Quão grande é o poder pertencente às... Dhieferson Lopes

Quão grande é o poder pertencente às palavras. Maiores ainda são os efeitos que elas podem causar. É perigoso descrever coisas ou compará-las a outras fazendo o uso de vocábulos que julgamos ser parecidos, precisos ou adequados.
O contexto de uma frase muda, de modo significativo, caso haja adição ou subtração de alguma palavra. O que dizemos hoje pode não ser uma realidade amanhã.
Numerosos são os segredos contidos nas palavras, usa-se a interpretação para o descobrimento destes. Quando a interpretação é aprimorada ela causa resultados como a fuga do comodismo, o questionamento constante, a busca do saber e a curiosidade em descobrir o que há por trás das simples concepções. Dessa forma é gerado um estado evolutivo da interpretação: a criticidade.
Há uma enorme diferença em dizer que o céu fica bonito quando está azul e o céu só fica bonito quando está azul.
O sábio é capaz de entender que a utilização das palavras exige extrema cautela. Principalmente quando coisas que se alteram são comparadas à espiritualidade, ao divino, à explicação de um todo ou até mesmo aos sentimentos. Alguém que afirma, no passado, que o amor ou outro alguém possui o mesmo calor que o sol com o intuito de ser romântico, certamente, será interpretado como um insensível ou suicida por alguém que vive no futuro – século vinte e um – e enfrenta a insuportável quentura do aquecimento global.
O ser crítico percebe que nem tudo o que está escrito é, necessariamente, a verdade. É apto a desvendar que não se pode ter apenas como verdade absoluta um livro que agrega escritas registradas, por homens, em um passado distante.