Escravidão

Cerca de 857 frases e pensamentos: Escravidão

⁠Esperar é grande parte da vida de um escravo, esperar e esperar para poder esperar mais um pouco. Esperar por ordens. Esperar por comida. Esperar pelo fim dos tempos. Esperar pela justa e merecida recompensa cristã no final disso tudo.

Percival Everett
James. São Paulo: Todavia, 2025.
Inserida por pensador

⁠14 de Maio

No 14 de maio de 1888, o Brasil amanheceu livre. Ou ao menos, livre o suficiente para se parabenizar diante do espelho.

A escravidão fora abolida na véspera, por um gesto régio, breve e elegante, como convinha à pena de uma princesa. A tinta mal havia secado, e já se cochichavam loas nos salões. O Império, enfim, provara sua humanidade — ainda que com duzentos e tantos anos de atraso. Diziam-se modernos. Civilizados. Cristãos.

Mas, nas ruas, não houve fanfarra. Nem pão. Nem terra. Nem nome.

Os que saíram das senzalas na véspera encontraram, no dia seguinte, o mesmo chão duro, as mesmas mãos vazias, e o mesmo olhar de soslaio da cidade que os libertara com uma assinatura, mas não com dignidade.

Alguns acreditavam que o trabalho viria como recompensa. Outros, que a caridade cristã desceria dos púlpitos e dos palácios como chuva mansa. Mas a chuva não veio. Nem a caridade. Nem o trabalho. A liberdade, como os santos nos altares, era bonita de se ver, mas inerte ao toque.

Os senhores — agora ex-senhores — mostraram-se melancólicos. Alegaram prejuízos, saudades das "boas relações" com seus cativos, e passaram a vestir ares de vítimas. Alguns, mais práticos, converteram antigos escravos em serviçais por salário algum, chamando isso de transição. Outros apenas viraram o rosto, como quem se desobriga de um cão abandonado ao portão.

O Estado, por sua vez, considerou missão cumprida. E foi descansar.

No dia 14 de maio, portanto, nasceu no Brasil uma nova classe: a dos livres-sem-lugar. Cidadãos sem cidadania. Homens, mulheres e crianças com a dignidade estampada na Constituição e negada na calçada.

Seguimos livres no papel, presos na realidade. As correntes caíram, é verdade — mas com elas não caiu o silêncio, nem a desigualdade. Só mudou a forma da prisão.

Inserida por Epifaniasurbanas

Fragmento IX - Livre-arbítrio

Que livre sou, me diz minha vaidade, contudo, nasci preso ao vício e à corrente, que me impôs o meu Pai, a minha Mãe e essa serpente. Estou a contorcer-me com isso, como quem no ventre é enlaçado pelo cordão que o alimenta.

Se penso, é pensamento de herança; se creio, é fé que veio por deveras, porque, até onde sei, fui criado em fórmulas austeras de um mundo partido por falsa percepção.
Dizei-me vós, ó sábios de batina: sou livre, ou apenas um desobediente?

Inserida por CatarinaL

⁠Um povo dividido é um povo que não pode se levantar contra seus opressores.

Inserida por WerickSOliveira

Todos são iguais perante à LEI ... poucos, muitos poucos tem essa consciência, aos inconscientes resta a zona de conforto da escravidão.

Kairo Nunes 03/12/2017.

Inserida por KairoNunes

Ora, segurança e liberdade são valores fundamentais para a dignidade humana. Segurança sem liberdade é submissão, escravidão. Liberdade sem segurança expressa uma deficiência.

Inserida por FrancisIacona

O desejo de felicidade é algo inato no ser humano! No entanto, num mundo de novidades infinitas, o ser humano parece não se sentir feliz. Há algo que o inquieta, mas que não consegue identificar. A consequência dessa situação é a sensação de medo. Sacrifica-se a liberdade em favor de maior segurança. Ora, segurança e liberdade são valores fundamentais para a dignidade humana. Segurança sem liberdade é submissão, escravidão. Liberdade sem segurança expressa uma deficiência. Como encontrar um equilíbrio entre tais aspectos do humano?

Inserida por FrancisIacona

AMBROZIO, REI DOS QUILOMBOS DO RIO GRANDE

Pés descalços que levantam a poeira na estrada de chão batido
Vaga sem rumo no poente da terra seca pelo serrado da solidão
Fugiu das chibatas do cativeiro em busca de nova estadia
Quilombola tentará na fugidia rota do capital do mato que o perseguia
Derrama pelo caminho o sangue de sua raça agrilhoada na senzala
Seus pés descalços, suas costas riscadas, suas mãos rachadas
Seu coração chora pelos que deixou abandonados na clausura
Preferiu o risco da morte ao jugo da servidão a que fora obrigado
Seu ímpeto de liberdade era maior que a tirania de seu dono
Vagou por léguas sentindo fome, frio, medo, mas tomou cuidado
Nas noites estreladas se entregava aos sonhos em leve sono
Nas manhas seus olhos radiavam a esperança de encontrar socorro
Mas este não vindo, criou ele mesmo o abrigo que a outros oferecia
Nas margens do Rio Grande ergueu seu reino africano de solidariedade
Fugiu, deixou saudade irremediáveis, mas abrigou milhares em seu congado
A liberdade, ainda que tardia, não alcançou o seu terreiro protetor
A maldade dos brancos o alcançou, e em poucos dias seu reinado dizimou
Jaz na memória esquecida dos que vieram depois dele, virou lenda
Sofreu uma vida de crueldades, e hoje, retribui com amor o mau que o matou.

