Eu Sonho o que eu quero Pedro Bandeira
Tu vem como quem não quer nada
e me cativa,
me deixa gigante.
Depois me assusta igual alma penada,
me deixa de lado,
me bota na estante.
Eu fui dormir com o teu cheiro, eu vou sofrer por não te ter mais aqui, mas voltar pra você é muito mais que um erro.
Eu não sei se a gente é muito evoluído ou muito idiota, mas lá vem você de novo bater na minha porta.
Deixar pra que seja entendido, que tudo o que eu preciso eu encontrei em você. De repente até um pouco mais que isso.
Se palavras não são suficientes, talvez seja a hora de a vida te mostrar. Que por mais que pareça brincadeira, há uma intensidade bem maior. Uma força, algo que me prende à você.
Agora ele se foi e eu também
Quantas vezes o ofendi gratuitamente? Quantas vezes procurei outras pessoas para conviver? Quantas vezes senti vontade de vingar o que ele disse e não me entrou muito bem?
Tudo isso acabou em divórcio, tomei minhas próprias decisões, agora as cicatrizes ainda não cicatrizadas continuam na alma, tento ser guerreira, mas quando olho para trás desabo, se eu tivesse maturidade de observar tudo seria diferente, já li que a culpa faz parte e que ele não era tão maravilhoso assim.
Eu não me contento com a vida, não temo mais a própria vida, passa coisas horrorosas pela minha cabeça, inclusive interromper a vida que não é tão bela ou colorida como antes.
Eu encasquetei que ele me traia, estava muito carinhoso ultimamente, levantou suspeitas imediatamente, era um terreno perigoso descobrir traição quando na verdade você não sabe o que vai fazer com aquela informação.
Vivia num estado de pique o tempo todo até desabar, decidi pela mudança, mas a adaptação não é fácil, perdê-lo transformou-o num príncipe, mesmo que lá no fundo eu saiba que não é bem assim.
Eu precisava de desafio, precisava ingerir açúcar, aumentar o ritmo, fortalecer os ossos com cálcio. Eu precisava de razão, de coração, de vontade, precisava deixar claro uma coisa eu não era mulher de aceitar tudo passivamente.
Nunca mais ele teve brilho nos olhos, nunca mais o seu pobre coração acelerou, ele sofreu demais, mas foi responsável pelas suas escolhas, ele estava bruto, chato, relaxado e justamente à época em que eu estava organizada em tudo, coisa que nunca fui.
A vida deu uma virada absurda, ele não fazia objeção à coisa alguma que eu pedia, mas não era sincero, não era por vontade, ele apenas não queria levar um pé, não queria discutir com minha ansiedade, meus medos e a perda do marido perfeito.
Tive a oportunidade de aprender a ter mais autoestima e amor próprio, a pensar mais em mim mesma, a conhecer as contradições internas, a não ter ódio e complexos.
Comecei a ter aquele jeitão de dona do mundo, de viver a minha maneira, de evitar o longo processo de amadurecimento. Havia mil formas de relacionamento, poderíamos morar em casas separadas ou agir como se atitudes alheias não me afetassem.
Não preciso lidar com nenhuma desculpa, o meu maior bem-estar, minha maior sabedoria, a minha própria admiração e doação me diziam para ir embora, para sair do caminho, para encontrar alguém que me ame sem fugas, eu me permitia olhar para o futuro sem medo. E assim foi.
As vezes eu queria que todos me ouvissem. Preciso que alguém leia o que escrevo e me diga: "Eu te entendo, eu estou aqui contigo, vai ficar tudo bem". Mas acho que isso é impossível.
Existe cor em tudo o que vejo.
Existe abraço em tudo o que faço.
O que me equilibra é o que me move.
O que me move é o que me faz ir mais além.
Nem tão forte como queria.
Nem tão fraca como temia.
Sou fiel a mim mesma.
A mim mesma, no que há de melhor em mim.
Quero ter a certeza de que fui. Ontem.
Quero essa certeza em mim. Hoje.
Quero ter a certeza de que serei. Amanhã.
Verdadeira.
A ideia é não ter ideia
Só assim
Transparentes de nós
Conseguimos mudar
de estação.
O jeito é não ter jeito
Entregar meu microcosmo
Ao universo dos meus pecados
Que não são pecados,
apenas traços de mim
A que melhorar
A que me conhecer
de verdade
A quem desejar
Além de mim.
Ouço muito e de toda gente
Que nem tudo são flores
Pasmos às dores da vida mansa
/ ou de navegadores.
Para essas flores,
Haja campo
Recanto
Amores
Mas com dores!
Ora, pois nem tudo são flores
Meus desenhos estão todos engavetados
com riscos pretos.
Tênues entre a verdade e a exatidão
sem margens, sem papel, sem arte
todos engavetados
plenos de razão, frouxos perante qualquer convicção
mas com linhas escuras limitando sua exatidão.
Não há certezas reais da ilusão.
Está no coração
a chave para a arte
da emoção
Como prosseguir?
Desespero meu querer ser bom
ou meu dia diferente.
Reviro a mão no bolso
e nada encontro
Nenhuma chave
só realidade
Como?
Amanheço meu feriado ensolarado
que logo será chuva
desperto a prova real de quem é a ilusão,
que floresce com quem a cuida
Se não há certezas,
Prossigo assim mesmo,
Não me importa mais
Não fará diferença.
Sou convicto apático
mesmo não o sendo
esse sou eu.
Como quem vai a lugar nenhum
Redirecionando a estrada
No inconsciente me encontro
onde não imaginava me encontrar
Um encontro real e surreal
Como quem passa por mim na calçada
Sem muito movimento
De uma passagem familiar
e reaparece à minha frente.
Não há certezas
Minha confusão mental toma conta de mim
Mas sempre estive assim.
Não há certezas reais
Da ilusão
Como prosseguir?
Bordo meu coração com punhais de falsos diamantes,
quebráveis
tocáveis
superficiais
e eu não ligo
Sereno de mim, som dos campos donde vim
E com ela o invisível
sensível
num minado de mecanicidade social
Não as quero em mim
Como prosseguir?
À COR DA MINHA PELE...!
A cor da minha pele é negra seu moço
Mas nem por isso sou bandido
Nem tão pouco suspeito do que ei de me acusar
A cor da minha pele é negra seu moço
O meu cabelo é naturalmente crespo
E não ruim como foi acusado no conceito do preconceito
A cor da minha pele é negra seu moço
Mas em uma escola um dia fui estudar
Onde lá aprendi a ler, a escrever, e a minha cidadania exercitar
A cor da minha pele é negra seu moço
A minha religião por crença e fé é o candomblé
Nem por isso Deus deixou de ser criador e Jesus o meu salvador
A cor da minha pele é negra seu moço
Misturada com a cor do meu sangue
Sangue vermelho da mesma cor que a cor do sangue do senhor
A cor da minha pele é negra seu moço
Mas quando o dia da morte pra nós dois chegar
A minha cor e a do senhor pra terra de nada vai importar.
Manollo Ferreira
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