa
Em galhos macios ou de espinho
Voa deslizante, de braça em braça
No campo, praça, qualquer cantinho
O passarinho, bom prol nos faça!
Ás, lento, alto ou baixinho, passarinho...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
28 novembro, 00’25” – 2017
Cerrado goiano
O CERRADO
Truncado, entre galhos tortos, sequioso
Duma vastidão desfolhada tal ladainha
Sacerdote do planalto, chão impetuoso
Do sertão, no entardecer o belo avizinha
Rezas quebrantos, o tempo moroso
Sobre cascas grossas, aves, aninha
E, ajoelhado, o pequi, tão saboroso
Tal os servos aos pés de uma rainha
Ardes, num calor do olhar, escaldante
Tão piedoso espera a chuva das flores
E pelos ipês, o inverno seco é ornado
E invade, empoeirado, o vento sonante
Num adeus ao dia, tal velhos amores...
Vem as estrelas, na vastidão do cerrado.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, 2018
Cerrado goiano
ALMA INQUIETA
Quem o cerrado dirá à alma inquieta no vazio?
De tortos em tortos galhos queixas soltas no ar
De estrelas em estrelas o pensamento a voar
Num calafrio, recolhido e só, eu, aqui sombrio...
Ergo os sonhos do chão seco, do pó a jorrar
Jorro angústias murchas do peito sem feitio
Cheio de desagrado, de pecado. E mal gentio
Que saudade doída! - Recordação sem paladar.
Pra purificar a sensação, um coração piegas
Livre da ingratidão, livre da trava indiferença
Onde, em perpétua quimera, devaneio cativo
Não posso então ter na ilusão as tais regras
E tão pouco nas lembranças cética crença
Amor e esperança vivem no cárcere que vivo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
balé
o vento no cerrado gosta de bailar...
vai bailando entre os galhos tortos,
e desafinado é o seu trotar.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Cerrado goiano
Canta o vento na folha seca
Dos galhos ásperos e tortuosos
A flora chora por uma trégua
Craquelado em uivos dolorosos
É o arqueado doce seco cerrado
De campos densos e preciosos
Chão goiano irregular e sulcado
Povo alado, de serena alma a trovar
Este cerrado abarroado, elevado
Que o desencanto encanta o poetar
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09/03/2016, 18'50" – Cerrado goiano
ENLACE ....
No cerrado titã e rubro, a sensação pura
Dos galhos tortos, irregular na sua rudez
Sente no cessar o abraço de sua ternura
Que envolve a noite no agreste timidez
Como o entardecer alastra sua formosura
Que para o anoitecer, tão caprichoso, fez,
A lua e as estrelas, entregam-se à belezura
No céu, da graça que vem pela primeira vez
Quando surge, por fim, a tenra alvorada
O sertão, bulido pela sombra orvalhada
Recorda, assim, tal uma luxúria nupcial
E o cerrado, saciado, rubro e gentio
Vai, frente ao dia, divertido e ébrio
Celebrando este feito matrimonial! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/01/2021, 05’37” – Triângulo Mineiro
O CERRADO
Melancolicamente, árido, vibrando
com o seu vento aflado, ondeante
nos tortos galhos, assim, chiando
o céu amplo e o horizonte distante
De múltipla coloração inconstante
em uma diversidade, espadanando
ao olhar, em um encanto sonante
que cativa com graça, poetizando!
