Eco
O oco
É o eco
Que matamos.
É o sufoco,
É o beco
Onde caímos.
É o silêncio triste
De um canoro harmonioso.
E eu
Indiferente à sonolência da língua
Ouço o eco do amor há muito soterrado
Encosto a cabeça na luz e tudo esqueço
No interior desta ânfora alucinada
Desço com a lentidão ruiva das feras
Ao nervo onde a boca procura o sul
E os lugares dantes povoados
Ah meu amigo
Demoraste tanto a voltar dessa viagem
O mar subiu ao degrau das manhãs idosas
Inundou o corpo quebrado pela serena desilusão
Assim me habituei a morrer sem ti
Com uma esferográfica cravada no coração
Grito Mudo
O som do próprio calar eco a lugares que se teme conhecer.
E fica-se imóvel aqui, sem saber dizer nada, sem pedir clemência ao abandono.
Então, por fim criou-se um lugar, onde fosse aresto para depositar em leito o que os receios dos homens deixam de viver, confundindo-os uns aos outros sem temer sobreviver.
O estranhar do mundo já não procrastina o que não se vive, e suplica um retorno do que não se pode ter, negando-os a cada palavra em socorro de consertar o que foi dito.
E uma vez mais carrega-se a história sem um fim, na espera de encontrar no caminho a chave que possa libertar o grito mudo do desmentido.
A paz e o silêncio da consciência, fazem o mais gostoso barulho, o puro eco só dos seus pensamentos.
Abrir um livro é deixar chegar ao seu ouvido o eco de algum coração, a sabedoria de alguma alma que eternizou nas palavras a intensidade de um momento que viveu...
“O eco emitido pela pirâmide Maia Kulkucán em Chichen Itzá é sensacional, ao bater as mãos em um determinada posição, o seu som se reflete em toda sua extensão. Penso e reflito como a tantos anos isso foi possível ser realizado, será que foram os Deuses astronautas. "
Simples são as pessoas que amam. Tanta complexidade em nós revela tão somente o eco do grande vazio que nos causa a falta de amor.
Negritude
Ouço o eco gemendo,
Os gritos de dor,
Dos navios negreiros.
Ouço o meu irmão,
Agonizando a fala,
Lamentando a carne
Pisada,
Massacrada,
Corrompida.
Sinto a dor humilhante,
Do pudor sequestrado,
Do brio sem arbítrio,
Ao longe atirado,
Morto e engavetado,
Na distância do tempo.
Dói-me a dor do negro,
Nas patas do cavalo,
Dói-me a dor dos cavalos.
Arde-me o sexo ultrajado
Da negra cativa,
Usada no tronco,
Quebrada e inservida,
Sem prazer de sentir,
Sem desejos de vida,
Sem sorrisos de amor,
Sem carícias sentidas,
Nos seus catorze anos de terra.
Dói-me o feto imposto ao negro útero virgem.
Dói-me a falta de registro,
do negro nunca visto
Além das senzalas,
No comer no cocho,
No comer do nada.
Sangra-me o corte na pele,
Em abertas feridas,
De dores doídas,
No estalo da chibata.
Dói-me o nu do negrinho
Indefeso escravozinho,
Sem saber de razões.
Dói-me o olho esbugalhado,
No rosto suado,
No medo cravado,
No peito do menino.
Dói-me tudo e sobre tudo,
O imporque do fato.
Meus pêsames sinceros à mentira
multicolor da princesa Isabel.
Mas contudo,
Além de tudo
E muito mais por tudo,
Restou-me invulnerável,
Um imutável bem:
Ultrajadas as raízes,
Negados os direitos,
Ninguém roubou-me o lacre da pele.
Nenhum senhor. Ninguém!
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