⁠DE OPRIMIDOS E OPRESSORES Demétrio... Demétrio Sena - Magé

⁠DE OPRIMIDOS E OPRESSORES Demétrio Sena - Magé Ninguém deveria ficar bêbado, ou deslumbrado, com nenhuma posição na sociedade. Nem com o topo. Mas fico assusta... Frase de Demétrio Sena - Magé.

⁠DE OPRIMIDOS E OPRESSORES

Demétrio Sena - Magé

Ninguém deveria ficar bêbado, ou deslumbrado, com nenhuma posição na sociedade. Nem com o topo. Mas fico assustado com o quanto algumas pessoas ficam inebriadas com a possibilidade mais ínfima do topo. Nos primeiros degraus de uma independência ainda pseudo, porque essas pessoas ainda estão trabalhando feito loucas, para terceiros ou para si mesmas, tem início uma virada bizarra de chave. Se antes era oprimido, imediatamente o indivíduo começa a oprimir o outro que está pertinho dele; um ou dois degraus abaixo, como se um estivesse no céu e outro no abismo, sem nenhuma chance de ascensão.

Sim, do que mais trato aqui, é daquelas pessoas que não nasceram em ninho de ouro e conhecem bem de perto ou bem de dentro, as mais duras realidades sociais. Mesmo assim, ao experimentarem a convivência em patamares sociais um pouquinho mais elevados que sejam, iniciam uma escalada de vingança não contra quem os oprimia, e sim: contra quem passa pelos mesmos constrangimentos, vivencia as mesmas "situadas", injustiças e rasteiras sociais que elas vivenciaram... e ainda vivenciam, por parte daqueles que já estão um pouco ou muito acima, nessa escalada... ou nessa "escada".

A opressão pode fluir de formas diretas e contundentes. Também de formas muito veladas; até simpáticas e risonhas. Até em supostas inclusões, para "lá dentro" deixar evidente a exclusão. Inclusive em convites especiais, para no momento oportuno situar. Fazer o convidado sentir, de uma vez por todas, que ali não é o seu lugar. Ou sua turma. Ou sua praia. Tudo com um exibicionismo direto ou disfarçado (porque muitos não querem nem que os seus iguais percebam sua soberba; seus iguais, que também disfarçam, cada um, a própria soberba). Hipocrisia das denominadas altas rodas, às vezes nem tão altas.

Chega o ponto em que não existem amizades. Apenas hierarquias. Nem admirações, e sim, trocas de bajulação. Quem quiser se manter em sociedade precisa fingir para o degrau abaixo, pois é raro viver sem ter a quem "olhar por cima" e, por outro lado, bajular o degrau acima. Considerando o poder de consciência do que faz, o ser humano é a pior espécie da fauna. Ou de toda a natureza. Todos os dias, exerço lentamente o desapego à visibilidade. Faço arte, literatura e preciso sobreviver. Tirando a carência específica de sobrevivência íntima e fisiológica, vivo longos períodos de ostracismo social.

Ah; e tenho, sim, algumas relações afetivas não hierárquicas totalmente fora de todo este contexto.

Guapimirim, 05/06/2025

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