Eu e Voce de Luiz Antonio Gasparetto

Gostar de escrever e saber escrever são duas coisas bem diferentes. No meu caso, eu só gosto mesmo.

Eu senti sua falta, talvez hoje mais do que nunca, mas chega um momento em que agente tem que seguir em frente, esquecer das amarras que nos prendia ao passado e ter fé de que ao menos no futuro as coisas possam ser diferentes.

Porque ainda, todas as noites mesmo que seja sem querer eu ainda me lembro de todos os momentos que passamos juntos. As vezes dói por saber que foram apenas momentos e que não vão mais voltar. Mas as vezes dá alívio, por saber que aquela dor tão terrível não irá voltar. Mas eu sei que futuramente dores muito piores virão, e não serão acompanhadas de momentos bons.

Estou agindo da maneira que julgo ser a melhor pra mim. Então não me chame de antissocial, eu sou antidecepções, e isso meu amigo, com certeza, é bem diferente.

Seu olhar expressa bem mais do que eu poderia imaginar a seu respeito. Sinceramente? Nunca imaginei que pudesse haver uma alma tão obscura e ferida como a sua.

Não espere de mim atitudes que possam lhe agradar. Eu costumo surpreender muito as pessoas, e nem sempre surpreendo da melhor maneira possível.

Eu sou um livro de enigmas do qual exige muito do ócio das pessoas para tentarem me decifrar. Eu sou o perigo em noites de lua cheia e o anônimo que vaga por ruas desertas. Eu sou a contradição, sou a revolta escondida dentro de um coração partido. Porém, admito que já tive vida, já tive brilho, mais de que vale tudo isso se não para ser desperdiçado com pessoas inúteis? Eis um pequeno detalhe a meu respeito; eu não sei me explicar. Eu me privo de desejos que possam me arrancar um sorriso, eu me previno de decepções. Olhe bem para os meus olhos ao me julgar, pois você enxergará seu reflexo e verá a quem realmente está julgando.

Posso ter lhe magoado, posso ter dito coisas que eu não devia, mas só te peço que entenda, eu também me machuquei.

O tempo não me envelheceu, o tempo não curou a minha dor, e eu me escondi atrás dele.

Por um instante eu pensei que fosse o suficiente para alguém, e a verdade era que esse alguém não era o suficiente pra mim. Então, nem sempre o problema sou eu.

Eu procuro alguém que não finja ser sincero comigo, procuro alguém que seja sincero consigo mesmo.

Admito que eu já tive o coração partido. Admito que por muito tempo fui fria, e admito que ainda sou. Mais lembre-se: todo gelo derrete um dia, não importe o tempo que levar. Um dia você encontrará alguém que apresentará todos os requisitos que você tanto procura e no final você verá que era apenas uma ilusão como todas aquelas que você sofreu. Pessoas perfeitas não existem. Existem pessoas capazes de te fazer feliz mesmo com todos os defeitos a mostra.

Eu não possuo o dom de sentir e fingir que nada me tocou. Não sei falar e contradizer minhas próprias palavras. Eu não sei dizer algo e logo depois fazer diferente. Eu costumo pensar demais antes de falar, e acabo sim falando tudo o que pensei. Algumas pessoas não sabem lhe dar com o que é sincero, por isso não merecem a miníma atenção.

Eu já brinquei de casinha, hoje eu brinco com os sonhos alheios.

Não, eu não te amo mais. Eu já amei, mais hoje, como todos os amores que um dia partem para outra estrada e partem o coração de seus antigos hospedeiros, o meu também resolveu partir. Mais só partiu para uma estrada nova, o coração já está congelado demais para se partir .

Se eu me amo? Não. Ninguém ama os outros e consequentemente não ama a si mesmo. Se perguntarem para uma pessoa que está a cima de seu peso considerado normal, ela dirá que não está satisfeita consigo mesma. Se perguntarem para alguém que está abaixo de seu peso normal ela também dirá que algo em si a incomoda. Ninguém nunca está realmente satisfeito consigo mesmo. Porém, ninguém se ama o suficiente ponto de se aceitar como é.

Eu estou errada? Não, eu não estou errada. É apenas a sua concepção em relação a uma escolha minha, mais não quer dizer que seja realmente o fato.

Mais o que eu poderia dizer? Eu não estava pronta para aceitar a ideia de que talvez uma nova pessoa fosse ficar no seu lugar. As lembranças aos poucos me vinha a mente e eu não conseguia imaginar mais ninguém a não ser você. É óbvio que eu ainda estava presa a você, parte de mim dizia para continuar sem olhar para trás, mais a outra parte dizia que no passado existe alguém que um dia disse que seguiria este caminho complicado comigo, e agora eu estou sozinha. Palavras são como o vento, em menos de poucos segundos vão embora e algumas vezes deixam vestígios.

Não, eu não pretendo fugir. Se for para fazer algo de errado eu irei fazer, todo erro é uma lição de aprendizagem então não tente me proibir de dar meus passos errados. Preciso tentar até conseguir caminhar na estrada certa.

Valia a pena desperdiçar aquelas lágrimas com ele? Eu não sabia. Não tinha certeza ao certo se minha escolha foi a melhor, eu respeitei a dele e agora não estou aguentando a minha. Ele disse que partiria, que faria uma viagem com passagem só de ida. Disse que esqueceria tudo o que se referia a mim, pois não me amava mais. Eu não chorei. Eu não lamentei. Deixei que partisse, eu disse apenas “tudo bem.” Meu Deus, como agora está doendo. Tomei iniciativa por impulso, e agora tenho de me acostumar com essa dor que vai demorar passar. Eu fiquei a repetir isso por alguns momentos. Meu subconsciente dizia outra coisa “se ele partiu foi porque você nunca o teve, nunca o conquistou a ponto de merecer sua presencia por muito mais tempo, porque o pra sempre, você sabe… Não existe.” Eu quis ouvir minha razão. Meu coração, claro que estava partido, mais ninguém se importava, nem mesmo ele se importou. Então não vou me importar.