Meu cerrado goiano, afável alento
feiticeiro, tão cheio de cabimento
em seu planalto de cobiças plenas
Diverso, e de um variegado em flor
misterioso, chão de ventura e teor
na complexidade, o sertão apenas!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17, abril, 2022, 16’20” – Araguari, MG
NOVAMENTE (cerrado)
Inverno, secura no cerrado, tempo ateu
Galhos desfolhados, chuviscos cobiçosos
Numa imensidão dos diversos frondosos
O ipê, na aspereza, com beleza floresceu
Melancólica brisa, surgiu, e se escondeu
Aquele horizonte em devaneios saudosos
Aguerridos gramíneos em vigores teimosos
Cá em agosto no planalto, singular apogeu
Tudo empoeirado, rara aquela boa aragem
O vendaval se atirando no infinito do nada
Desnudado os tortos galhos, díspar imagem
Mas, o cerrado convertedor, intensamente
Passa tão audacioso pela árdua temporada
Para em outubro, viçoso, brotar novamente
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 agosto, 2022, 16’16” – Araguari, MG
Somos dois pássaros
Que voam em galhos distintos
Somos pessoas apaixonadas
Que simplesmente são loucas, apaixonadas
E que não sabem
Quando parar ....
Islene Souza Leite
Encontrei uma árvore pássaro na selva, exímia e encorpada. Seus galhos cantavam e folhas pra quê?
As flores voavam, estalos de beijos nas bochechas do céu, seu rubor atiçavam e num instante voltavam.
A vida tem mil encantos e a natureza é seu trunfo maior.
A relva alada em raizes, galhos rendidos ao alto, são bicos de aves com fome...
Reverencia o céu, em rubor nublado, pela lua beijado. Ah! Não precisa de nome.
Novos galhos se constroem, oferecendo-nos sempre capítulos na árvore de nossas vidas, Deus sempre tem uma nova história pra nós.
“Queria ser o vento
Suave brisa que toca rostos,
Folhas e galhos…
Queria poder ser brisa carregada de esperança e
Tocar o coração de Deus,
Com minha melodia,
Meu som compacto e impactado
Pela voz do Criador!
Queria ser filho!
FILHO EU SOU!
Do Deus da Misericórdia
E da verdade!
Aquele que acalma o mar
Em noite de tempestade,
Aquele que me dá seu abraço
Quando estou no sofrimento!
Mas eu queria mesmo
QUE AS PESSOAS ACREDITASSEM
QUE O MEU DEUS É O MESMO DELAS
E QUE ELE É REAL!
Há,
Como eu queria!”
Dentro de nosso silêncio elaboramos
o que de melhor em nós existe.
O tempo passou e saímos do casulo,
e com persistência rompemos a barreira
que nos separava de tudo e de todos.
Cada qual com seu colorido peculiar,
e sinais de tempos difíceis enfeitando
nossas asas.
E no voar suave e delicado trouxemos
as cores aos jardins, matas, cidades,
lares e até em cavernas escuras; onde
seus habitantes recusam o adentrar da
luz.
E no refletir do sol sobre nós reluzimos
cores que desconhecem.
É no transformar resignado que tudo
muda de verdade, pode até doer, mas
depois de mudança nada será como
antes.
Chega de cinza, preto e branco; tente
ser a borboleta de sua vida e certamente
as cores lhe mostrarão o melhor da vida.
- Daqui de cima tudo é tão pequeno! Nossa, pareço estar deitada em algodão.
Tudo é tão azul e tão imenso quanto ao coração.
Percebeu que os sorrisos andam de mãos dadas e entrelaçam com a canção?
Perguntava a moça enquanto abria os olhos, sentada na grama ainda respingada de orvalho.
- É Percebi! Como é bom viajar! Sabe Moça, a maior viagem é sem passagem, bagagem ou qualquer intenção.
É a arte do (re)encontro. De "si" encontrar.
Como dizia o poeta: "Chegamos de muito longe, de alma aberta e coração cantando"
Respondia ele enquanto pegava impulso para levantar, com resquícios de galhos secos grudados em sua camiseta.
Chegava então o fim da tarde, era hora de voltar!
Minha alma é um galho seco, de tempos em tempos se renova, revive, revigora, e eu? eu trago em mim todas as dores que ninguém pode enxergar, as cores que só eu conheço e as lembranças que cada estação deixa nesses meus galhos.
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