Enquanto
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
Os dias e os meses passavam depressa enquanto eu cursava a escola normal. Havia uma pressa no tempo, como se a rotina puxasse os ponteiros para frente sem pedir licença. Quando percebi, já era época de provas finais — e que provas! Pareciam ter sido sopradas diretamente da cabeça do capeta. Uma mais difícil que a outra, exigindo não só conhecimento, mas nervos firmes e fé.
No último dia de prova, acordei mal. O corpo pesado, o estômago embrulhado, a cabeça latejando. Tudo em mim pedia cama, silêncio e descanso. Mas era o último dia. Faltar significava recuperação, e eu não queria, não podia. Levantei-me como quem se arrasta contra a própria vontade, vesti-me no automático e fui.
Naquele dia fiz três provas. Cada questão parecia sugar o pouco de energia que ainda me restava. Quando eu já enfrentava a última, tentando manter a letra firme no papel, a inspetora apareceu à porta da sala. Chamou a professora e as duas começaram a conversar em voz baixa, num cochicho que gelava o ambiente. De repente, da porta, ela ergueu a voz:
— Ana, falta muito para você terminar a sua prova?
Olhei para ela como quem encara um inquisidor. A sala inteira parecia prender a respiração comigo. Com a voz trêmula, respondi:
— Não, senhora… faltam três questões.
Ela assentiu, ainda da porta:
— Pois bem. Quando acabar, vá até a minha sala e leve suas coisas.
Um silêncio pesado caiu sobre a turma. Todos me olhavam com olhos de compaixão. Nós sabíamos — quando alguém era chamado daquele jeito, algo sério havia acontecido.
Terminei as três questões com cautela, respirando fundo, lutando contra o enjoo e o aperto no peito. Entreguei a prova, recolhi meu material e segui até a sala dela, exatamente como havia sido orientada. Bati à porta. Ela nem esperou que eu falasse.
— Ana, pode ir embora. Aconteceu algo na sua família. Como hoje é o último dia de prova, fique tranquila. Eu mesma ligo para avisar sobre o resultado.
Minhas pernas viraram bombas. Um zunido tomou conta da cabeça. O que tinha acontecido? Saí da escola sem sentir o chão. O ônibus demorou mais do que o habitual, e o motorista dirigia tão devagar que tive a impressão de que, se fosse correndo, chegaria antes. Na minha mente, só vinham pensamentos ruins. Ninguém nunca tinha ligado para a escola pedindo para eu ir embora.
Quando cheguei em casa, o portão estava aberto. Minhas tias estavam lá, meus primos também. Choravam. Choravam muito. Meu tio falava ao telefone, mencionando algo sobre uma van. A casa, que sempre fora abrigo, estava tomada por uma dor densa.
Minha mãe veio da cozinha, caminhou até mim e disse, com a voz quebrada, a notícia que eu não queria ouvir:
— O vovô Jorge faleceu.
Na mesma hora, um filme começou a passar na minha cabeça. Lembrei-me do avô maravilhoso que ele era. Aquele avô garotão, pra frente, que ria alto, contava histórias e bebia uma cervejinha com os netos como se fosse um deles. A minha memória fez uma retrospectiva apressada dos nossos melhores momentos, e eu me recusei a aceitar que ele tinha ido, que nunca mais nos veríamos.
Meu Jorge.
Meu Jorge Amado.
Ele tinha partido — e, com ele, uma parte inteira da minha infância também se despedia.
Você observa o quão o grupo pedinte vai crescendo, enquanto que, nas cadeias televisivas informativas, o que mais se assiste são os discursos adornados.