Inserida por MikeMalakkias

Talvez ela liberte mas muitos presos não conseguem voltar a liberdade e do que adianta a libertação para ir ao lugar ruim e ser tradato de um forma pior.

Maio

Áurea, Áurea, Áurea
Libertaste
Até guandos escravos?
Das injustiças dos Homens

Inserida por claudiaalmeida

Grande parte das objeções dos artesãos à Revolução Industrial baseava-se justamente no fato de que o ambiente industrial os impedia de serem artesãos. O ambiente criado pela Revolução Industrial era feio, desagradável e completamente incompatível com o homem possuidor de uma arte. O tecelão era um artista, algo que o trabalhador de uma fábrica têxtil já não era. O afeiamento do mundo foi o primeiro efeito da Revolução Industrial.

Mas a Revolução Industrial era inevitável na medida em que existia no mundo uma massa enorme de pessoas incapazes de encontrar um centro em si mesmas. Pessoas que não são capazes de probidade ou de outros centros superiores em suas personalidades precisam encontrar um centro exterior. Se o número de tais pessoas é significativo, torna-se necessário a criação de um número proporcional de funções servis para que essas pessoas sirvam a outras pessoas, sendo esta função servil um substituto para algum centro interno. Praticamente todas as sociedades humanas admitiram a existência de servos ou escravos, ou seja, pessoas desprovidas de um centro interno, pessoas cujas vidas não possuíam um propósito, mas que poderiam servir a outras pessoas que tinham uma centralidade interior.

Inserida por Fsantos11

O resultado de qualquer Moralidade é uma forma de subserviência e, por conseguinte, uma forma de escravidão.

Inserida por alessandro_loiola

Não há honra na servidão que vem da necessidade ou do medo.

Inserida por alessandro_loiola

Quanto maiores os meios de comunicação e de informação dentro de uma grande aldeia global, as pessoas ficam mais solitárias, selvagens e indiferentes. Parece que estes são os piores dos tributos a serem pagos pela avanço da telefonia celular e seus aplicativos e pelo mundo digital em suas múltiplas redes sociais de relacionamentos. As modernas tecnologias que inicialmente pensava se em um ser mais completo e verdadeiro para aproximação provocou por diversos usos anônimos abusivos, avatares distorcidos e fakes, um letal e criterioso distanciamento.
O mundo interligado fica cada vez mais sombrio e solitário.

Inserida por RicardoBarradas

⁠Elo entre Era

O negro com alma de branco, fez-se em pranto
Perdido no seu mais belo desejo do viajar;

Intacto, fortuito... preso no seu próprio labirinto
O negro com alma de branco, provou do seu veneno ao ser chicoteado;

Endiabrado pelo momento, ofuscado pelo sentimento
O negro com alma de branco terás que lutar;

Sua liberdade a prova da ampulheta
O tempo marca o que se passou
O Negro com alma de branco
Traz novamente ao seu cotidiano
A dor de um escravo que se libertou;

Inserida por Aquila

Vivemos em um país que não é nosso. Nossos ancestrais mataram índios e roubaram suas terras. Vivemos em um país que se ergueu com sangue e suor da África. Vivemos em um país que marginaliza sua história quando um brasileiro desconhece a barbárie que foi a escravidão, antes disso, a colonização. Brasileiros sim. Usurpadores também.

Inserida por pradodelima

Responsabilidade é como uma doença, involuntariamente se apodera do seu corpo e da sua mente e pode escravizar de forma perversamente dissimulada.

Inserida por Agentedocaos

Prefiro ser o louco da criticidade solitária do que o escravo da ditadura disfarçada.

Inserida por caiorossan

O ser-humano tem medo da dor, foge das implicações do caminho. Aqui, afugenta-se no alívio imediato do eu-indisponível, da “egonomia” resultante da modernidade consumista e da qual resulta a maior escravidão da humanidade: O Homem escravo de si mesmo.

Inserida por NortonPax

LIBERDADE:

Ser livre é ser feliz, mas a liberdade é uma coisa estranha, porque quando você a possui se torna também seu escravo e não deseja mais nada e não deseja mais ninguém, nenhum vintém e nenhum bem material ou imaterial porque nada existe que possa se comparar. Liberdade é ter a escolha de amar e também outras escolhas e mudá-las se quiser, liberdade é bem me quer, é sacar as rolhas de vinhos que se estragaram presos por anos a fio, cheios de amargor. Liberdade é o sabor de cada instante, porque ser livre é ser amante: de si e da vida, que cobra um preço alto pra que você conquiste a tal soberana. No entanto, essa vida te engana, já que a liberdade é inerente ao ser humano, mas o dia a dia insano te faz esquecer disso.
A liberdade, ainda que tardia, ainda que pareça arredia, nos pertence em confiança, é como se a gente assinasse uma aliança com a alegria, é o maior bem que alguém pode ter.
Liberdade é carta de alforria e escravidão que sacia, liberdade é prazer.

Inserida por daliahewia

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