Aceitar a sua cor...E me diz um... Edineurai SaMarSi

Aceitar a sua cor


...E me diz um cidadão,
que nunca passou por tal situação:
“Cada um tem que aceitar a sua cor...”


Como assim, aceitar?


A minha cor não é um câncer,
não é uma síndrome,
não é uma deficiência.


A minha cor não é uma doença
para ser aceita, superada, removida ou esquecida.


Posso ser uma mulher negra e doente,
mas não sou doente por ser negra.


É esse surto silencioso,
disfarçado, maquiado, hipócrita,
que enfrentamos todos os dias —
nos olhares, nas atitudes,
nas perguntas retóricas que ferem mais que o silêncio.


Eu sou livre.


Posso ser o que eu quiser,
e como eu quiser.
A minha cor não me define.
Não define o meu caráter,
os meus valores,
a minha competência.
Pelo menos...
não deveria.


Racismo não é doença a ser curada.
Racismo é burrice.
É ignorância.
É maldade.


Mais de cento e trinta anos
lutando contra o que nunca deveria ter existido.


Centos e trinta anos lutando
por uma liberdade que humilha,
que sufoca,
que prende,
que mata.