Fantasia e carnaval
Sei que a poesia é o sentimento maior
que se esparge em todo lugar,
mas a maioria nem a percebe, não tem valor,
infelizmente, porque é riqueza, sentimento,
e tem realidades dentro da fantasia,
toda e qualquer uma faz sonhar...
►Navio Do Asfalto
Sombras indo e vindo
Calçados refletidos pelos vidros
Sorrisos e brincos, moletons contra o frio
Os quebra-molas que sempre são percebidos
Os raios do sol que desenham os cílios
Em um navio de metal,
Transportando os marujos até a capital,
Que desembarcam no ponto final.
Crianças no colo dos pais,
Que lembranças isso me traz
O navio possui o seu próprio conforto
O capitão está a caminho do porto
As ondas de concreto causam sono
As paisagens são expostas em cada canto
Normalmente os marujos não possuem um canto,
O silêncio as vezes é constante.
Ah dia que o tempo não passa
Outros, ele simplesmente me ultrapassa
Alguns eu mal adormeço e já chego em casa
Parece até que viajei dentro de uma espaçonave
E quando desço, me sinto pesado, e não leve
Posso levar para casa novas pessoas que conheci
Dentro deste navio também posso interagir.
Ouço a beleza de algumas músicas, o amor nos poemas, leio a sabedoria nos livros, mas quando olho para o mundo me pergunto onde estão a beleza, o amor e a sabedoria... e chego a triste conclusão de que tudo não passa de fantasia!
Vinhas
com as mãos a abarrotar
de estrelas
e eu te esperava
com o orvalho da noite
e o alvorecer das rosas
…urgentemente
Música
em altar de templo pagão
reza aos deuses
os quais
como majestades
de pedra
Jazem esquecidos
e sem emoção...
Neste íntimo torpor
em que tudo parece ser,
a vida se esbate
num fingimento de existir
Tudo de belo á nossa volta
é poalha de sonho ou ilusão...
Lá fora a água corre
descalça
em avenidas molhadas
ultrapassando as margens
despedaçando as pontes
Destruindo os rios
que pouco a pouco
me ligavam ao cais
Já nem sei se foi o cais
que partiu,
ou se fui eu
quem dele fugiu...
Cheiram
a terra molhada
as manhãs bordadas
com dedos de chuva
e a sangue
de papoilas
degoladas pelo vento
A Costura do Tempo
No concerto do tempo, onde a memória ressoa,
a roda da costura torna-se volante,
em mãos infantis, nervosas de esperança.
Ali, sob a mesa antiga de madeira,
um mundo se desenha em trilhas e trilhos,
na imaginação fértil que a tudo acolhe.
De ferro e linhas, nascem sonhos motorizados,
o silêncio da máquina transforma-se em estrada,
levando a alma a paragens nunca dantes vistas.
A cada giro, a promessa de um novo destino,
na simplicidade do brincar, a vastidão do universo.
Ah, os primeiros carros, feitos de nada
e de tudo que o coração de uma criança possui.
Éramos inventores, pilotos, aventureiros,
com um fragmento de mundo nas mãos,
tecendo histórias que o tempo jamais apagará.
A criança antevê a felicidade,
não espera que ela chegue para ser feliz.
Hoje, ao lembrar desse recinto sagrado,
onde o riso desafiava o impossível,
sinto a saudade suave como brisa estival,
acariciando o peito, evocando a magia
de quando podia costurar o tempo no chão da sala, meu infinito caminho.
Sempre que me deparo com minhas utopias, procuro acalentar minha alma, com o entendimento que a realidade por vezes é tão cruel, que instintivamente me leva ao modo ilusão. Então é que, na verdade o real impiedoso é que me atira para o devaneio, mesmo sabendo eu que serei acordado pela realidade que irá bater a minha porta. Tock Tock Tock!
Somos aquilo que vemos, aquilo que ouvimos e aquilo que fazemos, logo, o que falamos muitas vezes pode não ser de fato quem somos, ou o que gostaríamos de ser. Você pode estar vivendo uma fantasia e fingindo ser quem não é... Isso te incomoda, te machuca e te corrói. Quer mudar você!? Quer ser realmente quem você diz que é? Então escolha bem o que você vê e filtre bem o que você ouve, pois os teus olhos são a lâmpada do teu corpo, se eles forem bons, todo teu corpo será bom e os teus ouvidos cuide de provar as palavras, assim como o paladar prova a comida e assim você evitará seu corpo de ingerir algo estragado, contribuindo para que se aproxime realmente de quem diz ser.
Temos muito mais a agradecer do que a reclamar, mas estamos vivendo em tempos de insatisfação fantasiosa diante de queixumes sobre necessidades supérfluas.
NAS NUVENS
Quando me deixo mergulhar nas minhas emoções,
Bailo sobre nuvens num céu estrelado.
Deixo-me embalar nos braços do vento.
Danço, danço...
Com olhos os fechados
Sou um perdido nas ilusões.
Rosa Eterna
És poesia em mim em línguas sem fim,
Minha rosa com espinhos, dás-me o juízo perdido,
Perco-me no labirinto das curvas do teu corpo esculpido.
O efémero da vida em ti se revela,
Mas quão infinita é a felicidade nos teus braços,
Nos teus cabelos, brisas de madrugada se enredam,
No teu toque, encontro a paz, sem embaraços.
És a melodia silenciosa dos meus dias,
O verso oculto que ilumina a escuridão,
Na tua presença, o tempo se dissipa,
A eternidade vive em nossa junção.
Teu olhar guarda segredos das estrelas,
Teu sorriso, sol que desabrocha em sonhos meus,
Entre espinhos e flores da nossa imaginação,
És o poema que escrevo com o coração.
Entre a realidade dura e a fantasia,
És o universo onde me perco e me encontro,
És a essência que em versos confio,
No labirinto da vida, teu nome entoo com encanto.
A realidade aconselha-me a manter os pés no chão, mas o coração desobediente vive com a cabeça na lua.
O dia amanheceu florido; as aves em profundos chilreios; o sol brilhando no horizonte; a alegria contagiante; o arrebol brilhou, afinal de contas, menos um arrogante no jardim da fantasia.
A última coisa que ele viu antes de as teias de aranha nublarem sua visão foi a beleza azul do céu de Nebraska.
Os melhores momentos que vivi, talvez foram meras ilusões, mas ainda assim, foram os melhores momentos que vivi.
