A arte e os caneludos No ano de 1970,... Djalma CMF

A arte e os caneludos

No ano de 1970, quando éramos noventa milhões em ação, o futebol do Brasil era mais respeitado. Nas três copas que antecederam a essa tivemos o menino das pernas tortas, que tinha por costume chamar as suas fáceis presas de João. Nesta época todos no planeta nos temiam por termos em campo o rei do futebol e um futebol conhecido como “Futebol Arte”. Era fácil achar craque em qualquer clube, até os pequenos clubes tinham os seus. A camisa dez era temida até entre os peladeiros, pois qualquer boleiro que se metesse a besta em vesti-la teria que mostrar qualidade para isso. O tempo passou e alguns homens que não foram brilhantes no campo quando eram jogadores, e outros que nunca jogaram bola, nem futebol de botão, tomaram o comando do futebol quase de assalto. Passaram a dar palestras e transformaram o futebol num quebra cabeça sem fim. Depois disso tudo mudou, deixamos de ter dois excelentes zagueiros e passamos a ter três, um seria considerado líbero, o que na prática não acaba se configurando pela falta de qualidade dos escolhidos, pois a função de líbero não é para qualquer um. Os laterais viraram alas, agora atacam como doidos e se defendem pessimamente, verdadeiros caronas. A cabeça de área era uma função exercida com brilhantismo por belíssimos jogadores na sua maioria, agora foi substituída por dois brutamontes que só sabem desarmar as jogadas dos adversários, e na maioria das vezes na base das faltas. Os jogadores do meio campo chamados de meia direita e meia esquerda formam riscados do mapa, criaram o meia de ligação, um só homem responsável pela criação, daí a dificuldade de se conseguir um homem de talento até para atuar na seleção, e por fim, sepultaram os pontas esquerda e direta, criando a figura do atacante, quando tem dois, diz que um dos atacantes funciona fixo na área enquanto o outro pelo lado do campo. Eles transformaram de forma cruel o antigo talento numa correria quase louca, jogadores viraram atletas. Daí fica fácil entender à posição intermediária da seleção brasileira no ranking atual da FIFA.