Fernando Pessoa Ausencia
Aprendi a viver, ou conviver, com a falta, a perda, a ausência… Certas coisas, não vale a pena ter de volta.
Numa profunda tristeza,
Afogo-me.
A tua ausência faz me pensar,
Chorando, lágrimas de saudade.
Saudade do que não vejo.
Mas do que desejo.
Amor que provocas ilusão,
Mas nos momentos de solidão.
Só vejo...
Uma profunda desolação.
Paz não é a ausência de guerra. É uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça.
As pessoas dizem que a ausência deixa o coração mais apaixonado, mas acho que estão erradas. A proximidade deixa o coração mais apaixonado.
A Morte, que da vida o nó desata,
os nós, que dá o Amor, cortar quisera
na Ausência, que é contra ele espada fera,
e com o Tempo, que tudo desbarata.
Até podemos fingir que não nos importamos com a ausência de algumas pessoas... Mas por quanto tempo? Um dia? Semanas? Meses? Que diferença isso faz? No final, quando perdemos alguém, cada vela, cada oração, não compensarão o facto de que a única coisa que sobrou é um buraco na sua vida onde aquela pessoa que você gostava costumava estar.
Pessoas frias não sofrem da ausência de sentimentos. Elas apenas os suprimem, os guardam tão bem guardados que não conseguem compartilhá-los.
Com o tempo, a dor e a ausência causadas pela morte viram apenas uma forte saudade que aparece por uma antiga fotografia, um velho baú de recordações, uma história relembrada ou um cheiro que surge do nada.
Desculpem-me a ausência, a falta de atenção, o olhar longe, o sumiço repentino. Amar e ser feliz me consome muito.
Por quê?
De repente o vazio
Traz o som do nada,
E no silêncio que crio
Vem a ausência de tudo.
Parado, incrédulo, mudo
Não quero sentir a falta
Que cresce no corpo
E na alma, e maltrata
O coração vacilante
Com as incertezas
De amante,
De tristezas.
Por que ir adiante
Na ilusão fugaz
Do amor vivido?
O amargor que vem à boca
É a perda sentida,
E lívido
Busco compreender o partir
Sem adeus, sem porquê.
Amizade é determinar a ausência da solidão
Para preencher de carinho o coração.
Quem tem amigos jamais estará só.
É melhor a ausência de luz do que uma luz trêmula e incerta, servindo apenas para extraviar aqueles que a seguem.
Liberdade não é a ausência de compromissos, mas a capacidade de escolher - e me comprometer com o que é melhor para mim.
O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.
Nota: Trecho da introdução do livro. O pensamento muitas vezes é atribuído erroneamente a Fiódor Dostoiévski. Acredita-se que a confusão aconteça por Rubem Alves mencionar o escritor e a obra "Os irmãos Karamazov" na introdução do livro "Religião e Repressão".
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