Escritor
Filha de uma mãe e vários pais,
Que tinham outros filhos em diversos cais,
A história se fazia, corrida diária,
Aquela sobrevida na zona portuária.
Foi adotada por uma bruxa,
Acorrentada no porão pela madrasta,
Era espancada, levou muita bucha,
Se viu acurralada e deu uma basta.
Fugiu numa noite gélida,
Logo caiu nas poções encantadas,
Não imaginou as ruas tão violentas,
Mais uma usuária viciada.
Entre o castelo e o mirante,
Um conto triste teve um desfecho brilhante.
Mesmo depois de tanta tristeza,
Ela encontrou um Príncipe que a chamou de Princesa.
Todo ser vivo precisa de zelo,
Para poder se desenvolver,
Trate-o mal se quiser perdê-lo,
Mas não lamente quando acontecer.
Como pode um Sol se apaixonar,
Por uma Flor nascida para perfumar ?
Ela tem um trunfo, sabe conquistar
E o Sol se entrega sem hesitar.
Logo em seu nascer ele a contempla,
Esperando paciente seu desabrochar,
Está fumegante, sua visão é ampla,
O mais breve instante quer ornamentar.
Alguns pobres zangões
Querem ao Sol se igualar,
Beijar e sugar a Flor
Depois rejeitá-la e deixá-la secar.
Polinizar os arredores
Para outra flor germinar.
Mas o Sol declara:
Esta Flor é minha até o verão chegar.
Entre eu e o céu,
Estava você e eu te escolhi.
Uma dádiva cruel,
Afinal, o que é o Paraíso sem Você ali ?
Escreve-se para não ser solitário e por amor aos outros; se você não tiver essa solidariedade, é bobagem escrever.
O meu “problema” talvez seja a compulsão. Escrevo, tenho de escrever, é o que me dá vida. Talvez eu não seja um grande escritor. Mas sou um escritor.
Os livros seriam uma (tênue) possibilidade de não morrermos. Mas podemos desaparecer e voltar, sofrermos um revival. (...) Este ofício é complicado, mas temos de exercê-lo com sinceridade, fogo e lança na mão.
