Eu Nao tenho Culpa de estar te Amando
Eu hoje acordei
Sem saber se estava acordado
Às vezes eu sou assim
Talvez eu só tenha sonhado
Que caminhava num belo mundo
de uma leveza sem fim
Vislumbrava uma gente
Que não falava mal
Não desejava mal
Nem fazia mal nenhum
Deixei meus receios guardados
Fui pro meio do Quintal
Belezas por todo lado
Tinha cavalos e capim
Para as árvores que morriam
Havia ali os cupins
Céus azuis sem fim
Pintados por nuvens e promessa
Águas raras corriam em rios
Insetos, sem qualquer pressa
A voar por entre flores
Num mundo com todas as cores
Um Céu com todas estrelas
e todos os pássaros também
Um Mar com todos os peixes
Florestas e campos e campinas e relvas
e selvas e colinas e desertos e montanhas
Pude ver tudo de perto
E todos os animais
Tudo no lugar
Tudo nos preceitos
Porém, entre tudo
o mais perfeito
eram as pessoas
Todas elas, boas demais
Este mundo as admirava
e nós éramos iguais.
Na paz de mais um dia
Que eu vejo amanhecer assim; sereno
Olho pra Terra, olho pro Céu
Imagino a imensidão deste infinito
Impossível calcular
A vastidão deste Universo, tão bonito
Difícil crêr
Que este Sol tão imponente já nem brilha
Num espaço relativamente curto
Que eu perceberia
Se pudesse seguir esta trilha
Olho pra Terra, olho pro Sol
Instintivamente me sinto
Parte integrante de Algo muito maior
Sou parte do Todo que existe
Daquilo que vejo e que não vejo
Acontece e aconteceu
Disto tudo fazemos parte
Você e eu
Aquele que partiu
e o que ainda não nasceu
De alguma forma estivemos
e estaremos sempre
Tanto lá quanto aqui
Na paz de mais um dia
Dia que há de passar
Pois tudo passa
Hoje o Sol brilha no Céu
Sua Luz me abraça
Eu também haverei de passar
Como passam os dias
Mas outros dias virão
Outras pessoas também
As coisas vem e vão passando
Passaremos eu e o dia
Pra sermos ainda lembrados
Vez em quando
Tudo que existe aqui
haverá de existir mais além
deixo às crianças do futuro
Um "bom dia!", um abraço e um "Amém"
Se sinto saudades na vida?
Claro que eu sinto
Sinto saudades da minha infância
das casas onde morei
das ruas onde brincava
dos amigos que não vi mais
tenho saudade até
de algumas pretensas namoradas
Mesmo que por elas
eu não sinta mais nada
além do desejo de que sejam felizes
nos caminhos escolhidos
Assim como estou feliz
Com que eu escolhi e me escolheu
Tenho saudade
daquele que um dia eu fui
Saudade da ingenuidade
Saudade da confiança que sentia
em gente que não merecia
Saudade das pessoas
Que eu havia idealizado
E que com o tempo
descobri que eram outras
Sim
Eu sinto saudade das coisas
Nas quais eu acreditava
Sinto saudades até
dos fantasmas que me assombravam
e que hoje eu reconheço
Que não me fizeram mal
Não sinto saudades apenas
das coisas das quais me esqueci
Mas eu não vivi à tôa
ou minha memória é muito boa
ou é amor demais no coração
sinto saudades dos meus irmãos
de todos eles, sem exceção
Sinto saudades dos professores
das escolas e até
das passagens pela Diretoria
saudades dos inspetores:
A Dalva e o Seu Osvaldo
que corrigiam o menino que eu era
Queria abraçá-los hoje em dia
Sinto saudades dos primos
das tias, dos amigos, dos avós
Que amaram todos nós
talvez de maneira igual
Quem vai saber?
