Fernando Pessoa Mudanca

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No começo eu esperava, que viesse alguém, um dia. Não veio nada, não veio ninguém.

Não roube os meu desejos mais secretos. Deixe-os guardados e calmos no canto que os escondi. Deixe os meus suspiros e arrependimentos em tranqüilidade aparente. Não é a hora exata? Não somos exatos! A exatidão me aborrece. A compreensão me deprime. Sua solidão me enlouquece.

... mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço...

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Se você soubesse como ando escuro, como ando perdido, como me distanciei de mim e das coisas em que acreditava.

Acredite: O passado não tem volta, e nada dói pra sempre.

Que apóie nossos fatigados pés descalços ao fim de mais outras semanas de batalhas inúteis, fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados.

A verdade é que quando você volta, eu mando você ir embora de novo. E quando você vai embora, eu quero que você volte mais uma vez.

Como se houvesse entre aqueles dois uma estranha e secreta harmonia.

Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo, mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir por quê.

Não me venhas com Densas Complexidades Psicológicas. Artimanhas, embustezinhos corriqueiros. Portas falsas, coração. Tudo isso me nauseia como a décima dose de um licor de anis.

Se você começar a sentir minha falta, lembre-se que eu não fugi. Você que me deixou ir.

Pensamentos, assim como cabelos, também acordam bagunçados.

Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades. (...) E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão.

-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.

Não se alcança o coração de alguém com pressa.

Eles foram intensamente felizes enquanto nada acontecia.

Não só em relação a ele, mas a muitas outras coisas, quero que daqui pra frente a vida seja hoje. A vida não é adiável.

[...] Sabe o que eu sinto? Tem duas coisas me puxando, dois tipos de vida — e eu não quero nenhum deles. Quero um terceiro, o meu. Que ninguém tá curtindo. [...] — não estou conseguindo viver como eu gostaria — e não tenho coragem de ficar sozinho e tentar, você me entende? Acho que não. Eu vou levando, tenho horas de soluções drásticas, vou levando. Mas não sei até quando. [...] E eu fico muito comigo mesmo nisso tudo — cada vez mais sufocado, mais necessitado que pinte um VERDADEIRO ENCONTRO com outra pessoa, seja em que termos for. Parece que ou eu ou os outros não somos mais tão disponíveis. Será que estou fechando, perdendo a curiosidade? Eu não sei. Vou dormir. Amanhã te escrevo mais um pouco.

E à noite eu ainda te espero, mesmo quando sei que você não virá, só para ter saudade.