No princípio. A pampa era pasto, no... RENATO JAGUARÃO
No princípio.
A pampa era pasto, no mas,
Rio, coxilha e mato,
Sanga e quaraguatás.
Livres viviam por anos
Charruas e Minuanos,
Naqueles meados atrás.
Jês (Kaingang), tribos de mesmo sangue,
Pampiano — Charrua e Minuano —
Que um dia seriam paisano.
Guarani — Tapes, Arachanes, Carijós —,
De pedra, poeira e pó.
Depois vieram as Missões,
Jesuítas e suas canções
Num dialeto desigual.
Mas havia Portugal
Naquela peleja sem fim.
E chegaram no Mirim
Pra tomar parte do pago:
O coro, o mate amargo
Do gaúcho provinciano,
Do índio com castelhano,
Português também mesclou.
E o cavalo logo chegou,
Andaluz e Berbere,
O pala pro intempere,
A bota, garrão de potro,
Geada do mês de agosto.
O velho fogo de chão,
Nascia mangueira, galpão,
Velho templo sagrado.
O rancho ainda barreado,
De palha e chão batido,
De taquara repartido.
O gado, a plantação,
Depois, a Revolução,
O grito de liberdade,
Alguns buscando igualdade,
O fim da escravidão.
Pegaram armas na mão,
Lança, espada, garrucha,
E a bandeira gaúcha
Que chamavam pavilhão.
E assim se fez a história
De um povo forte e valente,
Da América continente.
Cultura, raça e coragem,
Que moldaram sua imagem:
Homem rude, campeiro,
Fronteiriço, missioneiro,
Pampeano por procedência,
Que carrega na essência
Um DNA que é só seu.
E assim o Rio Grande nasceu,
Moldando sua estampa
Em qualquer parte que acampa.
Esse quadro em debuxo:
Do cavalo e do gaúcho,
Eterno dono da pampa.
Renato Jaguarão.