Escrever
Tem coisas que não dá pra escrever ou descrever, tem coisas que precisam apenas serem guardadas, analisadas e possivelmente esquecidas.
Queria escrever alguma música, um poema , um soneto qualquer coisa, que não fosse qualquer coisa algo simples porem profundo, usando com perfeição cada virgula, cada ponto, cada figura.
Algo sentimental, algo encantador singelo e impactante ao coração, para tocar um único coração e fazer este coração me notar.
Queria escrever algo, tão bonito que alcançasse teu coração, ou mesmo algo tão idiota que me valesse o mais precioso premio a saber um simples sorriso teu.
Posso escrever milhares de coisas, falar milhões de palavras, imaginar bilhões de histórias, mas só uma coisa realmente importa pra mim.
Você.
Minha inspiração vem dos pensamentos mais tristes, talvez por isso nunca tenha conseguido escrever algo sobre você.
Socorro... necessito desesperadamente escrever... mas as palavras ganham pequenas perninhas e correm... correm como se fossem disputar a são Silvestre... eu? apenas observo todo aquele alvoroço homérico pra ver no que dá. Sei lá... acho que se cansaram de mim e d toda essa dramaticidade intrínseca, me largaram depois d aprisioná-las durante anos em diários regados á lágrimas, corações borrados e pequenos laços de cetim... agora quem se encontra aprisionada sou eu... aprisionada dentro de um coração que bate acelerado e uma mente q tenta alcançar a velocidade da luz....
(poema a escrever hoje, ou nunca)
não dei por ele,
talvez brisa no
pescoço
e na orelha,
o primeiro arrepio de prazer
talvez tenha sido isso
leve, começo a senti-lo
refresca-me
mas cresce,
torna-se forte
antevejo um tornado,
com todos os sentimentos
no centro
a elevar-se em
espiral,
para fora de mim e
do mundo dos ventos
amor-vento
já uma tempestade
abre-me os olhos,
amor-água
escorre-me pelo rosto
pelo corpo
as cordas das velas do meu passado
esticam rangem vibram,
as cruzes nelas bordadas
partem com o vento
e a minha alma fica
branca
pura
disponível
para receber as tuas marcas,
só as tuas!
Carlos Peres Feio
"" Se você não souber escrever perfeitamente
desenhe
se não souber desenhar
execute o silêncio
se o teu silêncio incomodar
mande os incomodados a merda...""
"" Eu gosto de escrever e falar de amor
de felicidade e de toda essa magia
e por falar no tema,
que me perdoe o poema
mas em nossas almas, habita a fantasia
é como se fossemos criados para o abstrato
para a euforia
pode ser que nunca tenhamos sorte ou plenitude no amor
mas que bom que existe algo raro e belo como a poesia...
Conheci poetas...
Que não precisam escrever todos os dias. Basta um autorretrato para que todos possam, através do brilho dos seus olhos, ler a mais bela e brilhante das poesias.
Eu conheci...
E me encantei
"" Quando pensei que não conseguiria escrever mais nada, olhei ao lado e vi uma caneta.
Quando pensei que a vida se esvaia, abri a janela e vi o sol de uma linda manhã.
Quando pensei em solidão, vc veio e abriu um sorriso.
E nada mais teve sentido a não ser o de viver a vida como se nunca fosse morrer
E um dia morrer como se tudo que fiz, foi apenas viver...””
“” Talvez escrever seja isso
Desnudar a alma
E deixá-la voar
Num vôo às vezes solitário
Em busca da essência
Da grandeza de amar
Certamente as linhas
São traços de ilusão
Onde o sangue verte quente
Regando as verdades do coração...””
Escrever, por vezes, torna-se um martírio sobretudo quando, sem querer, dizemos o que somos, sem maldades, nem filtros.
LETRAS POR ESCREVER
Serão escritas um dia, da serra
Rumo ao mar
Outras letras minhas
Sereninhas,
Inocentinhas
Que enviarei desta terra
Ao vento do meu gritar
Para poisarem no telhado
Da casa da escuridão
Em que escrevo versos
Controversos
Sem me deixarem comer
Desta fome de paixão!
Que ilusão
Que bendito chão
Da pocilga em que nasci...
Pelo menos aí
E ai,
Eu era carne de minha mãe,
Que Deus tem,
Sangue dela
E a dor sentida
Repartida
A acender a primeira luz da vida
Na vela
Pelas mãos nervosas de meu pai.
Quando vemos, ouvimos e lemos, mas ignoramos os males da sociedade, sem escrever sequer uma letra ou articular uma só palavra, ficamos a pertencer irremediavelmente ao clube dos mais covardes da história do mundo.
FRUSTRAÇÃO
Já não sei escrever...
Deixei de saber pensar.
A poesia deixou de me amar
E fugiu de mim sem eu ver
Nem poder mais versos ditar.
Que tábua agora para me agarrar
Nas ondas alterosas deste mar,
Se ela foi para não mais voltar
À inspiração dorida do meu penar?
Poesia vagabunda, iracunda, reles
A minha, que só contemplas aqueles
De sacrossanto nome já firmado
Nos anais dos teus egrégios brasões
E afundas sem mais remissões,
Os que querem só escrever um fado.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 16-01-2023)
