Enfrento tudo

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Belo belo II

Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M.Berimbau e Outros Poemas, Nova Fronteira, Rio de Janeiro

Gentileza

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta

Sabe, você sempre tenta fazer tudo sair perfeito na arte, porque na vida real é mais difícil.

É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!

E se tudo tivesse dado certo desde o começo? Será que você conheceria as mesmas pessoas e passaria pelas mesmas risadas? As coisas dão erradas por um motivo.

Tenho feito descobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez.

Fernando Sabino
Lispector, Clarice. Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta endereçada a Clarice Lispector, de 10 de junho de 1946.

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Tudo é possível debaixo do sol, – e a mesma coisa sucederá acima dele, – Deus sabe.

Machado de Assis
Memorial de Aires (1908).

Quantas vezes fingiu que estava tudo bem pra não tirar aquele belo sorriso do rosto da sua amiga?

Eternidade: pois tudo o que é nunca começou.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Deus diz: Calma eu estou contigo, não se desespere, tudo dará certo.

E se você vem, fica tudo maior, mais amplo... Sei lá... Mas é como se eu existisse dum jeito mais completo...

Amanhecimento


De tanta noite que dormi contigo
no sono acordado dos amores
de tudo que desembocamos em amanhecimento
a aurora acabou por virar processo.
Mesmo agora
quando nossos poentes se acumulam
quando nossos destinos se torturam
no acaso ocaso das escolhas
as ternas folhas roçam
a dura parede.
nossa sede se esconde
atrás do tronco da árvore
e geme muda de modo a
só nós ouvirmos.
Vai assim seguindo o desfile das tentativas de nãos
o pio de todas as asneiras
todas as besteiras se acumulam em vão ao pé da montanha
para um dia partirem em revoada.
Ainda que nos anoiteça
tem manhã nessa invernada
Violões, canções, invenções de alvorada...
Ninguém repara,
nossa noite está acostumada.

A liberdade é o direito de fazer tudo quanto as leis permitem: e, se um cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, não teria mais liberdade porque os outros teriam idêntico poder

Quando não se pode fazer tudo o que se deve, deve-se fazer tudo o que se pode

VOCÊ SABE OU VOCÊ SENTE?

Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos.

Sobretudo falam do comportamento. E falam porque supõem saber. Mas não sabem. Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.

Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu, ou a mãe já ferida por tal amputação de vida. Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor. As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.

Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele. Isso é masoquismo. Significa perceber o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou.

Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo? Só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância.

Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos. Isso é ser infeliz. Sentir os muitos sentimentos do mundo é abrir-se a qualquer forma de sentimento. É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos, os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores,
os santos.

Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo. Espere florescer a árvore do próprio sentimento. Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando. A verdade é que só sabemos o que já sentimos. Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas saber jamais. Só se sabe aquilo que já se sentiu.

Artur da Távola
Alguém que já não fui: crônicas

Ainda que eu conseguisse dizer as mais belas palavras, ou te oferecer tudo o que há de melhor neste mundo, eu não conseguiria expressar toda a gratidão que tenho a você.

Tudo aquilo que você evitou pensar ao dia, simplesmente aparecem na hora que você deita para dormir. E você não consegue ignorar.

Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

"O amor é tudo que temos,
o único caminho pelo qual
um pode ajudar o outro..."

Estranhei tudo. E, por me estranhar, vi-me por um instante como sou. Gostei ou não? Simplesmente aceitei.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O grupo.

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