E o Tempo da Travessia e se Nao Ousamos Faze-La

A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes.

Não é livre o homem que não se governa a si mesmo; a liberdade existe na proporção do autodomínio equilibrado.

Todos os negócios que me propõem são maus, porque se fossem bons não mos propunham.

Não são os homens a dominar a sorte, mas a sorte a dominar os homens.

Se duvidamos do coração da mulher, não temos ocasião para classificar o seu rosto.

O conhecimento da vida é como a areia: não suja.

Às vezes acontece sentirmo-nos felizes por um minuto. Não se deixem levar pelo pânico: é uma questão de segundos e depois passa.

Um povo de ateus não poderia subsistir.

O talento não é um direito, é uma obrigação.

Disse algum mal de ti? Não o digas tu dele, quanto mais não seja para que a ele não te assemelhes, imitando-o.

Não procures proveitos desonestos, os proveitos desonestos são perdas.

O que é persuasivo é o caráter de quem fala e não a sua linguagem.

O coração não tem rugas.

A experiência que não dói pouco aproveita.

Se nos é impossível permanecermos puros, não tentemos ser artistas.

Somente a curiosidade não envelhece conosco e fica sempre criança.

Aqui não andam só os vivos - andam também os mortos. A humanidade é povoada pelos que se agitam numa existência transitória e baça, e pelos outros que se impõem como se estivessem vivos. Tudo está ligado e confundido. Sobre as casas há outra edificação, e uma trave ideal que o caruncho rói une todas as construções vulgares. Debalde todos os dias repelimos os mortos - todos os dias os mortos se misturam à nossa vida. E não nos largam..

Numa situação intensa não sabemos que dizer. Para isso é que há o formalismo do silêncio, traduzido num abraço de emoção ou nos «sentidos pêsames» sem emoção nenhuma.

Não há gênero algum de preguiça pela qual sejamos tão facilmente seduzidos como aquela que é dignificada pela aparência de ser um negócio.

Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?