ENQUANTO HOUVER FÉ, SEMPRE HAVERÁ ESPERANÇA
Se soubessemos usar a nossa fé e acreditar no impossível, confiaríamos no que não vemos mantendo a esperança de que tudo pode acontecer. Na fé encontramos esperança, confiança e propósitos que nos guiam e nos fortalece para enfrentar os desafios e a certeza de que nunca estaremos sozinhos. Ela faz com que possamos acreditar, confiar e crer no impossível, a viver de maneira que agrada a Deus realizando as boas novas. Ela é também um meio de encontrarmos a presença de Deus, que nos oferece paz, refúgio, conforto e renovação. Na fé descobrimos que mesmo em situações difíceis há sempre uma razão para acreditar no impossível. Ela transforma fragilidade em força, tristeza em alegria, ódio em amor e fazer com que possamos vencer qualquer batalha. Temos que acredita que podemos ir além do que imaginamos, e não se sentir derrotado antes da batalha. Ter fé é crer que tudo é possível quando se tem esperança, permitir que Cristo faça morada em nosso coração para que bençãos recaíam em nossas vida. Pois tudo que plantamos, seja através de gestos, palavras ou pensamentos, iremos colher, e isto é inevitável, mesmo que demore dias, meses ou anos, mas as consequências chegaram. Portanto tenta fé, plante bondade, amor, respeito, e gratidão. No final seremos recompensados da mesma forma, pois somos nós que escolhemos o caminho.
Posso parecer e por vezes sou, um amontoado de estilhaços, contudo, enquanto percorro a estrada tortuosa, recolho cada caco, cada fragmento que deixei cair, colando-os aos poucos até me refazer. Sei que a inteireza plena talvez não mais me pertença, mas nada do que um dia foi meu ficará pelo caminho.
Enquanto alguns fabricam deuses que precisam ser levados, o meu Deus é o Criador e é Ele quem me leva nos braços.
Enquanto o mundo vocifera a exigência de força, a Fé sussurra a coragem paradoxal de se render ao pedido de ajuda.
O maior cárcere é a mente que insiste em viver no passado, enquanto o corpo é forçado a habitar o presente.
A beleza do amanhã mora nas tarefas invisíveis de hoje. Enquanto espero milagre, faço as coisas pequenas com exatidão. Lavo pratos, escrevo bilhetes, rego vasos sem testemunhas. Pequenos atos acumulam-se e, sem barulho, erguem futuro. E o amanhã, quando chega, parece menos miragem e mais casa.
Enquanto a razão grita as impossibilidades e a lógica nos aprisiona no medo do fracasso, a voz da fé sussurra uma promessa de que somos mais que vencedores em Cristo. O coração encontra sua paz verdadeira ao escolher render-se ao conhecimento de que existe um Deus que cuida de cada detalhe, desde o fio de cabelo que cai até a tempestade que se levanta, nada escapa ao Seu olhar amoroso. Eu me recuso a olhar para as circunstâncias que me cercam, pois a minha esperança está firmada na palavra que não falha e na promessa que se cumprirá no tempo exato, pois Ele é fiel para realizar o que prometeu.
A dor só é insuportável enquanto a gente se recusa a nomeá-la, o reconhecimento é o primeiro passo para a anestesia.
A vida é breve, o tempo é frio, implacável e cruel, se tiver que fazer algo bom, faça enquanto há tempo, porque chegará um tempo, que não haverá mais tempo.
Mais uma vez, sinto-me sozinho
Nesta rua,
Contemplando a lua,
Enquanto a solidão, em meu peito, flutua.
Tudo o que vejo é escuridão,
Já não sinto as minhas mãos,
Meu olhar se perde ao longe,
E meus passos vagam sem direção.
Minha alma afundou-se num mar de saudades,
Oh, meu amor, liberta-me desta tortura!
Minha alma deseja entrelaçar-se à tua,
Por favor, não me negues esta doçura.
Por mais que não te veja, te almejo.
Por mais que não te toque, te desejo.
És o sonho que vive em meu peito,
A lembrança que nunca rejeito.
Possuímos ouvidos que captam o mundo e alma que sente o invisível; mas enquanto o som físico é imposição, o som sagrado é convite: só quem acredita desperta os sensores para ouvir o que o silêncio tem a dizer
O fingimento cansa a alma em silêncio.
Sorrir por fora enquanto dói por dentro pesa.
Ser verdadeiro é um alívio necessário.
Nem sempre é fácil mostrar fragilidade.
Mas a verdade liberta e fortalece.
De nada valerá a justiça dos homens enquanto existir inconscientes para defender infratores, e de nada valerá nem uma escritura divina enquanto houver homens para absolver pecadores.
Enquanto Jesus é o leão da tribo de Judá e se fez como ovelha, tem muitos ratos se fazendo de leão e ainda tem quem permita isso...
