Os fenômenos extraordinários de... Marcelo Caetano Monteiro

Os fenômenos extraordinários de Eusapia Palladino.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
A trajetória de Eusapia Palladino inscreve–se entre as mais singulares da história dos estudos psíquicos e metapsíquicos. Nascida em contexto de extrema vulnerabilidade, recebeu poucos cuidados na infância e praticamente nenhum acolhimento afetivo. Sofreu maus tratos da avó e, ainda jovem, chegou a vagar pelas ruas até buscar amparo junto a uma família amiga de seus pais. Ali foi recebida provisoriamente, enquanto se decidia sua transferência para um convento.

O despertar da mediunidade.

Durante essa estadia temporária, a família que a acolhera mostrava interesse pelas experiências com mesas girantes, então muito difundidas na Europa do século dezenove. Apesar de sucessivas tentativas, nada conseguiam produzir. Recordaram-se então da jovem hóspede e convidaram-na a participar das sessões.

Assim que Eusapia integrou o círculo experimental, manifestou-se um conjunto de fenômenos absolutamente incomuns. A mesa elevou-se do chão diante de todos os presentes e outros movimentos intensos passaram a ocorrer, como o rodopiar de cadeiras e o choque de objetos no ar. Essa inesperada irrupção de efeitos físicos abriu para Eusapia uma nova realidade, afastando definitivamente a possibilidade de sua vida se encerrar no claustro religioso.

A partir desse episódio, sob a orientação dos professores Ercole Chiaia e Damiani, Eusapia Palladino, então iletrada e de modestíssima condição social, iniciou sua formação mediúnica e foi gradualmente introduzida ao meio científico europeu.

O professor Chiaia foi também o responsável por apresentá-la à comunidade acadêmica ao publicar, em mil oitocentos e oitenta e oito, no Jornal de Roma, uma carta dirigida ao célebre pesquisador Cesare Lombroso. Nesse documento, relatava minuciosamente os fenômenos observados e convidava Lombroso a investigá-los pessoalmente. O convite, contudo, só seria aceito três anos mais tarde.

A investigação científica.

Quando finalmente examinou os fenômenos, Cesare Lombroso reconheceu sua autenticidade e registrou: “Estou confuso e lamento haver combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espíritas”.

Sua mudança de posição repercutiu amplamente e motivou outros pesquisadores de renome a estudar a mediunidade de Eusapia. Entre eles destacam-se Charles Richet, Alexandre Aksakof, Dunglas Home, Ernesto Bozzano, Oliver Lodge, Albert De Rochas, Victorien Sardou, Gabriel Dellane e Camille Flammarion, entre muitos outros.

Ao longo de décadas, Eusapia submeteu-se aos exames mais exigentes, oferecendo condições rigorosas de controle para assegurar a legitimidade dos fenômenos.

A variedade de manifestações.

A casuística observada em torno de Eusapia Palladino é vasta. Registraram-se levitações, movimentação espontânea de objetos, execução de instrumentos musicais sem contato físico, alterações bruscas de temperatura, vozes que ecoavam no ambiente, escrita direta sem o uso das mãos, além de materializações e transporte de objetos como flores, moedas e pedras.

Também lhe eram atribuídas faculdades de leitura mental, visão à distância inclusive no escuro absoluto, compreensão de idiomas que não conhecia e influência sobre instrumentos sensíveis, como o eletroscópio, que se descarregava mesmo quando ela se encontrava a certa distância.

Apesar da extraordinária repercussão de seus dons, Eusapia manteve postura humilde, franca e generosa. Gostava de servir e de proporcionar auxílio aos que a procuravam.

Eusapia Palladino desencarnou em mil novecentos e dezoito, aos sessenta e quatro anos, após quase meio século de dedicação integral aos pesquisadores. Sua contribuição, somada ao apoio constante do professor Chiaia, proporcionou avanços significativos ao estudo científico dos fenômenos psíquicos e consolidou um novo capítulo na compreensão da mediunidade, da imortalidade da alma e das possibilidades de comunicação entre encarnados e desencarnados.

Bibliografia
Eusapia, A feiticeira. L. Palhano Jr., Celd.