Eu Errei me Perdoa Poesia

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Só eu sei que cheguei a humildade máxima que um ser humano pode atingir: confessar a outro ser humano que precisa dele para existir. E no momento em que se confessa a precisão, perde-se tudo, eu sei.

Eu sou um pouco paranoico, ou não, penso demais, estudo o comportamento das pessoas, e dependendo das minhas análises eu mudo de opinião e escolho outras atitudes. Talvez seja o medo de errar, de colocar a carroça na frente dos bois, querer me jogar no incerto e correr o risco de me arrepender depois. Mas o que posso fazer?! Eu sou assim.

É verdade: tenho pena de mim e sou fraco. Nunca antes uma coisa nem ninguém me doeu tanto como eu mesmo me doo agora.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à minha frente.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Coisas da Vida. Porto Alegre: L&PM, 2009.

Nota: Trecho da crônica "A interferência do tempo"

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Em relação à Fotografia, eu era tomado de um desejo "ontológico": eu queria saber a qualquer preço o que ela era "em si", por que traço essencial ela se distinguia da comunidade das imagens.

Quem sabe eu tive de algum modo pressa de viver logo tudo o que eu tivesse a viver para que me sobrasse tempo de... de viver sem fatos? de viver. Cumpri cedo os deveres de meus sentidos, tive cedo e rapidamente dores e alegrias – para ficar depressa livre do meu destino humano menor? e ficar livre para buscar a minha tragédia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

"Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar é pra quem pode. Mas você ou a vida ou sei lá. Insiste. E então chega enorme. E só me resta rir que nem quando vejo um bebê muito pequeno e lindo. Você ri. Vai fazer o quê? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se você gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor. (...) Amar grande é gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que não se tem. Amar grande é ter vertigem no chão mas sentir um chamado pra voar. Amar grande é essa fome enjoada ou esse enjôo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu não aguentar a vida. É o açúcar que carrego junto. É tudo que pode sair do controle. É meu corpo caindo. É o desespero aconchegante.E as almofadas de várias cores pra me dizer que pode dar certo.

Depois que eu vi ele tocando guitarra e a Janis cantando, era muito parecida a distorção da guitarra dele com a distorção da voz da Janis, era uma coisa super diferente da época, e isso me deu uma ideia de liberdade, de raio, de libertação, depois que ouvi ele tocar e ela cantar eu também achei que eu podia tudo, que eu podia ser um raio de energia, que eu podia ir contra tudo, que eu podia ser uma pessoa do jeito que eu sonhava.

Eu ponhei cada coisa em seu lugar. É isso mesmo: ponhei. Porque “pus” parece de ferida feia e marrom na perna de mendigo e a gente se sente tão culpada por causa da ferida com pus do mendigo e o mendigo somos nós, os degredados.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Eu quero depois, quando viver de novo, a ressurreição e a vida escamoteando o tempo dividido, eu quero o tempo inteiro.

"Lá estou eu em mais uma mesa com risos pela metade. Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, de algum amor verdadeiro que durou um segundo... Meus amigos me adoram. Mas será que eles sabem que se eu estou morrendo de rir agora, mas daqui a pouco vou morrer de chorar? E isso 24 horas. E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é. Dessa coisa que talvez seja amor. Odeio todos os amores baratos, curtos e não amores que eu inventei só para pular uma semana sem dor. A cada semana sem dor que eu pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar. Eu invento amor, sim e dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade. É tudo pela metade, ao menos a minha fantasia é por inteiro.. enquanto dura. No final bruto, seco e silencioso é sempre isso mesmo, eu aqui meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. E aí eu deito e penso em coisas bonitinhas. E quando vou ver, já dormi."

Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe.

Talvez eu agora soubesse que eu mesma jamais estaria à altura da vida, mas que minha vida estava à altura da vida. Eu não alcançaria jamais a minha raiz, mas minha raiz existia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Então, eu finalmente me senti em casa dentro de mim mesma. E hoje, mais do que nunca, sinto que não devo nada para ninguém. A gente demora demais para se livrar de pesos e culpas. Mas um dia, finalmente, a gente acorda. E descobre que tem uma vida inteirinha pela frente.

Ou você mente muito bem ou eu sou muito babaca. Porque eu acreditei em você, antes de acreditar em qualquer pessoa.

Mas para não sentir dor eu vou jurar ao último ouvido do meu universo o quanto você é descartável. O quanto sua molecagem não permitiu nenhuma admiração de minha parte.

Não chego a temer loucura, no fundo a gente sabe que ninguém é muito certo. Eu tenho medo é da lucidez. Tenho medo dessa busca desenfreada pela verdade, pelas respostas. (…) Quando eu estou me acostumando com uma versão de mim mesma, surge outra, cheia de enigmas, e vou atrás dela. Tem gente que elege uma única versão de si próprio e não olha mais para dentro. (…) Eu, ao contrário, quase não olho para fora.

Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho.

Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois, eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois. Por que você me deixa tão solto? Por que você não cola em mim? Tô me sentindo muito sozinho, não sou nem quero ser o seu dono. É que um carinho às vezes cai bem.

Caetano Veloso

Nota: Trecho da música "Sozinho", com composição de Peninha.

Eu o amo. Não porque ele é bonito ou porque é rico. Preferia que não fosse nem uma coisa nem outra. Assim o abismo entre nós seria um pouquinho menor… Porque ele ainda seria a pessoa mais adorável, altruísta, inteligente e decente que já conheci. É evidente que eu o amo. É tão difícil entender isso?

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