Se não foi, também não faz mal
Eu sinto saudade da vida
E de tudo que eu vivi
Mas não gostaria de viver
novamente a mesma vida
Passou
Foi muito bom e sou grato
Faria tudo de novo
mas desta vez faria melhor
se tivesse que fazer
Mas o passado Deus não muda
Só não sinto saudade de Deus
Pois Ele estava lá, naquele tempo
E ainda está aqui agora
Guiando meus pensamentos
E fazendo carinho com o vento
que entra pela janela
Enquanto eu escrevo estes versos
Meu "muito obrigado" a todos
Que passaram
Agradeço a Deus por ter ficado
Eu tive uma vida bela
da qual vou sentir saudades
Eu vou deixar de lado
Essa tristeza sem cura
Esse meu mundo assombrado
por tanta frieza
tanta incerteza
tantos juramentos
de procedência obscura
Viverei agora de crimes
Que me alegrem o coração
Vou escrever frases
que não rimem
vou exercer
a prática ilegal da poesia
Conquistar corações
que não me pertencem
Me vingar
daqueles que me esqueceram
Fazer as pazes comigo mesmo
Me cansei de tanto cinismo
Vou causar um cataclismo
nos corações de gente ingrata
À partir desta data
Serei simplesmente feliz
Contente com aquilo
Que fiz ou deixei de fazer
vou criar um novo estilo
Que só será compreendido
depois que eu morrer
e assim
vou deixar ao mundo
esta dúvida e esta dívida
Esse sentimento profundo
Que me lacerava a alma
Oriundo da ausência de calma
Que me causaram nesta passagem
Vou viver noutras paisagens
Vou viver sem compromisso
Se não pude ser feliz
Vou deixar ao menos
de ser infeliz
Só isso.
Mandaram eu escrever um poema
Cujo tema fosse a palavra problema
Por achar coisa difícil perguntei:
Como assim
O problema está no início
ou está no fim?
Está no Mundo ou em mim?
O problema pode estar atrás da porta
Só os mortos não tem problemas
Os fracos e os fortes os tem
E mesmo estando presente
Ele pode vir lá do passado
Num dedo quebrado,
Embarcou no bonde errado,
Recebeu um mal olhado.
Todos temos um problema
Que julgamos ser individual
e na verdade é coletivo
e afeta a toda a Humanidade
difícil saber qual é
às vezes
a gente toma o problema nos braços
e aperta contra o peito
com toda força
Por medo de perder
E ficar de coração vazio
Ainda bem que não pediram
Pra apontar a solução.
Em breve, muito breve eu vou partir
Me aguarda na margem de cá
O Caronte, que me haverá de conduzir
Pra bem longe da tua presença
e muito além deste horizonte
Pois aqui, pra mim, não há mais nada
À você, que me induziu à queda
Sua alma é por demais pesada
Portanto, ele manda avisar
Que não há como aceitar
Sua moeda.
Eu gostaria hoje
de possuir um grande quintal
onde pudesse plantar tomates,
alface e abacates
Um lugar onde a gente pisasse
e isso não fizesse mal
Queria plantar também
Amor, harmonia e perdão
Fidelidade, fé e compaixão
Eu queria semear amor
e poder distribuí-lo
diminuir a dor do Mundo
Queria plantar maçãs
e distribuir a comida
Que alimentasse as almas e os corpos
das pessoas que também quisessem
A todos ver e ser vistas como irmãs
Queria hoje
dividir todas as conquistas
Mas não gostaria de conquistar nada
Que não pudesse ser compartilhado
Ao longo dessa estrada
de onde nada se leva
Queria saber fazer
Brotar a luz
Onde existe apenas treva
Se eu tivesse apenas um quintal
Creio que seria suficiente
desde que houvesse mais gente
Que compartilhasse da vontade
de viver e fazer valer
uma vida onde tudo
Fosse constituído
Pura e simplesmente
da verdade que a tudo supera
E que todos os dias em nossas vidas
Fossem constituídos
Somente de primaveras.
Qual será o caminho
que, em resumo
nos conduza a algum lugar
ou a alguma conclusão
Eu procuro, eu tento e me acostumo
A viver sob falsas verdades
Coisas que eu não procurava
Me invadem a vida
e me fazem viver assim
Cercado por grades imaginárias
Muito mais intransponíveis que as reais
Porque nestas
Não existe um ponto frágil
Onde a gente pudesse então, serrá-las
Qual será o segredo
Que me proporcione, então, a chance de sair
Deste tão longo, triste, angustiante e solitário
degredo
Onde meus medos são meus menores problemas
Onde estarão as chaves
destas algemas infames
Que prendem minhas mãos aos meus pés
Estarão na fé
Na capela
Num rosário
na chama da vela
ou no armário
onde nunca mais encontrei
nada?
Vou procurando a resposta
Nos canteiros desta estrada
Vivendo
Esta vida, cercada de mentiras verdadeiras
Procurando a maneira
De fazê-las visíveis
Aos olhos insensíveis
Que encontro por este caminho
Mas...qual será o caminho?
