Fiz de Mim o que Nao Soube
Não pararei de escrever, e não apenas por me pedires tal coisa; mas sim por ser quem sou e tudo o que sei fazer nesta vida.
Minha prece cordial é "não me deixeis errar na gramática, na ortografia, muito menos na coerência e coesão..."
Agora os rótulos aparecem, não tem como evitar. Porém se os rótulos aparecem, é porque de algum modo chamamos a atenção.
Estudante para o desenho "Cigarro em uma mão e bebida na outra. Só não tem mais drogas porque acabaram as mãos" "Para que servem os bolsos?"
E espante-se quem quiser, mas há muito mais coisas em minha mente que não se conforma com estas que vemos todos os dias.
Esse lance de que um sempre vai amar mais que o outro me assusta, não por medo de amar mais, é justamento pelo amor de menos que eu temo, bom seria se amor fosse na mesma proporção.
Ir embora em fuga...
Não é uma boa escolha fazer o outro te esperar todos os dias.
É um ser fortificado pela dor que se deve temer.
Mordido
Me falta um pedaço que foi bem mordido por quem não posso culpar.
Lembro-me inteiro e como antes sentia ali onde não faltava.
Não fui surpreendido por aquela malícia.
Sabia dos dentes, do profundo olhar que traga.
Deixei sem interromper. Era vivo; era eu e meu.
Fui aquela parte levado como por alguém que espalhasse minhas palavras nos ouvidos de tantos, nos encontros e apresentações, nas ruas escurecidas que estão poucos a sorrir.
Deixei.
Sou resignificado.
A Parte que foi, deixa o espaço e todo seu passado inviolado.
As linhas preenchidas são mais soltas e vão mais facilmente por todas essas janelas abertas.
Delas não se vê o jardim; se vê lua. Ficou mais frio, mais denso e escuro.
A Parte que foi, deixa o espaço.
Lembro-me inteiro e como antes sentia ali onde estava.
Resignifico meus dedos nessas linhas preenchidas.
Receoso ainda. Mordido. Sem medo atravesso a noite.
Entroso movimentos nas voltas do que vejo e do que foi.
Tão vivo quanto são as charadas e as metáforas que se tornam uma na outra.
Ora com chances, ora sem apelos.
E se eu não tivesse perdido a chave naquele dia, o queria seria hoje?
Teria te visto na rua? Ao quase trombar em você. Talvez você passasse muito à frente, antes de eu estar no ponto certo de você entrar na minha vida, talvez você passasse atrás de mim, me veria de costas e eu até hoje não saberia a cor dos seus olhos.
Lembro que estava procurando a chave, que fiquei mal-humorado e fiquei xingando alguns santos, se eu soubesse que aquilo era necessário, que era responsável pelo sorriso que dei hoje de manhã ao te beijar e foi tão bom, jamais reclamaria.
Aproveite cada momento, seja ele bom ou ruim, seja ele provocante, ou louco, pois são eles que compõem uma vida, que trazem um amor, um sorriso, que salvam vidas. Talvez se eu tivesse encontrado a chave antes, teria atravessado a rua e, distraído, não estaria aqui, por mais simples que tenha sido, hoje sei que a chave perdida me trouxe dias bons e ruins, me trouxe amor.
E acontece se conhecem, e vivem, e dividem sorrisos e sonhos... Mas desacontecem, se esquecem, não se veem mais, só vivem, mas só um apaga tudo, mas só um não esquece.
Sabe desde que nascemos nossa vida segue uma sequencia apesar de conhecermos pessoas novas, e as mesmas ficarem para trás, sempre carregamos uma lembrança delas como algo que modificou nós mesmo.
Mas o amor quando se transforma, não trás mais o que deveria trazer.
Cada amor, cada encontro, cada paixão, cada festa, deveria deixar algo bom, lembranças boas, sorrisos inúteis, pulinhos de felicidade, qual a importância até então de algo que não nos deixa bem, que não nos trás bons pensamentos depois?