Era
Muitas vezes fui levado à oração pela irresistível convicção de que este era o único lugar para onde podia ir.
Tudo que eu queria te dizer era tudo que eu não posso mais te dizer, ou tudo que eu queria ouvir mais vezes, muito tempo antes de chegarmos a esse ponto de partida, minha partida, tão adiada partida
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
“Quem é você?”, perguntou a Lagarta.
Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: “Eu — eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento — pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.”
Era um amor platônico. Um morava na lua, o outro em qualquer lugar do espaço que fosse distante o bastante para não poderem se tocar. Trocavam olhares apaixonados, tremiam ao som da voz do outro, suspiravam em sonhos acordados. Anos sonhando com aquele que seria o encontro de suas vidas, mas que jamais aconteceu. Talvez tenham se perdido entre uma história e outra, mas sempre voltam a se olhar, de longe e com o mesmo desejo de sempre, porque têm a mesma alma, só nasceram em lugares diferentes.
Quando eu era adolescente, era muito inseguro. Eu era o tipo de cara que nunca se ajustou com algo porque ele nunca ousaria a escolher algo para si. Eu absolutamente não tinha talento. Para nada. E isso fez com que toda minha ambição fosse embora também
Já me matei faz muito tempo
Me matei quando o tempo era escasso
E o que havia entre o tempo e o espaço
Era o de sempre
Nunca mesmo o sempre passo
Morrer faz bem á vista e ao baço
Melhora o ritmo do pulso
E clareia a alma
Morrer de vez em quando
É a única coisa que me acalma
Era exatamente isso que eu queria para mim. Queria que as pessoas confiassem em mim, apesar de qualquer coisa que tivessem ouvido. E, mais do que isso, queria que me conhecessem. Não aquilo que pensavam saber a meu respeito. Mas eu de verdade.
Tinha a impressão de que toda a sua vida era uma espécie de sonho, e às vezes se perguntava de quem era aquele sonho, e se o dono do sonho estaria se divertindo.
Era mais fácil parar o tempo ou mudar as cores do arco-íris a entender seus pensamentos e tentar traduzir suas palavras. Já não perco mais tempo. Seu eu soubesse que seria hospedeira desse sentimento chamado amor eu fugiria dele, pois não há dor maior que te ver em meus pensamentos e sentir-te longe do meu coração.
Mas o sentimento que habita aqui, é ingênuo,paciente e acima de tudo incondicional, pois meu coração tem estrutura para aguentar seu despreso e suas agressões. Mesmo não te vendo eu consigo sentir teu ódio por mim, e infelizmente isso só aumenta meu amor por ti.
Talvez e teu desprezo me ensine que para amar uma pessoa não é preciso a retribuição mas sim as constantes lembranças.
Te amo sim, não posso mais enconder, porque minha mente pede, implora, chora e clameja mas meu coração nega,porque mesmo longe do teu o meu meu sabe que a tua forma de amar é incapaz de dar tal amor que o meu coração necessita e é por iosso mesmo que o seu é pequeno demais para sustentar tanto amor, tanto respeito e tanto companheirismo que o meu pode oferecer.
Espero que você possa encontrar alguém que te mostre o verdadeiro caminho do amor pois eu não posso mais. Porque já estou muito à sua frente.
Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados...
Não sei quem sou nem o que sou, pois o que pensava que era não é o que sou. Estou me desintoxicando do que era para ser o que sou. Não compreendo ainda quem sou, mas estou a procura de mim.
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Nota: Trecho do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa
Foi esperando quase nada que um quase tudo apareceu. Simples como um fim de tarde. No começo era medo, incerteza, insegurança surgindo como relâmpago no céu. Depois, uma sensação de pertencimento, de paz, de alegria por encontrar um sentimento desconhecido, mas que fazia bem. Não teve espumante, holofote, tapete vermelho. Foi simples como um fim de tarde. Algum frio na barriga, interrogações deslizando pelas mãos suadas, uma urgência em saber se aquilo era ou não pra ser. É que um dia alguém nos ensina que quando é pra ser a gente sente.
Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza.
Carta de Amor
Quando vejo como era minha vida sem você, não acredito que vivia.
Respirava, dormia, acordava, me nutria.
Hoje vejo que era só a parte física que era alimentada.
Eu estava morrendo e não sabia.
Você chegou como uma brisa fresca numa tarde quente de verão!
Entrou como quem não quer nada e tomou conta do meu coração.
Hoje faz parte da minha vida como se sempre lá estivesse.
Como era mesmo que eu vivia?
Só consigo me lembrar do agora. Do antes, não me lembro, não vivia!
E, pior, eu não sabia.
Hoje você existe dentro de mim.
Faz parte de minha pele, do meu cheiro, do meu coração.
E não há o que eu não pense que não venha impregnado de você.
Você existe e me espera.
Eu espero que a vida, um dia, nos dê a carta de alforria
e nos deixe viver esse grande amor!
Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas,
mas, como eu não era comunista, eu me calei.
Quando vieram atrás dos sindicalistas,
como eu não era sindicalista, eu me calei.
Quando prenderam os social-democratas, eu me calei;
eu não era social-democrata.
Quando prenderam os judeus,
eu me calei; eu não era judeu.
Quando vieram atrás de mim,
não havia mais ninguém para protestar.
Nota: Trecho de sermão do pastor alemão que posteriormente inspirou o texto atribuído a Bertolt Brecht.
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