O Brasil passa por um processo crítico... Azrael Asael (Tarin Michael)
O Brasil passa por um processo crítico na conjuntura nacional-política, em que a democracia volta a ocupar o centro do debate público. Enquanto parte da população defende valores democráticos, grupos poderosos atuam para corroer as instituições e proteger aqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito. Em qualquer país sério, quem ataca a democracia é responsabilizado de forma firme, pois o maior bem jurídico de uma nação é justamente sua democracia.
O golpe de 1964 revela que os impulsos autoritários nunca desapareceram totalmente. A tentativa de ruptura institucional em 8 de janeiro de 2023, com a invasão das sedes dos Três Poderes, demonstra que setores radicalizados da sociedade continuam alimentando práticas antidemocráticas. Os defensores de Bolsonaro são visíveis, ruidosos e perigosos, mas é preciso compreender que o verdadeiro risco nem sempre está naquilo que salta aos olhos: muitas vezes ele se esconde no silêncio calculado da articulação política.
Como afirmei há cerca de um ano, um dos maiores perigos políticos do Brasil atende pelo nome de Michel Temer. Diferentemente de figuras estridentes, Temer atua de forma discreta e sofisticada, dialogando com a direita, a extrema direita e o centrão. Ele circula com desenvoltura entre lideranças do Executivo, do Legislativo e mesmo das altas esferas do Judiciário, influenciando decisões, reposicionando forças e moldando silenciosamente o rumo do país.
Essa capacidade de articulação é o que o torna particularmente perigoso. Bolsonaro é barulho, mas Temer é estratégia. Bolsonaro tensiona as massas, enquanto Temer negocia nas sombras. Basta lembrar sua atuação no processo que levou à queda de Dilma Rousseff: um movimento que demonstrou sua habilidade em reorganizar o poder político nacional, não pela força, mas pela composição, pelo cálculo e pela costura de interesses.
Em 2026, o Brasil terá a oportunidade de reafirmar o compromisso com a democracia. Para isso, é preciso votar com consciência, enxergando além dos discursos inflamados e identificando os agentes que, silenciosamente, trabalham para fragilizar o sistema democrático. Não se trata apenas de rejeitar candidatos extremistas, mas também de compreender que figuras articuladoras — como Michel Temer — podem exercer influência decisiva na manutenção de alianças, no apoio a grupos antidemocráticos e na reprodução de estruturas de poder que colocam o país em risco.
O maior inimigo da democracia nem sempre é o que grita, mas o que age em silêncio. E, nesse silêncio, Michel Temer permanece como um dos políticos mais perigosos do Brasil contemporâneo, exatamente porque seu poder não aparece — mas opera.
