Frases de Manoel de Barros
Pois minha imaginação não tem estrada. E eu não gosto mesmo da estrada. Gosto do desvio e do desver.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão –
Antes que das coisas celestiais.
Desfazer o normal há de ser uma norma.
Poderoso pra mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre
as insignificâncias (do mundo e as nossas)
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Natureza é uma força que inunda como os desertos.
Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore.
E agora o que fazer com essa manhã desabrochada a pássaros?
Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal -
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa dos pescadores.
Escrever nem uma coisa
Nem outra -
A fim de dizer todas -
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.
Quando o mundo abandonar o meu olho.
Quando o meu olho furado de beleza for esquecido pelo mundo.
Que hei de fazer.
As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.