Do muito que eu quis
Nem tudo me foi possível
Mesmo assim, talvez até esteja feliz
Concluí que é culpa minha
não saber querer direito
Daquilo que conquistei
algumas não deixaram
nem pista do seu paradeiro
sumiram de vista
ficou apenas o que era verdadeiro
Das poucas verdades
que os ventos trouxeram
Algumas nem verdades eram
Mesmo assim, menti pra mim
e enfim
as transformei em verdadeiras
Meus desejos então
hoje em dia, nada mais esperam
além de que permaneçam
as que ficaram
As demais
Eu até já me esqueci
e espero sinceramente
Que também me esqueçam.
Minha vida parecia um sonho
Que eu vivia acordado
Estava de acordo com tudo
Porque tudo parecia ser verdade
E agora, não sei onde eu ponho
Pois não tenho como carregar sozinho
O peso desta triste realidade
Passei minha existência
Somando e dividindo
E agora
Não quero aprender a conjugar
O verbo perder
No presente do indicativo
Pois "Não querer"
Sempre foi e continua sendo
Meu único princípio ativo
Minha história foi escrita
Conforme a luz das estrelas
chegava do Céu
Estava ficando bonita
Mas agora acabou
Elas continuam lá
Mas algo fez
Com que mesmo sem querer
Eu terminasse por perdê-las
Seus brilhos agora
Irradiam luzes de muitas pontas
E eu continuo aqui a olhá-las
Porém, minha vida se desmonta
Bem diante dos meus olhos
Que durante todo tempo
Permaneceram abertos
Pensando que estavam certos
Quando não estavam
E todas as imagens, mensagens
visões e conclusões
Não passaram de ilusões erradas
e apesar de pesada
A minha realidade
Não é nada.
Há Pessoas
Que eu gostaria de rever
e outras das quais
Eu sinto saudade
Há lugares
Onde nunca fui e nunca vou
Outros que conheci
e não quero voltar
Há lugares
Que são muito mais meu lugar
do que este onde eu estou
Existe uma grande diferença
Entre "querer" e "ter vontade"
Assim como
Existem pessoas que "nos suportam"
e outras, que talvez um dia
de nós sintam saudade
Tudo muda com o tempo
Inclusive as pessoas
e aquilo que elas sentem
Algumas mentem pra si mesmas
Tentando ocultar o que é evidente
Se enganam com tanta perfeição
Que chegam a crer ser verdade
a repentina imperfeição
Que enxergam no Mundo
por pura vaidade
Cada pessoa, cada lugar e cada dia
São coisas insubstituíveis
E o tempo é Senhor da razão
Então, melhor esperar que o tempo passe
Aguardar o desenlace
e um dia poder partir
Pra um lugar qualquer
Onde seus gritos
Não mais nos alcancem
Caminhando sob o Sol
Sobre o duro e estéril
Solo infértil da terra salgada
escavei e ali eu achei
Um pote de sementes
Que naquela hora e lugar
infelizmente
Não serviam pra mais nada
Caminhando sob a sombra
de um chão acidentado
da terra alagada
Mergulhei e ali me deparei
Com um pote de ouro
Que naquele momento
Também não serviu-me pra nada
Palmilhando cada centímetro
do chão pisado
de meu coração sem cura
cansado e endurecido
embaixo da dor eu encontrei
um pote de amor, que àquela altura
era tardio, não valia mais nada
Procurando na terra dos sonhos
Onde eu sempre ponho
A esperança que às vezes me resta
No final de mais um dia de tortura
Encontrei um grão de sabedoria
Cristalina e pura
Ali acabou-se a procura
Finalmente eu havia encontrado
Alguma coisa que presta.
Um dia
eu ainda vou conseguir
Viver somente aquele dia
Sem precisar pensar
Nos problemas de amanhã
adquiridos ontem
Vou viver
Somente aquele dia
Igual eu fazia na infância
Eu vou vê-lo amanhecer
e, excepcionalmente
Vou almoçar
Na hora do almoço
Conversar com alguém à mesa
sem raiva, sem discussão
reclamação ou acusações
Apreciar a refeição
e o tempero
de uma comida que eu não fiz
À tarde
Vou caminhar.
ou olhar o Sol
ou lêr um livro
ou dormir
Quem sabe
Eu possa até sorrir
Sem haver necessidade
de explicar
o motivo do sorriso
Meu Deus
Eu pensei
Que a vida toda seria assim
Não foi
Mas o Senhor sabe que eu preciso
viver ao menos um dia
Antes que anoiteça
definitivamente
Em minha vida
E nesse tão acalentado momento
Que nunca chegou
Pois
Por motivo de amor
Eu o deixei cair no esquecimento
O amor não veio
A alegria não veio
esse dia não veio
O tempo prosseguiu
Minha esperança partiu
Eu parei
Aqui no meio.
Eu sonho um Mundo
Em que todos tenham direito
A rir e sorrir de qualquer jeito
Um Mundo que tenha um Deus
Mas não tenha nenhum Rei,
Senador e nem Prefeito
Resumindo: Um mundo perfeito
Onde chova suco de uva
Aos meus pés, espelhos d'agua
No peito, nenhuma mágoa
E eu possa caminhar
Entre as Florestas de Guarda-chuvas
Sem nunca espetar nenhum olho
Lá, as crianças terão piolho
Mas as mães não vão jamais
machucar as suas cabeças, ao tirá-los
Meus pés não terão mais calos
Mas eles existirão em minhas mãos
de tanto ajudar meus irmãos
a construírem as suas casas
nas quais trabalharemos
todos os domingos
E antes que eu me esqueça
Todos os dias serão domingo
e em todos os quintais
Haverá dois pés de manga
No centro da cidade
Uma Torre de Babel
Montada qual Torre Jenga
E tudo será brincadeira
E todos vão falar a mesma língua
idioma e dialeto
Ninguém vai viver à Mingua
E todos serão corretos
Todos os sonhos serão concretos
E tudo de ruim será abstraído
Todos os livros
Ali serão lidos
E todos os nossos problemas
Finalmente resolvidos.
Eu pedi amor à ela
Ela trouxe...ou fez que trouxe
Veio em passos de formiga
O amor que chegou aqui
havia transmutado em briga
Eu lhe disse o quanto a amo
Porém, nem tudo que eu digo ela ouve
Não falamos mais a mesma língua
Ela não liga, ou faz não ligar
Azar o dela
Um dia aquelas palavras
Serão apenas lembranças antigas
Que no tempo
Haverão de ficar assim
belas coisas esquecidas
Eu sem ela
e ela sem mim
Eu penso que ainda sou criança
e peço um pedaço de doce
eu queria um pouco de bala
Fico rouco de chorar
Minha mãe me chama
Pois meu tempo está passando
Eu penso que estou numa festa
provo a bebida que alguém me trouxe
Eu ouço o que você fala
fico louco pra dançar
Porém eu vou pra cama
Pois meu tempo está passando
Eu vejo e meço
O tempo que ainda me resta
a cada dia um desenlace
E o coração se cala
Nessa hora eu penso em orar
Pois Jesus me ama
E meu tempo está passando.
Eu criei em minha vida um caldeirão
Usei para isso a magia que me surgia
desde criança, quando em meus primeiros dias
ficava triste por não saber
A causa e o motivo das coisas que aconteciam
tanta emoção guardada aqui no peito
Querendo sair, era tanta coisa junta
Eu as fui transformando, então
Em poema e poesia
Escondendo ali minhas perguntas
E prossigo fazendo isso, hoje em dia
tanto tempo passou
Muita coisa me disseram e fizeram
Em muitos lugares tentei entrar
Mas ali, respirava-se outros ares
alheios aos meus, ali não me quiseram
Voltava então pra casa
E com o tempo eu aprendi
A tornar esses sentimentos
Em algo que pudesse dividir
Buscando a beleza
Que pode existir em toda tristeza
Compartilhar também as alegrias
Que eu sinto hoje
E que ainda me surgem do mesmo jeito
desde aquele tempo em que eu ainda vivia
buscando a causa de tudo que acontecia
tentando descobrir como funciona a magia
que pudesse transformar
em beleza e alegria
os tempos que eram apenas
os meus primeiros dias
-Eu quero dois cafés para nós. Quentes, por favor garson, para aquecer os corações frios. também quero dois amores fogosos porque vejo a relação pender para o lado frio.
-Eu sei, sei que tu vai querer aconselhar-me o auto-amor e que seja prudente nos meus desejos. E tu, também sabes o que quero, quero mesmo é a tua famigerada boca sedente dos meus abrasadores lábios.
